Volkon (Guerreiros Starianos Vol. 1) romance Capítulo 22

— Não deveria agir dessa forma. — Galak soltou altivo, estando diante a solidão de seu irmão, longe da presença de Elaine. O império do Lorde era o centro do complexo montanhoso, onde Galak se sentia seguro para soltar seu ponto de vista, sem afetar ninguém ao seu redor.

— Desejava ser o primeiro, irmão. O que foi o que mudou? — rebateu Gael em passos firmes, a porta central se fechou e o Impérius de armadura negra com adornos dourado olhou para trás, e mirou sua semelhança. — Não me venha com rompantes orgulhosos, já me basta um maldito Paladimus comprometendo todo o futuro de Starian!

— É uma humana! — gesticulou Galak — Ela tem minha admiração e respeito e sim, eu desejava ser o primeiro. Mas está visivelmente tocada, e você está se aproveitando do seu momento de fraqueza para convertê-la ao seu propósito!

— Nosso propósito! O propósito de todos! — Gael elevou a voz.

— Talvez, com o conselho dos grandes e uma visão mais ampla, possa ver a situação de outra forma. — o general ainda insistiu.

— Cuidado com seus desejos, irmão. Para quem sobrepõe sentimentos de respeito à humana, o conselho deseja ver o ventre da terráquea ocupado, e já o questionam se já não deveria ter acontecido. Se Volkon não cumpriu um propósito, saiba que há milhares de Starianos dispostos. A maioria sem admiração e respeito, apenas com vontade de ter uma fêmea para si! — Gael o olhava duro — Entenda que Volkon ao não cumprir o propósito e repelir a fêmea, ele foi contra todos os conceitos de Starian. Posso convencer o conselho a não matar a criatura, mas será inevitável retirar o vínculo, e eu sou o único que pode fazer isso. Deseja mesmo, irmão, que eu toque na cabeça de seu amigo? Deseja mesmo que a humana seja entregue a um frio Stariano disposto?

O Hall de acesso ao trono do planeta Starian era um campo de lustres brilhosos, em torno de entalhes dourados e vermelhos. Exalava luxo, poder e limpeza. Exalava a mesma frieza que Gael tinha nos olhos ao olhar para o irmão, não que ele fosse frio de sentimentos, mas estavam perto demais de ter um real resultado para deixar um império cair por conta de um orgulho azul. Não, o orgulho do Paladimus não valia tanto.

— Não. — respondeu Galak, contido.

— Agora, saia. E faça o seu melhor, Galak. — O general concordou, se curvou diante o irmão e lhe deu as costas, já que entendeu que ali era o fim de sua fatídica conversa. No entanto, em alguns meros passos, foi parado pela voz do irmão que ainda tinha o último aviso. — Adiantarei a cerimônia de execução. Korbius será morto por suas mãos. — Galak parou de andar, olhou para trás e tentou entender o que se passava na cabeça de Gael, pois aquilo iria ferir o orgulho de qualquer um. Volkon desejava arrancar a cabeça de Korbius, mais do que qualquer Stariano. — Não me olhe dessa forma, irmão. O fato de salvar o capitão das minhas mãos não significa que o livrarei das consequências.

(...)

— Volkon, liberte o goma. — pediu Darius, seu vigia.

— Vem pegar.

Uma vez que Elaine se encontrou na solidão de seu quarto a coitada se descuidou por um breve momento de seu bicho de estimação e fiel amigo, Dionísio. Aproveitando-se da comoção de Áries ao ver o amigo se acabando naquele estado ele solicitou a companhia do animal, alegando que o mesmo estava abandonado no quarto. Áries sabia que Volkon usaria aquilo a seu favor, mas pegou o bicho, seu pote e o pacote de musgo e colocou na cela do azulado.

Volkon sangrava menos, tinha as feridas do rosto estancadas e não tentou passar pela contenção da cela. Ele sabia que Elaine gostava do animal inútil, sentia uma gana horrível de vê-la e usaria o animal como desculpa. Sim, ele estava fazendo birra e bateria a merda do pé mesmo que levasse uma surra de Galak. Ele estava disposto, muito mais do que podia admitir.

