Não é uma grande surpresa que o lugar sobre o qual Evie falou seja o shopping. A surpresa, na verdade, é ter Judith nos acompanhando, enquanto Abigail fica em casa cuidando de Maisy. Ela concluiu que se era por uma boa causa, ou seja, a reformulação total do meu jeito de me vestir no trabalho, não havia problema algum em eu me ausentar.
Isso me faz perceber que a única vez em que me vesti com o mínimo de capricho foi no dia da entrevista. Depois disso, foi só ladeira abaixo.
Nós entramos e saímos de dezenas de lojas, procurando por aquilo que Judith e Evie consideram mais adequado ao meu novo cargo. Após algum tempo, percebo, admirada, que até que estou gostando. Do passeio e da companhia. Judith é alegre e extrovertida, e também muito observadora. E Evie, bom, Evie é ela mesma, a pestinha mais atrevida que já vi em toda a minha vida.
Quando paramos na praça de alimentação para um lanche rápido, nós três pedimos hambúrgueres que devoramos em segundos. Depois disso, compramos casquinhas para comer enquanto continuamos a tarde de compras das meninas.
- Judith, você sabe se o Sr Lancaster já tomou alguma providência sobre o estranho perto da casa? - eu pergunto, curiosa.
Seus olhos castanho escuros se arregalam. Eu fico com pena e me arrependo de ter levantado o assunto. A tarde está agradável demais para desperdiçá-la com uma bobagem dessa. Da minha parte, eu acho que houve alarde demais por uma coisa mínima. Agora com a cabeça fria, consigo enxergar claramente isso.
- Sim. Parece que teremos um novo segurança e não vai ser qualquer um - esclarece em voz baixa para que Evie, um pouquinho a nossa frente, não nos ouça. Por ordem direta do Sr Lancaster ficamos proibidos de comentar esse assunto na frente das crianças, o que me parece até razoável.
- Como assim "não vai ser qualquer um"?
Ela dá de ombros, dando sua última mordida na casquinha de sorvete antes de se limpar com o guardanapo.
- Alguém das forças armadas. Um ex fuzileiro, sei lá. Que sujeira eu fiz, santa madre!
- Você está brincando, né? - eu olho para ela, com um sorriso incrédulo.
Judith me olha de volta, ainda mais perplexa do que eu.
- Não, menina. Por díos. O patrão ficou louco quando recebeu o seu recado. Meg, minha amiga, é a sua secretária. Foi ela mesma quem me indicou para trabalhar na mansão - revela, abaixando a voz quando percebe que Evie está nos olhando. - Disse que ele ficou transtornado. Saiu da reunião e voou para casa como um furacão.
Eu franzo a testa. Max Lancaster não me parece o tipo de homem que se preocupa sem um bom motivo. Nem que abandona uma reunião por uma ameaça de invasão que não deu em nada. Tudo isso é muito estranho.
- E você acha que é para tanto? Quer dizer, não deve ser nada grave - eu digo, abrindo minha bolsa para verificar uma ligação perdida no celular. É Mallory. Ela já ligou umas trinta vezes hoje, até para comentar sobre o clima. Mas o motivo principal é que ela quer que eu vá a uma festa no final da semana. Acha que estou perdendo meu tempo com esse emprego.
- Um homem estranho rondando os muros da casa? - Judith levanta as sobrancelhas - Ouça, uma vez tivemos uma tentativa de invasão. Não aconteceu nada, ninguém se machucou, nada foi roubado. Mas o patrão ficou muito preocupado. Instalou câmeras de segurança por toda parte e contratou a equipe de segurança que temos agora.
- Eu não sabia - digo, surpresa. - Isso foi há quanto tempo?
- Há cerca de um ano ou menos. A verdade é que é um casarão e chama muita atenção. Mas a vizinhança costumava ser tranquila. Bom, você sabe, as coisas mudam - ela dá de ombros. - Hoje o perigo está por toda a parte.
- Olha isso, eu achei a loja perfeita para a Chloe! - Evie grita, apontando uma loja enorme e de aparência cara, mais adiante. Meus olhos quase sangram enquanto eu observo os manequins nas vitrines. Ah merda, meu salário não vai ser suficiente nem para passar na porta.
Judith e eu nos entreolhamos. Ela sorri, condescendente, enquanto acaricia o cabelo da menina.
- Ah, vamos só olhar, Chloezita! - ela pede, batendo seus cílios escuros docemente.
Eu dou de ombros, suspirando. Certo, não custa nada olhar. Mesmo que eu não vá comprar absolutamente nada.
Animada por ter conseguido o que queria, Evie segue saltitando para o interior da loja, conosco em seu encalço.
**
Judith estava certa. Quando chegamos a mansão, um pouco depois de anoitecer, um rosto diferente nos aguarda no portão de entrada.
O homem não deve ter mais do que trinta anos. É negro, bastante musculoso, perto de um e oitenta de altura. Os cabelos escuros foram cortados bem curtos no estilo militar, o que me faz lembrar da afirmação de Judith sobre ele ter pertencido as forças armadas.
O novo segurança nos examina com olhos afiados, quando Javier se aproxima do portão com o carro.
- Estamos autorizados - o marido de Judith avisa pela janela da frente, e o homem assente em silêncio, autorizando nossa passagem com um único gesto para o porteiro.
- Credo, vai ser sempre assim? - Judith reclama, apertando a bochecha de Evie, que revira os olhos sentada entre nós duas no banco de trás. Caramba, como ela mima essa menina! Às vezes, eu acho que nem percebe o que está fazendo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Babá Perfeita
Amei a história! Vale a pena a leitura! Pena que não achei a continuação!...
Parabéns @RebecaSantiago! Além de um ótimo enredo, escreve muito bem e tem um português muito bom, o que torna a leitura melhor ainda. Depois deste, vou ler seus outros romances. Vc é admirável. Virei fã....
Ameiiiiiiii❤️❤️❤️❤️❤️❤️🥰...
Qual é a plataforma que está o seu livro: A ESPOSA PERFEITA??...
tirando o uso desnecessário de tantos palavrões é uma ótima historia...
Muito bom estou curtindo muito esta historia <3...