A Babá Perfeita romance Capítulo 43

Uma hora depois, quando Max chega com Maisy, eu ainda estou digerindo as ameaças de Abigail.

Decido que aquilo deve permanecer entre nós duas. A mulher foi inconveniente e suas palavras, duras e desagradáveis. Ainda assim, tenho certeza de que não fez por mal. Da sua forma rígida e autoritária, estava apenas tentando me proteger. E impor limites, é claro. Mas eu duvido que leve suas promessas adiante.

Evie e eu estamos jogando monopoly, quando seu pai aparece na porta do quarto, carregando a pequena Maisy no colo.

A garotinha abre um sorriso de orelha a orelha ao me ver e eu devolvo o sorriso com o coração transbordando ansiedade.

- Alguma novidade? - pergunto, antes de morder a língua.

Max me lança um olhar de repreensão antes de soltar Maisy no chão. Está usando uma camisa de botões off white, paletó, gravata e sapatos sociais. O pacote completo do empresário de sucesso. Eu engulo um suspiro e só quando levo uma cotovelada de Evie, consigo voltar  a atenção para o jogo.

- Quero falar com você no escritório - ele diz, antes de sair, cabisbaixo.

Merda. Não pode ter sido tão ruim assim. Ou pode?

Evie e eu nos entreolhamos sem dizer uma palavra. Enquanto isso, Maisy se joga no chão ao lado da irmã com os olhos fixos no tabuleiro. Eu me estico para dar um beijo no seu rostinho lindo e sorrio para Evie, que me olha, acusadora.

Tal pai, tal filha.

- Maisy pode jogar no meu lugar. Eu já volto - digo, escapulindo do quarto antes de ser trucidada por uma criança.

Max me espera no escritório. Sentado na beirada da mesa, os ombros curvados para baixo. A expressão de cansaço em seu rosto me enche de agonia. O dia deve ter sido mais difícil do que eu imaginei. 

Eu entro e fecho a porta atrás de mim. Depois disso, fico travada. Não sei realmente o que dizer. Aquela ideia estúpida foi minha. Forçá-lo foi uma ideia minha. Eu poderia ter ficado bem quieta, no meu canto, jogando com as cartas que o destino me deu, mas preferi ignorar o bom senso e colocar falsas esperanças em dois corações machucados demais. 

Max e Maisy jamais iriam me perdoar por aquilo.

- A Dra Stevenson vai começar o tratamento amanhã - Max rompe o silêncio com uma expressão que sugere cautela.

- O que?

- Ela acha que existe... uma possibilidade.

O meu coração acelera e minha boca fica seca de repente.

- De Maisy voltar a falar?

- Isso. Ela acha que é difícil, uma chance em dez, foi o que ela disse na verdade - ele dá de ombros. - Mas acho que vale a pena tantar.

Eu abro a boca, formando um grande círculo de espanto. O que foi que Max acabou de dizer? Maisy pode voltar a falar? Quero rir, gritar e chorar ao mesmo tempo. Pular no seu colo, envolvê-lo com as pernas e beijar sua boca até ele ficar sem ar. Estou explodindo por dentro, mas tudo o que faço é concordar com a cabeça e sorrir como uma tonta.

- Ainda não é uma vitória, mas acho que podemos ter alguma esperança. Obrigado, Chloe - eu olho para ele com a testa franzida. - Por não desistir da minha filha.

O meu coração afunda dentro do peito. O agradecimento de Max mexe comigo mais do que eu desejava.

Eu balanço a cabeça, assentindo. Não confio na minha voz agora para dizer nada. Tem um nó na minha garganta e lágrimas estão se acumulando por trás dos meus olhos, rápido demais.

Eu fungo e dou uma tossidinha.

- Queria fazer um pedido a você - ele respira fundo, os olhos brilhando em expectativa. - Maisy e eu adoraríamos que estivesse junto na próxima sessão.

Eu levanto as sobrancelhas, surpresa demais para dizer qualquer coisa.

- Depois disso poderíamos sair, sei lá, para tomar um sorvete... - Max se atrapalha nas explicações. Ele fica vermelho e eu sorrio, me derretendo toda. - Se não tiver nenhum problema para você.

- Problema nenhum - eu digo, depressa, e ele abre aquele sorriso encantador. É o primeiro que vejo nele em semanas. - Quer dizer, se estiver tudo bem para você.

- Por mim, tudo bem - uma sombra de dúvida passa através dos seus olhos espetaculares. - Mas achei que devia perguntar. Para o caso de não estarmos na mesma sintonia.

Deus, meu coração vai sair pela boca! Ele vai falar mesmo sobre aquela noite no hotel? E o que eu devo dizer? Como devo me comportar? Borboletas estão dançando pelo meu estômago, batendo suas asinhas em direção ao meu peito.

- Sr Lancaster, nós dois sempre estivemos na mesma sintonia - eu afirmo com convicção e agora a sombra em seus olhos se transforma em um lampejo de esperança. - Só um cego não veria isso.

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