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A LUNA HUMANA VENDIDA AO ALFA SUPREMO romance Capítulo 58

POV: AIRYS

Deslizei os dedos sobre a marca cravada em meu ombro. O formato dos dentes ainda era visível, a pele sensível ao toque. Meu olhar percorreu o quarto vazio, mas havia compressas ao lado da cama e um bilhete cuidadosamente dobrado ao lado de uma flor branca, daquelas que nascem na neve.

"Use o lago da gruta sagrada para se recuperar mais rápido. O Beta a treinará todos os dias."

A caligrafia era precisa, elegante, com traços curvados que transmitiam controle e firmeza.

— Isso foi escrito pelo Daimon? — murmurei, franzindo o cenho. Como um homem tão bruto podia escrever de forma tão refinada?

A imagem dele segurando uma caneta passou pela minha mente.

“Como ela não quebrou em suas mãos?” O pensamento me fez sorrir, um riso breve e involuntário.

Agarrei o robe e o enrolei ao corpo antes de sair pelo corredor, meus pés movendo-se com pressa na direção da gruta. Assim que entrei na água, um arrepio percorreu minha pele. O calor do líquido contrastava com a brisa fria que tocava meu rosto. Fechei os olhos, sentindo o formigamento nos pontos feridos, o alívio imediato sobre minha mão inchada.

Abri a palma, movendo os dedos devagar. A dor havia diminuído, e a pele começava a retomar sua coloração natural. Respirei fundo, soltando um suspiro longo.

— Como posso ser cirurgiã aqui e competir com essas águas divinas? — murmurei para mim mesma, lançando um olhar para a superfície cristalina.

Meus dedos tocaram levemente a água, perturbando o reflexo da lua.

— Não me parece justo, Deusa. A única coisa que sinto que sou boa, você faz melhor.

Me troquei rapidamente e desci as escadas, guiada pelo aroma forte de café que pairava no ar. Meu estômago roncou em resposta, mas ao chegar à sala de jantar, meus passos hesitaram.

Daimon estava sentado à mesa, relaxado, com um tablet enorme em mãos e vários documentos espalhados à sua frente. Sua presença dominava o ambiente, cada movimento calculado, sem pressa. Ele sequer ergueu os olhos para me encarar, apenas empurrou uma cadeira para o lado com o pé, indicando onde eu deveria me sentar.

Engoli em seco, sentindo um nó na garganta ao notar os outros lugares vazios ao redor.

— Você teve sua chance de fugir ontem e não o fez. — Sua voz soou firme, carregada de certeza. Ele virou uma página, inclinando levemente a cabeça para o lado. — Manter distância por meio de cadeiras frágeis não vai te deixar mais segura… e muito menos fora do meu alcance.

Um arrepio percorreu minha espinha.

— Tenho a sensação de que, não importa onde eu vá, você me caçaria até encontrar. — Respondi sem esconder o desconforto, mas também sem recuar.

Ele ergueu o canto dos lábios, um quase sorriso que não suavizou sua expressão predatória.

Suspirei e me sentei ao seu lado, minhas mãos deslizando pelo tecido da roupa como se quisessem encontrar algum tipo de segurança. Olhei para a frente e vi uma xícara já preenchida, acompanhada de frios, pão e um pedaço de bolo. Franzi a testa, arqueando uma sobrancelha.

— Você preparou meu café da manhã?

Dessa vez, Daimon me encarou, seus olhos terrosos cintilando com um brilho sombrio.

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