A Babá Perfeita romance Capítulo 13

Max Lancaster me encara do outro lado da porta. Seu semblante não é nada bom. Permanece impaciente, mau humorado, o rosto de um homem que se acostumou a ter o mundo aos seus pés. Ou pior, a não dar satisfações dos seus atos a ninguém.

Parece bastante contrariado, no entanto, sua expressão suaviza pouco a pouco enquanto encara meus olhos chorosos. Eu devo estar mesmo um caco porque ele entra e fecha a porta do quarto, o cenho franzido, os olhos sobre mim com uma certa ansiedade.

- O que você quer? - pergunto, cruzando os braços em postura defensiva. Estou brava e não tenho vergonha nenhuma de demonstrar isso.

- Eu vim pedir desculpas - ele diz sem rodeios, me pegando de surpresa. - Eu não fui gentil com você agora a pouco no meu escritório. Não estava errado, mas poderia ter dito aquilo outra maneira.

Eu olho para ele, chocada. Mal posso acreditar em quanta estupidez é capaz de sair de uma boca tão atraente.

- É desse jeito que você pede desculpas, Sr Lancaster? Afinal, veio aqui se desculpar ou só para reforçar as coisas que disse antes?

- As duas coisas.

O meu rosto pega fogo. Ele deve perceber, porque revira os olhos, os punhos cerrados ao lado do corpo, e emite um longo suspiro irritado.

- Vim para me desculpar- se corrige, com uma olhada firme que me faz estremecer dos pés a cabeça. - E pedir que fique. As crianças gostam de você.

- E será que isso é motivo suficiente? - eu levanto uma sobrancelha, com um olhar enviesado, pegando ele se surpresa  - Você pode encontrar outra pessoa. Uma que se adeque as suas regras de como uma boa babá deve ser. Uma da qual você goste.

- Eu gosto de você - ele diz, rapidamente, parecendo se arrepender em seguida.

Eu levanto as sobrancelhas, sentindo meu coração bater tão forte que é capaz de abrir um buraco no peito e sair voando.

- Você?

Ele me encara sério.

- Sim - suspira, revirando os olhos.

- Não parece- balanço a cabeça, torcendo a minha boca com um falso desprezo. - Você já deixou claro que me acha intrometida, tagarela e desaforada. Até acabou de me demitir por isso.

Max ri, enfiando as mãos nos bolsos da calça e parecendo muito mais jovem agora. Jovem e quase feliz.

- Sim, você é mesmo tudo isso. Ainda assim só fez o bem às minhas filhas desde que chegou. Sei que você tem boas intenções, mas desista dessa sua jornada de salvação - pede com uma profundidade no olhar que me deixa balançada. - As coisas têm motivos para ser como são, Chloe. Um bom motivo.

- Qual?

- Deixe tudo do jeito que está - ele reitera, fugindo da minha pergunta. - Algumas coisas devem permanecer enterradas. É melhor assim.

- As crianças eram muito ligadas a mãe, não é? - murmuro com uma mistura de curiosidade e compaixão me corroendo. Pouco se fala da Sra Lancaster na mansão. Tudo o que sei são pontas soltas que não formam sequer uma imagem borrada.

- Evie, especialmente - ele confirma com o olhar distante e a voz pesarosa. - Ela sofreu muito quando Liv se foi.

Isso eu já podia imaginar. Ela é a mais velha, teve maior conivência com a Sra Lancaster. Além disso, seu comportamento denuncia claramente a saudade que sente. No entanto, ouvir isso da boca de Max abre um buraco no meu coração. A saudade que sinto da minha própria mãe ainda se faz tão presente que, às vezes, se torna insuportável.

- Eu lamento. Não deve ter sido fácil para você também - digo em voz baixa.

- Nunca é.

Eu respiro fundo e me aproximo alguns passos, olhando dentro dos seus olhos. Em vez de se mover, ele só assiste minha aproximação com os olhos azuis muito atentos. Suas mãos ainda estão nos bolsos e cada músculo do seu corpo marca o tecido do suéter, me obrigando a imaginá-lo sem camisa quando o encontrei saído do banho. Ele tem um cheiro delicioso. Sabonete e uma loção cítrica refrescante.

Um cheiro de homem que faz minhas entranhas se dissolverem e eu querer pular no seu colo, esmagando sua boca com a minha.

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