Coloquei uma garfada de massa na boca, antes de encarar aquela conversa inevitável, mastiguei a comida lentamente, enquanto ele me encarava, esperando que eu falasse alguma coisa.
— Tudo bem, mas, eu começo.
Matheus: Comece pelo Rodrigo.
— Enquanto você estava viajando, ele me ligava todos os dias, eu só escutava a voz dele e desligava, então, pedi para a Laura impedir essas ligações. Ele parou, porém, começaram a chegar cartas dele. Ele não me deixou esquecê-lo, as cartas tinham palavras que eu sempre imaginei ouvir dele, ele dizia sentir coisas que eu sempre desejei que ele sentisse por mim. Mas, apesar disso, eu duvidei de cada palavra escrita.
Durante esse tempo, meu pai e a Laura visitavam ele, porém, eu nunca fiquei sabendo dessas visitas, eles não falavam do Rodrigo pra mim, nem falavam de mim para ele. Ficamos no escuro. Sem saber nada um do outro. Quando ele foi solto, conversou com o meu pai, pediu a permissão dele e fez uma surpresa pra mim, disse que tinha mudado, pediu perdão e...
Matheus: E você cedeu. Acreditou no conto da carochinha.
— Você acha que isso foi planejado por mim? Que eu tinha a intenção de perdoar e correr para os braços dele, depois de solto? Eu não tinha a menor ideia de que tudo isso fosse acontecer. Ele parecia tão sincero, foi um momento tão...
Matheus: Tão mentiroso.
— Para Matheus. Você não estava lá. Não viu o que eu vi. Ele mudou.
Matheus: Se você tem tanta certeza que ele mudou mesmo, porque está aqui comigo, Yanka? Porque não está com ele agora?
Ele chegou exatamente no ponto onde eu não queria que ele chegasse. A verdade era que o Matheus tinha as respostas, mas ele queria ouvir de mim.
— Eu o amo, Matheus. Talvez seja por isso que eu ainda tenho esperança dentro de mim. Mas, você está certo, eu morro de medo de sofrer e passar tudo o que passei novamente, eu estou indecisa e insegura.
Matheus: Essa é a sua resposta, Yanka. Se ele não te faz sentir segura, então tem algo errado aí. Na verdade, sempre teve.
Eu tentei segurar as lágrimas, mas não consegui, elas começaram a cair no meu prato.
O Matheus se levantou, deu a volta na mesa, e se agachou perto de mim.
Matheus: Ei, olha pra mim.
Eu o olhei, e ele falou algo que virou uma chave na minha cabecinha.

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