Bennett
— Desculpe, eu não entendi! Você pode repetir a sua resposta um pouco mais alto? — Seu rosto cora violentamente. Portanto, Bia respira fundo antes de repetir.
— Eu não recebi nenhum, Senhor Bennett.
— Entendi — ralho, enquanto a observo apertar fortemente a xícara em suas mãos. — E quantos projetos importantes delegou aqui nessa empresa, Senhorita? — Ela engole em seco agora.
— Nenhum, Senhor Bennett. — Chego um pouco mais perto dela e olho dentro dos seus olhos.
— Talvez se você calasse essa sua boca ferina e se dedicasse mais ao seu trabalho. Talvez, conseguisse fazer algo mais importante pela B.D, Senhorita. Vocês concordam comigo, meninas? — inquiro olhando uma a uma e elas abanam as suas cabeças um tanto constrangidas. E você, Bia, acha que estou certo? — Ela balbucia outra vez.
— Me desculpe por isso, Senhor… Bennett! Eu prometo que…
— A Bennett Designer procura por profissionais competentes, criativos e ágeis. — A corto bruscamente. — Sete anos é tempo demais, Senhorita e você não progrediu em nada aqui dentro. — Percebo seus lábios tremularem. — Confesso que estou decepcionado. A D.B costuma selecionar sempre os melhores profissionais para destaque no meio comercial. A empresa cresce e os meus funcionários costumam crescer junto com ela.
— Eu…
— Quem sabe na próxima oportunidade você tenha aprendido a sua lição e reconhecerá o seu verdadeiro lugar dentro de uma repartição? E quem sabe falará menos e contribuirá mais também?
— Eu… não compreendi… — Bia gagueja.
— Tudo bem, eu posso explicar, Senhorita. Estou dizendo que você e essa sua comitiva de fofoqueiras estão demitidas da Bennett Designer por falta de produção. Isso com certeza é uma justa causa, certo?. — Seus olhos voltam a se arregalar.
— Oh! — As outras mulheres fazem um burburinho assustado.
— Senhor Bennett, o Senhor não pode me demitir apenas por conversar com as minhas amigas! — Bia protesta, vindo atrás de mim. Contudo, paro bruscamente e ela é obrigada a frear praticamente em cima de mim.
— Júlia Ricci apesar de ser uma profissional recém-formada e muito jovem, é uma arquiteta exemplar, Senhorita. Ela é a mulher mais forte e determinada que eu já conheci na vida, e mesmo com tão pouca experiência, em menos de um mês ela assumiu um projeto de grande porte e ainda, ela foi premiada por isso. Agora me diga, quem é você para determinar quem serve para mim ou não? — Ela balbucia violentamente constrangida quando percebe parte dos funcionários assistindo esse nosso embate.
— Senhor Bennett, por favor…
— Se ponha no seu lugar, Bia! — ordeno e ela imediatamente abaixa a cabeça. — Você não chega ao rastro do mais fraco arquiteto dessa empresa, quem dirá da minha melhor arquiteta? Agora saia da minha frente! — rosno e volto a lhe dar as costas, adentrando a minha sala em seguida. E puto da vida, esmurro uma pequena estatueta que estava em cima da minha mesa. O objeto é imediatamente lançado contra uma parede e se estilhaça, se espalhando pelo chão.
Respiro fundo e mesmo agitado por dentro, decido enfiar a minha cara no trabalho.
— Desculpe interrompê-lo, Senhor Bennet, eu trouxe alguns croquis do projeto Skyreach.
— Obrigado, Anne! — respondo sem olhá-la e quando escuto a porta se fechar, abro a planta em cima da minha mesa e analiso as suas linhas. Entretanto, o meu olhar profissional para em cima das siglas J.R e a ponta do meu indicador desliza suavemente sobre as duas letras.

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