A Babá Perfeita romance Capítulo 49

- Você tem certeza disso?

- Sim.

- Se achar melhor, podemos esperar...

Max sorri, empurrando para cima o zíper da calça.

- Eu não quero esperar mais. Eu me sinto como um maldito adolescente, Chloe. Por que iria querer esperar mais um minuto?

Ele afasta o cabelo do rosto, antes de se aproximar e pegar minha mão. Eu olho nos seus olhos e percebo que está falando sério. Ele não quer esperar. 

Puta merda. Isso deveria soar maravilhoso, certo? Então por que, de repente, estou com vontade de colocar o café da manhã para fora?

Passamos a noite inteira juntos. Uma noite espetacular, por sinal. Max me proporcionou experiências incríveis, fantásticas. Meu corpo dolorido é a prova viva disso. E quando tentei escapar do quarto, no meio da madrugada, ele me impediu, jurando que não era necessário.

Diante disso, eu nem resisti. Atravessei a noite nos seus braços, coberta pelo seu corpo e pelo seu cheiro da cabeça aos pés.

- Você está com medo? - Max mexe na ponta do meu nariz com o indicador e eu o franzo, sorrindo. -  Eu não - ele ergue minha mão e beija os nós dos meus dedos, um a um. Minha nuca arrepia e eu mordo a boca, observando do a reação nas suas pupilas dilatadas. - Porque agora eu tenho você, Chloe. E não tenho medo de nada.

Max deve perceber minha respiração acelerada, porque segura meu queixo e puxa minha boca para um beijo profundo e lento. Nossas línguas se tocam e entrelaçam, se acariciam, enquanto meus lábios se esfregam contra os dele em busca de um contato maior.

- Você confia em mim? - ele sussurra dentro da minha boca.

- Sim.

- Ótimo. Então vamos - diz, terminando o beijo com um selinho terno.

Nós descemos as escadas de mãos dadas, enquanto o meu coração parece que acabou de percorrer uma maratona.

Ao chegar na sala, eu paraliso. Abigail, Judith, Javier e até Jose estão de pé, reunidos em uma fila. Evie e Maisy estão colorindo um livro no chão, em silêncio. Mas a diversão acaba assim que todos os olhares recaem sobre nós, ao mesmo tempo.

É Max quem toma a palavra.

- Reuni todos aqui apenas para anunciar que a Srta Chloe Henderson e eu agora estamos namorando. Alguma objeção? - os olhos dele não se movem para ninguém em específico, mas eu vejo quando Abigail se encolhe ligeiramente em seu lugar.

Todos os empregados meneiam a cabeça em negativa.

Tento ver a expressão no rosto de Judith, mas seus olhos estão voltados para o chão. Será que ela vai me odiar? Eu detestaria se nossa relação mudasse por causa do que tenho com Max. Hoje Jud é a única amizade sincera que eu tenho.

- Ótimo. Vocês podem se retirar e voltar para as suas ocupações - Max sinaliza para que todos saiam.

Enquanto os empregados deixam a sala, Evie se levanta do chão repentinamente.

A pequena Maisy continua sentada com um sorriso arteiro nos lábios. Ela e eu trocamos um olhar de cumplicidade antes que Evie presenteie a todos com mais um dos seus ataques de fúria incontroláveis.

- Ela vai ser a nossa mãe agora, papai?

Meu cérebro esvazia rapidamente. Do que ela está falando? Posso sentir as ondas de raiva emanando do seu pequeno corpo em minha direção.

- É o que? - balbucio - Evie, não...

- Eu estou falando com o meu pai.

Eu engulo a vontade de esganar aquela peste.

- Chloe pode continuar sendo o que sempre foi para vocês - Max anuncia, apertando a minha mão com um pouco mais de força. - O meu relacionamento com ela mudou. Mas o de vocês não precisa mudar.

Olho para ele e seus olhos estão mais brilhantes e cheios de carinho, me fazendo relaxar um pouco ao seu lado.

Mas logo, a má atitude de Evie volta a encher o ambiente de tensão.

- Ah que ótimo - ela bufa, com um sorriso que não chega aos olhos. - Porque eu já tenho uma mãe e não vou deixar ninguém roubar o lugar dela.

O olhar que Max lança a garotinha é gelado e me faz estremecer dos pés a cabeça.

- Sua mãe não está mais aqui, Evie, e você precisa superar isso de uma vez por todas. Ela não vai voltar, a vida nunca mais será como era antes. Cresça, por favor.

Eu olho para ele, sem palavras. Não posso acreditar no que acabou de sair da sua boca. Que jeito horrível de falar com a própria filha. Evie é apenas uma criança! Uma criança irritante, malcriada e que precisa de uma correção urgente, mas ainda assim é uma criança.

Max encara a filha, irredutível. 

Evie, por outro lado, parece prestes a desmoronar. Os olhos marejados traem sua postura auto confiante, assim como o tremular ligeiro dos lábios. 

Sem dizer mais nada, a menina deixa a sala correndo em direção as escadas, que sobe de dois em dois degraus.