— Todo mundo sabe que não gosta do goma. — rebateu Darius — Ele pertence a humana.

— Vem pegar. — desafiou o azul, enquanto Dionísio encontrava-se tranquilo no centro da cela, deitado e de barriga cheia.

O chão era branco, tinha marcas do sangue negro do azulado e cheirava a suas dores, mas o goma estava bem. Volkon sabia que logo ele começaria a gemer procurando por um ralo onde ele tinha o costume de fazer suas necessidades, mas para a desgraça do goma, celas não possuem ralos, possuem sistema de sucção.

— Hora do banho, grandão. — respondeu Darius, sem muito o que fazer.

O campo de contenção em volta do quadrado se tornou uma proteção rígida, Volkon se afastou e puxou a camisa rasgada. Darius resolveu virar de costas, não estava a fim de ver o Paladimus nu e ouviu o homem se desfazer das suas roupas. Do teto, na extensão do metro quadrado, havia pequenos segmentos semelhantes a buracos que soltaram imediatamente o vapor quente, junto alguns chamuscados de água morna. O processo molhou o capitão azul, esquentou seu corpo e fez o mesmo com o goma que Volkon se admirou ao ver o animal rolando até ficar de barriga para cima, como se gostasse do banho. A água invadiu o chão e no centro um pequeno círculo surgiu sugando qualquer vestígio úmido. A sujeira do sangue seco em seu corpo foi limpa, desceu por sua estrutura e tomava o mesmo caminho de toda a água até a sucção central, logo o procedimento acabou, um alarme soou e o vapor foi sugado. Volkon ficou nu, ao lado da roupa molhada em seus pés. O sensor localizou as roupas do Paladimus, as sugou como um processo de abdução e do mesmo lugar de onde as roupas sumiram, foram deixadas uma troca limpa. E Darius só voltou a virar quando Volkon resmungou em resposta.

— Agora devolve o goma. — pediu o Goldarx.

— Não, o processo molhou a comida dele e se ela não quiser que ele passe fome, mande trazer mais musgo. — Volkon deitou no chão, sentiu os cabelos úmidos e olhou para o teto ignorando Darius. Quando menos esperou, recebeu a visão do rosto amassado de Dionísio como se o goma estivesse penalizado com sua situação, e viu a língua áspera do animal lamber sua testa. — Sai. — rosnou, mas o animal não obedeceu e passou a lamber insistentemente o rosto do azulado, até que o mesmo se irritou, pegou o animal pelas escamas do pescoço e se sentou, elevando a criatura no ar.

— Solte ele! — Volkon obedeceu o comando tão rápido quanto seus ouvidos foram capazes de captar a ordem, fazendo o goma cair e reclamar com o baque, olhou para o lado e quase não conseguiu respirar ao ouvir a dona da voz lhe dando ordens com certo desgosto. — Devolve o Dionísio!

Elaine usava um par de tênis baixo, uma jardineira larga e no peito de sua camisa a faixa “eu amo aliens”, estava claramente estampada. Ela nunca se parecia com a mulher laboratorial que se fazia, sempre tinha um “Q” de errado na humana na visão de Volkon, e esse “Q” era exatamente o que o prendia nela. Não, não era o vínculo, ele se sentia tão preso e surpreso em vê-la, que até lhe doía.

— Vem pegar. — rosnou, torcendo pra que isso a fizesse se aproximar o suficiente para ele colocar as mãos nela, e ele precisava colocar suas mãos nela.

O azulado se apoiou nos joelhos, não saiu do centro da cela e viu a mulher lhe olhar do outro lado do campo de contenção, havia ferimentos em seu braço, peito e rosto, mas logo eles fechariam e sua pele se tornaria o azul rígido de sempre. Elaine o olhava mexida, compadecida e até… tentada. Áries e Darius estavam de um lado da sala de observação, mas na porta, estava Galak e o general sabia o que Volkon estava fazendo. Era um predador, tentando marcar seu território de volta.

— Devolve o Dionísio! — gritou Elaine, enfurecida — Você nunca gostou dele! Você o deia! Você não é mais o pai dele!

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