POV: AIRYS
Antes que pudesse processar qualquer coisa, um choque gelado percorreu minha pele. Gemei baixinho com a sensação e me levantei de sobressalto, o movimento brusco fazendo a dor pulsar em minha mão.
Foi quando o vi.
Daimon estava ali, sentado ao lado da cama, segurando minha mão firme entre as dele enquanto aplicava uma compressa de gelo. A coberta deslizou pelo meu corpo, revelando minhas curvas, e seus olhos vagaram lentamente por cada centímetro exposto. O ar pareceu ficar mais denso, carregado de algo que fazia minha pele formigar.
— Ei! O que está fazendo? — Minha voz saiu cortante, mas não o intimidou.
Ele não respondeu. Apenas continuou sua inspeção descarada, respirando profundamente, absorvendo meu aroma como se pudesse me ler através dele.
Meu coração acelerou. O calor da sua presença contrastava com o frio do gelo em minha pele, criando uma sensação sufocante.
— Meus olhos estão aqui em cima, Daimon! — retruquei, nervosa, tentando puxar minha mão de volta.
Ele apertou um pouco mais, mantendo-a firme em sua posse.
— Está com uma luxação. — Sua voz era grave, firme, como se minha resistência fosse irrelevante. — Foi imprudente em seus golpes.
Mordi o lábio, frustrada.
— Nem todos foram treinados desde cedo. — A lembrança do abismo entre nós era irritante. Eu não era uma Lupina, não cresci para ser uma guerreira. Ele sabia disso. — Não precisava fazer isso. Em algum momento, eu acordaria, desceria, pegaria gelo e faria compressas.
Daimon soltou um riso baixo, como se achasse graça da minha resistência inútil.
— Você me costurou quando não precisava. — Sua resposta veio acompanhada de um olhar penetrante antes de ele se virar, pegando um frasco de pomada.
Ele depositou um pouco no dorso da mão e, sem aviso, deslizou os dedos pelos meus, espalhando o creme com uma massagem lenta e calculada. Sua pele quente contrastava com a minha, e o toque firme arrancou de mim um suspiro involuntário.
Arfei, estremecendo levemente. Ele notou. É claro que notou.
— Symon irá treiná-la. — A voz dele soou controlada, mas intensa. — Você precisa estar inteira para isso.
Meus olhos se estreitaram.
— Por que está fazendo isso? — Perguntei, tentando ignorar a forma como sua proximidade me afetava. — Por que quer me treinar?
Daimon ergueu os olhos, sua expressão carregada de algo indecifrável.
— Quero um combate justo, pequena. — Ele exibiu um sorriso torto, predatório, deixando suas presas à mostra.
— Nenhuma luta contra você é justa, Alfa. — Suspirei, sentindo um misto de cansaço e frustração.
Então, quando ele deslizou os dedos pela minha mão mais uma vez, soltei um gemido baixo. O prazer e a dor se misturavam, me confundiam, me enfraqueciam.
Daimon percebeu.
O brilho intenso de seus olhos escarlates denunciava isso.
— Interessante. — Murmurei, encarando-o.
Daimon arqueou uma sobrancelha, tombando a cabeça levemente enquanto me fitava. O olhar fixo e intenso fazia meu corpo reagir de formas que eu não queria admitir.
— Suas mãos são ásperas e pesadas, mas sua massagem não é ruim. — A confissão escapou antes que eu pudesse evitar.
Senti meu rosto esquentar no instante seguinte. O peso da atenção dele sobre mim tornava impossível ignorar a proximidade. Baixei os olhos, envergonhada, tentando recuperar o controle sobre mim mesma.
— Isso foi um elogio, humana? — A pergunta veio sem ironia, e o tom sério me pegou de surpresa.
Ergui o olhar rapidamente, encontrando seus olhos ferozes sobre mim.

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