POV: AIRYS
Desci as escadas em disparada, os pés tropeçando nos degraus, enquanto o som da perseguição ecoava atrás de mim.
Um peso descomunal se lançou sobre mim. No último instante, atirei-me ao chão, e ele passou por cima do meu corpo, batendo com estrondo contra a parede. O impacto sacudiu a estrutura, poeira e estilhaços caindo ao redor.
O enorme lobo negro ergueu-se, balançando o focinho, salivando, os olhos agora inteiramente vermelhos cravados em mim. Um arrepio violento percorreu meu corpo.
Eu estava sendo caçada.
— Fenrir, você não quer me ferir. — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava, mas não surtiu efeito. Ele avançou um passo, as garras deixando marcas no chão. — Alfa idiota, estou começando a perder a paciência com você!
Gritei, pegando um livro sobre a mesinha e lançando-o contra ele. O objeto caiu aos seus pés, e por um breve segundo ele desviou o olhar. Quando seus olhos voltaram para mim, o brilho predador me fez engolir em seco.
— Droga! — Praguejei, girando nos calcanhares e disparando para longe.
O som de patas pesadas atingindo o solo me alertou sobre o perigo ainda maior. Um segundo lobo surgiu, de pelagem cinza e branca, vindo em minha direção. Gritei, encolhendo-me instintivamente. Estava cercada. Meus joelhos cederam, e me agachei, cobrindo a cabeça em desespero.
Um baque surdo ressoou, e senti algo passar raspando pelos meus cabelos. Abri os olhos a tempo de ver o lobo cinza saltando sobre mim e aterrissando diante do meu corpo de forma protetiva.
— Airys, corra para a gruta! — A voz mesclada ao rosnado do lobo fez meu coração apertar. Symon. O beta.
— Anda, eles estão irracionais! — Ele rosnou, movendo-se de um lado para o outro enquanto Fenrir o circundava, farejando e ameaçando.
Estremeci, apavorada, compreendendo a gravidade da situação. Fenrir estava consumido pela fúria bestial. Amigos ou inimigos não faziam diferença: todos eram presas a serem caçadas.
— E você? — Minha voz saiu fraca enquanto recuava, o medo corroendo meu peito. — Ele vai te matar.
— Me matará se eu permitir que te estraçalhe! — Symon rosnou, suas presas à mostra enquanto mantinha a postura defensiva. Fenrir rosnava em resposta, avançando lentamente, cada músculo de seu corpo tenso e preparado para o ataque. — Saia daqui! Agora!
O rugido preencheu o ambiente, o lobo negro saltou em direção ao beta, gritei com o som do impacto de garras se chocando. Meu coração disparou quando percebi que os empregados e guardas haviam sumido.
— Covardes! — Resmunguei entre dentes, sentindo o suor frio escorrer pela nuca.
O som seco de um corpo atingindo a parede me fez girar a cabeça a tempo de ver Symon desabar, inerte. Seu corpo caiu como um boneco quebrado, e por um instante, o pânico me paralisou.
— Symon! — Dei um passo à frente, hesitante, sentir sua presença esmagadora atrás de mim me congelando no lugar.
A criatura negra avançou, cada movimento lento e calculado, como um caçador se deliciando com o desespero da presa. As presas escorrendo sangue brilhavam à luz fraca. Engoli em seco, mordendo o lábio.

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