A Babá Perfeita romance Capítulo 48

- Holla, Jud.

- Holla, guapa – Jud responde, sem tirar os olhos das cenouras sobre a tábua de cortar legumes. – O que está fazendo aqui embaixo? Achei que estivesse em lua de mel.

O sorriso desaparece do meu rosto. Não é possível que ela esteja falando do que penso que está. Não é possível porque, simplesmente, não tem como ela saber de uma coisa dessa. Na verdade, não era para ninguém ter conhecimento sobre Max e eu. Pelo menos não ainda.

- Eu não sei do que você está falando.

- Claro que sabe... você e o señor Max – Jud sorri, apontando a faca na minha direção. – Os dois pombinhos. Isso tudo é tão romântico!

- Repito: não sei do que está falando, Judith.

- Tudo bem, chica. Engane a si mesma, mas a mim você não enrola, tudo bem? – ela abandona as cenouras e sai de trás do balcão, dançando e rebolando na minha direção. – Estàn enamorados. E o que tem isso? Não existe coisa mais bonita do que o amor.

Judith agarra as minhas mãos e, de repente, antes mesmo que eu possa detê-la, estamos rodopiando as duas pela cozinha. Essa Judith! Como pode ser tão avoada e, ao mesmo tempo, tão inacreditavelmente fofa? Com certeza, é uma romântica incorrigível! Javier tem muita sorte em tê-la ao seu lado. É o tipo de mulher que faria tudo em nome do amor.

Eu não consigo deixar de rir com ela. Sei que não deveria, que essa, provavelmente, é a resposta que ela queria, mas é impossível conter a minha reação.

Nós duas paramos quando percebemos Max de pé na entrada, como uma estátua de cera.

- Sr Lancaster – ela arregala os olhos. Me solta tão rápido que eu deslizo para trás e quase caio. – Precisa de alguma coisa?

Max pigarreia.

- Sim, da Chloe.

Ele parece desconfortável, apesar de espetacular em um terno que poderia custar mais de um ano do meu salário. O cabelo molhado e a pele lisa, sem barba, mostram que acabou de sair do banho. Mesmo que não fosse assim, sou capaz de sentir o cheiro da loção, que me deixa embriagada.

 Não sei se ouviu alguma coisa do que Judith e eu dissemos. Eu espero, sinceramente, que não. Do contrário, não sei que tipo de ideias idiotas podem estar bombardeando a sua cabeça nesse exato momento.

- É claro... da Chloe – Jud mexe as sobrancelhas, para cima e para baixo, enquanto vai reassumindo seu lugar atrás do balcão, junto as cenouras.

Tenho vontade de abrir um buraco no chão e esconder o meu rosto.

Max estreita as sobrancelhas. Ele parece bravo.

Ah, não.

- Como é, Judith?

- Nada, nada – ela dá de ombros.

Ele respira fundo e crava aquele olhar impiedoso sobre mim. Minha barriga se contorce de nervoso. A expressão congelante de Max garante que estou metida em problemas sérios.

Será que ele acha mesmo que eu estou espalhando boatos sobre nós dois?

Meu sangue ferve e a minha expressão se fecha na mesma hora. Se for isso, Max pode apostar que quem está absolutamente fodido, agora, não sou eu, mas, ele.

- Venha comigo, Chloe. Eu preciso que você me ajude em uma coisa.

Eu cruzo as mãos na frente do corpo e escorrego para fora da cozinha, murmurando um “Com licença, Jud”. O olhar de Judith para mim era alarmado e um pouco culpado, mas eu o ignorei completamente, porque toda a minha raiva estava direcionada para o homem que caminhava ao meu lado, mantendo uma distância fria e considerável.

Subimos as escadas e quando chegamos ao corredor no segundo andar, eu me viro para ele e cruzo os braços:

- Posso saber por que me chamou aqui desse jeito?

- Por que você acha?

- Queria me envergonhar diante da minha amiga?

- Te... envergonhar? – Max me olha, aturdido – Chloe, eu só queria te fazer um convite.

Toda a raiva desaparece de mim com aquele banho de água fria.

- Convite? Para que?