- Max, você não deveria ter dito isso - eu o repreendo, vendo ele suspirar e esfregar os olhos com a aparência cansada. - Ela é sua filha e perdeu a mãe. Você precisa encontrar uma forma de conversar com ela. E, para isso, precisa ser mais paciente e muito mais tolerante. 

- Evie precisa entender e aceitar, Chloe. Fazem dois malditos anos. Eu cansei de pausar a minha vida por causa de Liv. Não é justo. E agora não é justo com você, também, ter que abaixar a cabeça para os caprichos de uma menininha mimada.

Eu olho para ele, sabendo que, em parte, está certo. No entanto, isso não muda a minha indignação. Se Evie não puder confiar no próprio pai, em quem ela irá confiar? E da minha parte, eu não quero ser a pessoa que vai destruir de vez o relacionamento deles.

- Bom, é melhor você encontrar uma outra maneira de fazê-la entender e aceitar. Uma que não envolva partir seu coração como fez bem agora. Você me envergonhou, Max. Fez tudo errado para variar. Não é tentando impor minha presença que vai conseguir que ela me aceite em sua vida.

Antes que Max consiga impedir, eu sigo pelo mesmo caminho que Evie acabou de desaparecer.

Subo as escadas e bato na porta do quarto das meninas, mas ninguém responde. Eu bato de novo e nada. No limite da minha paciência com aqueles dois turrões, decido entrar mesmo sem ser convidada. Estou pronta para lidar com o mau humor de Evie, mas sou pega de surpresa quando vejo seus olhos vermelhos e marejados.

Mas não é apenas isso.

O lindo cabelo louro está todo espalhado pelo chão do quarto. Mechas e mais mechas dele.

Ao ver aquele show de horrores, arregalo os olhos, assustada, enquanto faço o possível para manter a calma.

- O que houve aqui, Evie?

Ela faz uma cara de brava e, só então, eu vejo o brilho da tesoura reluzir em sua mão direita.

- Não é da sua conta. Você não manda em mim.

Eu não fico com raiva de Evie. Na verdade, só consigo imaginar Max tendo um troço e Abigail surtando, nesse exato momento. Meus olhos continuam percorrendo o chão do quarto, coberto por tufos de cabelo dourado. O que essa garota fez?

Eu pisco, diversas vezes, antes de focar de novo o rosto enfurecido de Evie.

- Eu gostaria de conversar com você. Por que não limpamos essa bagunça primeiro?

- Por que não limpa você? Você é a empregada.

Eu engulo a vontade de segurar ela pelos braços e sacudir, respirando bem fundo. Evie é uma criança que precisa de orientação, não de violência.

Mas como é difícil!

- Vamos conversar um pouco. O que acha?

- Não quero conversar com você. Você mentiu para mim!

Xingo Max, em minha cabeça, pela insistência em contar sobre o nosso namoro tão cedo. Está claro que Evie precisava de mais tempo para criar vínculos comigo antes de sofrer um baque desse tamanho. Que tipo de pai não percebe os problemas de comportamento da própria filha?

Do mesmo tipo que o seu, meu cérebro alerta. Mas não... o meu pai percebia tudo o que se passava comigo, apenas não sabia lidar com o que estava diante dele.

Será esse o problema de Max? Talvez ele tenha se afastado tanto de Evie, após a morte de Liv, que simplesmente não sabia como encontrar o caminho de volta até ela.

- Eu não menti, Evie...

- Você não contou, dá no mesmo.

- Tá legal, eu não fui honesta sobre os meus sentimentos - admito. - Mas eu também não sabia muito bem o que estava sentindo. Eu estava muito confusa.

- E não está mais?

- Não, eu amo o seu pai - digo em voz alta e clara. - E amo vocês.

- Mentira.

- Não é mentira - consigo balbuciar.

Meu Deus, essa chefinha às vezes me tira do sério! 

- Você é uma aproveitadora, Chloe Henderson.

Eu abro a boca, espantada. As palavras desaparecem da minha boca diante da sua expressão terrível. Onde foi que essa menina aprendeu a falar assim?

- Não fale assim com ela - tenho um sobressalto quando escuto a voz grave de Max atrás de mim. - Fui eu quem pedi a Chloe em namoro sem antes conversar com você e Maisy. E sinto muito. Eu deveria ter me sentado ao seu lado e perguntado como você se sentia a esse respeito antes de tomar uma decisão. É de mim que você tem que estar com raiva, não dela - ele se vira para mim com um olhar culpado. - Chloe, você poderia nos deixar a sós um minuto?

Eu digo que sim e saio para o corredor, resistindo ao impulso de pular sobre Max e beijá-lo até perder o fôlego. Agora sim, esse é o homem que eu aprendi a amar, embora, tantas vezes, ainda tenha vontade de socar sua linda cara. 

Mas agora, suas palavras tocaram a minha alma. Ele não poderia ter se expressado melhor.

Resta saber se essas palavras, também, vão conseguir mudar o coração da sua filha.

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