Júlia
— Você é linda, sabia? — Alex sussurra baixo demais, acariciando o meu rosto logo que termino de contar-lhe uma história de ninar.
— E você é o meu tudo! — sussurro de volta, deixando um beijo casto em sua testa. Contudo, meu filho me lança um olhar indecifrável.
— Ele te fez sorrir de novo.
— Ele quem, filho?
— O David. Ele disse que quer se casar com você.
Chegou o momento. Penso e me preparo para essa conversa entre mãe e filho.
— Você tem algum problema com isso, filho?
— Não tenho mais.
— Não? — Ele meneia a cabeça em resposta e me sinto satisfeita.
— O David disse que estava com medo, mamãe. Ele é tão grande e tão forte, e mesmo assim teve medo.
— É normal as pessoas sentirem meu, filho e isso não nada a ver com a idade dela.
— Mesmo sendo um adulto?
— Não existe idade para sentir medo, Alex. Todas as pessoas em todo o mundo o sentem, mas o importante mesmo é querer vencê-lo e não se entregar. Foi isso que o David fez. Ele passou por cima dos seus medos para viver a sua felicidade.
— Então estou feliz que ele venceu os seus medos, mamãe. — Sorrio.
— Eu também, querido. Agora você precisa ir dormir, rapazinho.
— Está bem. — Alex se ajeita debaixo dos lençóis e fecha os olhos, virando-se de lado. Entretanto, saio da sua cama para ir para o meu quarto, quando ele j**a uma bomba no meu colo. — O David virá dormir aqui em casa outra vez?
Balbucio à medida que as minhas bochechas queimam de vergonha.
— Como você…
— Eu o vi saindo do seu quarto de manhã bem cedo, quando a tia Mel ainda estava dormindo. — Fecho os meus olhos, repreendendo-me mentalmente e solto um ar sutilmente pela boca.
— Ah… não. — Limpo a garganta. — O David não virá, filho.
— Então você vai dormir na casa dele?
Droga!
— Eu… acho que não — gaguejo.
— Não tem problema vocês dormirem juntos, mamãe. — Arqueio as sobrancelhas.
— Eu acho que você está crescendo rápido demais. — Sorrio meio sem graça. — Boa noite, filho!
— Boa noite, mamãe!
Do lado de fora me encosto na porta e respiro fundo algumas vezes, achando graça dessa conversa inesperada com o meu filho e quando dou alguns passos para ir para o meu escritório, o meu celular vibra dentro do meu bolso.
… Saudades de você!
Sorrio, mordendo o meu lábio inferior no processo.
… Também estou com saudades.
… O nosso filho já dormiu?
Meu coração dispara fortemente quando leio essa mensagem.
Nosso filho. Deus, isso é tão libertador!
… Acabei de colocá-lo na cama.
Na quietude da casa, me acomodo em minha cadeira e fito alguns croquis com os novos esboços do antigo casarão. Os janelões de vidros transparentes realmente realçaram a estrutura antiga. E os ferros retorcidos acrescentados a antiga escadaria deram um charme especial. Mas é o gazebo rodeado de roseiras que me deixa fascinada. É possível imaginar o tal casal sentado ali, tomando uma xícara de chá ou um café da manhã, enquanto trocam confidências. E o vislumbre de crianças correndo naquela grama, rindo e gritando em meio a diversão. Esse é um ato de amor que qualquer mulher sonharia em ter.
Suspiro alto, voltando para a minha realidade quando escuto mais um bip de mensagem.
… O que você está fazendo?

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