É a vez de Max cruzar os braços e me encarar de maneira enigmática.

- Primeiro, me diga, Clhoe. O que foi toda aquela animação na cozinha?

Merda.

- Coisas da Judith – eu suspiro, desviando os olhos para as unhas dos pés pintadas de azul. – Eu senti sua falta, hoje de manhã. Você tem mesmo que ir trabalhar todos os dias?

Max segura meu queixo entre os dedos e me obriga a encará-lo. Seus olhos azuis pálidos me reviram por dentro. Ele aproxima o rosto do meu, roçando o nariz na minha bochecha e enviando uma série de arrepios pelo meu corpo.

- Coisas da Judith, hein? Pequena, você acaba comigo quando faz assim. Escuta, tenho uma proposta para te fazer.

- Para mim?

- Sim, doce Chloe – ele sussurra contra a minha boca. Entreabro os lábios, mas tudo o que sinto foi sua respiração contra a minha. Max sussurra: – O que acha de passarmos algum tempo sozinhos?

- No seu quarto?

Ele ri.

- Não que eu não tenha apreciado a ideia, mas eu estava pensando nas Bahamas.

- Bahamas? Isso, por acaso, não fica no Caribe?

- Sim, por acaso – ele abre aquele sorrisinho torto que me faz perder a cabeça. – Você gostaria de viajar comigo, Chloe?

- Ai meu Deus!  – eu grito, dando um pulo e me pendurando com os braços ao redor do seu pescoço. Sem pensar, dou um beijo na sua boca que quase Max perder o equilíbrio e quase cair para trás.

- Vou interpretar isso como um sim.

Um barulho no final do corredor faz eu pular para trás, me afastando de Max.

Com o coração disparado, eu olho para ele.

- O que foi isso?

- Não foi “o que”, mas “quem” – ele franze a testa.

- Abigail?

- Talvez. Seja como for, vamos descobrir em breve – ele acaricia meu queixo com o polegar. A carícia leve, mínima, faz meu estômago se derreter. – Faça suas malas, nós vamos partir na sexta feira, Chloe.

Com um frio na barriga, eu o abraço novamente. Já não me importo se todos vão ficar sabendo do nosso relacionamento secreto. Tampouco, o que vão dizer. Danem-se os julgamentos! Max quer me levar para viajar com ele. Para as Bahamas. É inacreditável.

Eu aperto todo o corpo junto ao dele. Estou nas nuvens e não consigo esconder. Não quero que essa sensação acabe nunca mais.

- Você vai ser minha, por um fim de semana inteiro.

- E você, meu, Sr Lancaster.

Max segura meu rosto entre as mãos. Ele enfia uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

Seu olhar me incendeia e deixa tonta, tudo ao mesmo tempo.

- Eu já sou seu, Chloe.

***

Depois que as meninas voltam da escola, passamos uma tarde perfeita no parque, com direito a sorvete e muitas voltas no balanço, além de uma brincadeira de pique-pega que parecia interminável. A energia dessas duas não se esgota nunca!

Evie parece outra criança quando está ao ar livre. Não tem nada daquela geniazinha que me atormenta quando discordamos em alguma coisa. É só uma criança pura, feliz, rindo e se divertindo com a irmã. Apesar de rir com a sua autoridade ao falar de certos assuntos, que não são do seu bedelho, eu gostaria que fosse assim sempre. Evie merece desfrutar dessa infância que pertence a ela. Algo me diz que esse bem foi arrancado dela de maneira prematura. Eu só não sei dizer, exatamente, quando ou por quê. Ainda.

À noite, assim que terminam o jantar, as duas sobem para o quarto, ainda com a corda toda. Inventam uma brincadeira de bonecas e eu fico olhando, de longe, com o coração tranquilo. É um alívio saber que as duas estão bem, agora, longe da interferência de Dixie. Max estava coberto de razão quando fez o pagamento àquele bandido desgraçado. A segurança das meninas é, com certeza, a coisa mais importante. Para nós dois.

Quando a brincadeira termina, as duas guardam seus brinquedos sob a minha supervisão. A esta altura, Evie e Maisy estão bem cansadas, seus olhinhos pesam por debaixo das pálpebras.

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