— Você não se importa… Nunca sequer ouviu uma palavra de tudo o que te falei até aqui. Ao contrário, você odeia meus barulhos. — a verdadeira realidade, lhe doía.
Um barulho muito semelhante às vibrações digitais foi acionado, ela viu a nanotecnologia se mover na parede e percebeu que o cômodo era uma contenção sonora, que funcionava à base de ruídos e sons. Iam atacar Volkon, se precisassem, apenas com o barulho contido no ar. Isso a fez perceber o quanto ela estava torturando ele, apenas porque não fez o essencial; conversar. Elaine virou para trás, olhou as algema apertando o pulso no azulado, o braço enfaixado e subiu as lupas grandes dos óculos garrafais para mirar o rosto do gigante azul.
Volkon tinha os fios do cabelo soltos passando pela beirada de seus olhos e contornando as feições duras do rosto. O olho era escuro, castanho, e o olhar de um espécime sério. Havia semelhanças humanas, mas os humanos que conheceu estavam longe de ter a selvageria bonita que ele tinha. Eram traços diferentes, mas que a deixava apaixonada. Naquele momento ela ousou até mesmo pensar em Galak. Ele é um espécime bonito e com uma beleza peculiar, até mais bonito que Volkon, mas não tinha certeza se iria conseguir se entregar para o Stariano como fez com o Paladimus.
— Odiar seus barulhos, não significa que não a ouço. Há uma diferença entre ter gostos diferentes e ser um imbecil. — ditou, sério e a olhando enquanto ela piscava e pensava a respeito.
— Te falei tantas coisas…
— Arrisque. — ordenou, desafiando-a.
— Não estudou sobre os humanos, o que eu te falei a respeito disso? — ela cruzou os braços e o olhou desafiadora.
— Que seria o meu exemplo. — respondeu, ainda sem mover suas feições ou demonstrar gostar do jogo proposto. Um teste para sua pessoa.
— Hum… — Ela arqueou uma sobrancelha e continuou. — Quantos irmãos eu tenho?
— Nenhum. A humana é cria única.
— Qual o nome da minha ex melhor amiga.
— Kelly.
— Minha comida preferida?
— Frango. E é por isso que você come moluscos verdes que nem uma praga sem fim, porque tem gosto de frango da Terra.
Elaine olhou em seus olhos, notou as mesmas feições endurecidas e sem emoção e se sentiu, de certa forma, um tanto boba. Ela se lembra de ter dito a Volkon sobre Kelly, num momento aleatório enquanto ela trabalhava no laboratório e ele vigiava os acessos. Naquele dia não fizeram sexo no trabalho, ele apenas rosnava para ela e ela tagarelava o dia todo, fingindo que era escutada. No fim, ela era realmente escutada.
— E minha cor preferida? — ela afinou os olhos, achando que ainda ia pegar ele em algum deslize.
— Azul. — respondeu, movendo suas íris para mirar suas lentes grandes, mostrando uma boa dose de orgulho na resposta, fazendo Elaine engolir em seco e corar.
— Você só respondeu perguntas fáceis! — ela fez um beicinho e ele continuou sem demonstrar reações. — Tá, qual minha posição preferida?
— Qualquer uma que te permita olhar pra mim. — ele a mirou, deixou a sombra de um sorriso ladino apontar na beirada do rosto e fez Elaine engolir em seco.
Ela mordeu os lábios por dentro, moveu o pé e juntou as mãos, num modo demonstrando estar com vergonha e sem graça. No entanto, havia muitos pontos para colocar no lugar.
— Essa deve ser a maior conversa que já tivemos… — concluiu pensativa — É que na maioria das vezes terminamos transando, não é?. — Ela sorriu, olhou para ele e o viu mover o maxilar, baixando o braço e deixando os pulsos presos na frente das calças. Ele estava duro. — “Ain” querido, alguém pode ver a gente… — ela se moveu, esticou as mãos para tocar no abdômen de gomos grandes e recolheu a mão no mesmo instante, antes mesmo de chegar a tocá-lo. — Você está agindo assim só por causa do seu instinto? Nesse caso, se tentarmos alguma coisa, ainda vai estar me odiando.
Volkon abriu a boca, disposto a repetir seu pedido de perdão. Ele os citou, mas ela não lhe ouviu durante o episódio na cela. Como sempre, a atenção de Elaine voa para vários lados, menos para o óbvio. Mas, antes que pudesse soltar uma palavra sequer, ele levantou os olhos, viu as vibrações da parede ondular e sentiu seus instintos acionar um alerta. Elaine olhou ao redor, deu um passo para trás e, por proteção, Volkon levantou os braços, passou-os por cima dos ombros da humana pequena e a puxou para si a fazendo olhar para cima.
— O que está fazendo? — perguntou com cuidado, sem repelir o toque do azulado.
Antes mesmo que alguém pudesse sugerir ou pensar em algo, Volkon virou-se, deu as costas ao lado oposto da parede e guardou Elaine com seu corpo, enquanto a tecnologia se transformava em estilhaços ao seu redor e a parede do lado oposto foi quebrada de forma grotesca. Os estilhaços da explosão cortou o ar, fez Elaine se assustar, colocar a mão nos ouvidos e sentiu que Volkon recebeu a pancada em suas costas quando estes foram tacados contra a outra parede, sentindo o calor da explosão os alcançar. Como uma medida protetiva, o azulado fechou o corpo envolta da humana pequena e enquanto eles eram arremessados para fora da sala de comunicação, Elaine sentia o baque contra os músculos rígidos, enquanto Volkon gemia com a pressão do corpo contra o chão. A torre onde se encontrava os Starianos do conselho, o lorde, o general e alguns capitães, já estavam em alerta, todos na linha de frente, protegendo o principal; Gael. Agora, tinham outras prioridades junto ao lorde, pois a humana também era importante.
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