Por causa de um problema inesperado, Max é obrigado a passar a maior parte do tempo na empresa, pelo resto da semana.
Ele parece inquieto, preocupado. Mesmo quando está em casa, precisa ir ao escritório, com frequência, fazer ligações importantes. E quando retorna, seu semblante está sempre pior do que quando saiu.
Eu tento ajudá-lo da melhor maneira possível. Estou sempre aberta ao diálogo. Quero que saiba que me interesso por tudo o que tem a ver com ele. Na cama, sou amorosa e dedicada, e ele corresponde com uma paixão desesperada. Mas fora dela parece distraído, muitas vezes distante.
Eu acabo triste e solitária, sentindo falta dos dias incríveis que passamos quando retornei da casa do meu pai. Nada parece como antes. Max voltou ao seu modo Homem de Negócios. Eu fico esperando que essa fase termine logo, mas minha consciência grita que não é só uma fase. Foi assim que eu o conheci: determinado, intenso e dedicado. Como querer que ele mude agora? E por mim?
Uso o meu tempo livre para tentar me aproximar de Evie, mas ela se fecha como uma ostra. Está sempre quieta e emburrrada, até mesmo com os outros. Voltou a não querer comer o que Jud prepara com tanto carinho. Estamos todos com o coração angustiado. Exceto Max, que permanece alheio a tudo.
Em vez de rancorosa, fico preocupada com o que pode acontecer a ela. Evie finge ser uma garota forte e inviolável, mas ao que tudo indica é mais frágil do que todos pensam. Fico imaginando o que a está perturbando tanto.
Os dias passam e eu vou ficando cada vez mais assustada, mas Max retornou ao seu modo "pai ausente" e se recusa a me ouvir. Os problemas da empresa precisam vir primeiro nesse momento. Evie é desse jeito mesmo, adora fazer uma cena, ela vai ficar bem.
Minha vontade é torcer o seu pescoço.
Quando vai se dar conta de que o seu bem mais precioso são aquelas duas meninas? Que não faz sentido construir um império, quando tudo dentro de casa estão desmoronando.
Já Maisy, embora venha fazendo pequenas conquistas durante as sessões de fono, ainda não disse uma palavra concreta. Na última sessão, Max não pôde comparecer. Estava em uma reunião inadiável. A fonoaudióloga não disse nada a respeito, mas notei que ela ficou surpresa com aquela ausência. Max tinha se mostrado tão presente em cada sessão e tão entusiasmado com os progressos da filha!
Não fazia sentido ele não aparecer justamente quando Maisy estava avançando.
- Você acha que ela vai voltar a falar? - eu perguntei, sem esconder a tensão na minha voz. Essa era uma das minhas preocupações recorrentes. Que depois de tanto esforço, Max e Maisy acabassem se frustrando. E por minha culpa, que havia insistido tanto naquilo.
- Cada vez mais eu fico mais convencida disso - o sorriso da mulher acendeu uma chama de esperança em meu peito.- Maisy vai voltar a falar, Chloe, mas no tempo dela. Precisamos ser pacientes.
Eu passei a monitorar e comemorar cada vitória de Maisy por mim mesma. Como se fossem minhas próprias vitórias. De certa forma elas eram, não? Eu amava as filhas de Max como se fossem minhas filhas. Amei aquelas crianças antes mesmo de amá-lo, mesmo que Evie se recusasse a acreditar naquilo.
- Você precisa dar espaço a ela - Jud aconselha, sorrindo para mim com ternura. - Algumas crianças precisam ser estimuladas se você quiser ouvi-las falar. Mas outras, só precisam de espaço e silêncio.
- Acho que eu não sou boa em esperar - digo e Jud acha graça.
É sexta feira e estamos no quarto de empregada, onde eu dormia até algumas semanas atrás. Jud está me ajudando a esvaziar o guarda roupas. Logo todas as minhas coisas estarão no quarto de Max.
Isso também me preocupa. Mesmo que esse ritual pouco signifique para ele, a mim quer dizer muita coisa. Estou rompendo de vez com minha antiga função nessa casa e passando a assumir um novo papel. Honestamente, não sei se estou preparada.
Fico dizendo a mim mesma, o tempo todo, que não tenho ilusões quanto a nada. Que sei perfeitamente que as coisas podem mudar a qualquer momento. Que Max pode cair em si e toda aquela paixão se esvair em uma nuvem de fumaça. Mas, ainda que eu repita isso, todos dias, infinitas vezes, há uma parte de mim, uma pequena e patética parte, que se recusa absolutamente a acreditar.
Além disso, existem as meninas. A que me adora, muitas vezes, eu me sinto incapaz de ajudar. A que me odeia se recusa a aceitar minha ajuda.
- Você vai aprender - Jud assegura. - Está passando por um momento ruim, chica. Mas logo a tempestade irá se aplacar. Agora, venha. Vamos levar a última remessa para a suíte principal.
Com Max longe, o dia se arrasta sem a menor graça. Eu tento passar o maior tempo possível com Judith, mas fico contando os minutos para a chegada dele. Em férias da escola, as meninas passam bastante tempo brincando na piscina no quarto ou lá fora, no jardim. Fico morrendo de vontade de me juntar a elas, mas sei muito bem que a reação de Evie não vai ser das melhores.
No final da tarde, não estou mais me aguentando. Já organizei minhas coisas no novo guarda roupa, duas vezes. Fiz um pouco de exercício na academia e até ajudei Judith a fazer um bolo.
- Que se dane - digo e saio para o jardim, correndo os olhos a procura das crianças.
Quando encontro Evie, ela está perto da piscina, um olhar de pânico no rosto. Meu coração dispara. Um instinto forte de proteção toma conta de mim.
Eu me aproximo a passos largos, a boca seca e o coração ainda aos pulos.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A Babá Perfeita
Amei a história! Vale a pena a leitura! Pena que não achei a continuação!...
Parabéns @RebecaSantiago! Além de um ótimo enredo, escreve muito bem e tem um português muito bom, o que torna a leitura melhor ainda. Depois deste, vou ler seus outros romances. Vc é admirável. Virei fã....
Ameiiiiiiii❤️❤️❤️❤️❤️❤️🥰...
Qual é a plataforma que está o seu livro: A ESPOSA PERFEITA??...
tirando o uso desnecessário de tantos palavrões é uma ótima historia...
Muito bom estou curtindo muito esta historia <3...