Elena
…
— Você precisa respirar, Lena… — sussurrou Bianca, minha melhor amiga desde o jardim de infância. Sentada do seu lado na beirada da minha cama. Ela segura a minha mão com firmeza, como se pudesse transferir segurança através do seu toque.
— Eu só queria poder abrir os meus olhos e perceber que tudo isso não passa de um pesadelo.
— Mas, e se for um falso positivo?
Falso positivo? Deus, como eu queria que fosse.
Contudo, abalo a cabeça negativamente para ela, sentindo a minha garganta se fechar.
— Eu fiz três testes para ter certeza, Bia — sussurro com um aperto no coração. — Isso não é um erro. — Uma lágrima escorre do meu olho.
— E o Alex? Ele já sabe? — Com sofreguidão faço outro não para ela e desabo em seu ombro. — Ei, o que foi? — Bianca afaga as minhas costas.
Não consigo falar. As lágrimas e os soluços baixos simplesmente não permitem.
— Elena, você está me assustando.
— O Alex se foi, Bia.
— Eu sei. Não era esse o combinado? Vocês irem para os Estados Unidos…
— Ele me deixou sozinha em um quarto de hotel no dia do baile.
— Ele o que?! — respiro fundo. Me afasto e seco as minhas lágrimas. Só então puxo o bilhete amassado de dentro de uma gaveta e lhe entrego. — Filho da mãe! — Bianca xinga, enquanto o lê. Os seus olhos perplexos encontram os meus. — Eu sei que você está magoada, Elena, mas você precisa contar para ele sobre a gravidez.
Engulo o nó dolorido em minha garganta.
— Eu tentei, Bia — digo com um lamento.
— Você tentou? E ele? — Dou de ombros.
— Tentei ligar para ele quando saí do hotel. — Abaixo o meu olhar. — Mas ele não me atendeu. E tentei no decorrer dos dias. Ele sequer leu as minhas mensagens.
— Ah amiga, eu sinto muito!
…
— Senhorita Stanford? — Desperto quando uma empregada adentra o meu quarto.
— Sim, Anita — falo quase sem forças.
— Já está tudo pronto. Um carro a espera na frente da casa.
Apenas meneio a cabeça.
— Obrigada, Anita!
Com uma dor sufocante dentro do peito, encaro o vestido negro na frente de um espelho de corpo inteiro e respiro fundo.
Como é possível que esse mundo seja tão pequeno? Penso ao lembrar-me do encontro catastrófico com Alex Ricci após cinco longos anos dentro da mansão Ricci. Meu Deus, eu revivi esse momento tantas vezes dentro da minha cabeça. Eu formada e invicta. Poderosa e altiva. Mostrando-lhe que dei a volta por cima e ao invés disso, ele estava no topo e eu tive que olhá-lo debaixo.
…
— Elena, filha. — A voz trêmula de Nora me fez fraquejar um pouco. Contudo, aproximo-me da sua cama e a fito com ternura, segurando com cuidado na sua mão fria, para beijá-la em seguida.
— Descanse, querida — peço e acaricio os seus cabelos grisalhos.
— Você precisa me ouvir.
— Não, você precisa descansar — insisto.
— Você me mostrou que o amor é tão forte e sublime. Me disse tantas vezes para me encontrar com o meu passado e buscar o perdão do meu neto.
— E ele está aqui agora, não está? — Ela sorri fraco e retribuo o seu gesto. — Ele veio te ver.
— Ele veio. — Nora sussurra com lágrimas não derramadas nos olhos. — Filha, eu preciso que cumpra o meu último desejo. Preciso que esteja segura, Elena.
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