Bennett
— Que absurdo, você me deixou sozinha lá fora com aqueles fotógrafos idiotas! — Minha sócia resmunga discretamente, porém, irritada assim que me alcança dentro do salão. Contudo, ao invés de lhe responder entorno a bebida e vou ao encontro de Robert Stell, um magnata do meio de comunicações. — Vê se não exagera, David!
— Por que você não vai atrás do próximo da lista? — sugiro um tanto rabugento. — Assim acabamos rápido com essa droga toda. — Ela bufa em resposta e assim que me aproximo de Robert, Monique enlaça o seu braço no meu e sorrir amplamente para o empresário. Sem qualquer pompa, me livro do seu agarre e inicio uma conversa com o CEO, que percebe o constrangimento da mulher ao meu lado. — Robert Still, a quanto tempo?
— David Benett! — Logo apertamos as mãos.
Falar sobre projetos e construções é o meu universo, e me faz esquecer desses últimos dias dentro da prisão que eu mesmo me coloquei. Contudo, no meio da roda de amigos e de homens poderosos, percebo uma silhueta familiar e mesmo com tanta gente na minha frente, tenho o vislumbre de um vestido longo e vermelho.
Júlia!
Meu coração dispara enlouquecido e sem qualquer consideração ao que vim fazer aqui essa noite, peço licença e saio rapidamente ao seu encontro.
— Júlia?! — Resfôlego ao fazê-la virar-se bruscamente de frente para mim, mas toda essa minha alegria esfuziante cai por terra ao perceber que não é ela. — Ah, me desculpe! — peço para a moça que me lança um olhar confuso. — Eu pensei que você era outra pessoa.
— Tudo bem! — A moça sorri sem graça para mim e volta para a sua roda de conversa.
— Que merda você está fazendo, David!? Desde quando você perde o controle por causa de uma mulher, porra?!— Puxo o fôlego com força e pego o meu segundo copo da noite, entornando-o logo em seguida. Quem sabe o álcool me traga a consciência de volta? Entretanto, a minha cabeça dá um leve giro e eu tento me concentrar no que realmente preciso fazer aqui. — Richard Bueno?
— David Bennett! Como vão os projetos da Bennett Designer?
— De vento em popa, meu amigo. — Abro o meu melhor sorriso profissional. — Soube que está com um megaprojeto e a procura de um arquiteto de renome para delegá-lo.
— Pois é, mas ele ainda não saiu dos papéis. Não é nada fácil encontrar um arquiteto como você para me dar algumas ideias. E como você está sempre ocupado…
De repente um movimento na escadaria chama a minha atenção e eu fico imediatamente preso a imagem de Júlia Ricci dentro de um exuberante, porém sexy vestido de festa. A fenda em sua coxa me faz engolir em seco. Contudo, os olhares masculinos que a devoram à medida que ela caminha entre os convidados me faz trincar fortemente o meu maxilar. Entretanto, respiro fundo ao observar os detalhes que tem um misto de pureza e sensualidade. Uma mistura que rouba a minha sanidade, que me deixa impulsivo e fervendo por dentro.
— Bennett? — desperto da minha inspeção quando Richard chama a minha atenção e percebo que não estou atento a nossa conversa. Portanto, limpo a garganta e me forço a desviar os meus olhos de cima da elegante mulher que logo fica de costas para mim, enquanto se envolve em uma conversa um tanto animada com o contador Olliver Gutten.
— Só um minuto! — peço, me afastando do empresário.
— David, o que você está fazendo?! — Monique intervém impetuosa. Segundando firme no meu braço e me impede de continuar com essa loucura.
— Sabe David, eu gostaria que o seu pessoal marcasse um horário para conversarmos, mas se estiver muito ocupado, eu posso ver com outra empresa…
— Não é preciso! — O interrompo, olhando firme nos seus olhos. — Podemos marcar o seu horário para a próxima semana. Tudo bem para você? — digo rigidamente, me forçando a tirar os meus olhos de cima da mulher que tem conturbado a minha vida.
Não pode ser mais uma alucinação da minha cabeça. É ela, tem que ser ela!
Penso. Portanto, manter a minha concentração nas conversas de negócios dessa noite passou a ser uma tortura para mim e quando já estou prestes a fechar mais um negócio percebo-a se afastar da multidão e ir para o terraço. Inquieto, decido encerrar a minha noite de negócios para ir confrontá-la.
— Termine isso para mim, Monique! — peço para a minha sócia e me afasto antes que ela comece a protestar.
Contudo, entrar no terraço e vê-la bem ali na minha frente é como respirar outra vez. Júlia está tão perto que é possível tocá-la com as minhas mãos e imediatamente o meu corpo anseia pelo seu. Minhas mãos ávidas almejam tocá-la outra vez, sentir o seu calor, a maciez da sua pele e céus, eu preciso sentir o seu perfume invadindo o meu sistema e me trazer um fio de vida! Deus, eu preciso me sentir seguro em seus braços de novo. Entretanto, eu não esperava encontrar em seu lugar uma mulher tão fria e seca, com suas palavras duras e gélidas. Essa mulher em pé bem na minha frente em nada se aparece com a Júlia Ricci que eu conheci.
Onde está a minha doce Júlia? O que eu fiz com ela?
Por Deus, eu queria poder dizer que a amo. Que eu a quero para mim custe o que custar. Que sou inteiramente seu. Meu corpo, minha alma e meu coração lhe pertence e ter a certeza disso é tão assustador quanto é libertador. Contudo, ela sequer me deu a chance e simplesmente ela saiu, me deixando ainda mais vazio.
— Siga aquele táxi, Mateo! — ordeno para o meu motorista quando a vejo entrar com pressa no carro e mesmo disperso do que está acontecendo, Mateo entra abruptamente no meu carro e assume o volante, entrando com pressa no asfalto. — Não perca ele de vista, ou você perderá a droga do seu emprego! — rosno apreensivo, sem tirar os meus olhos do veículo amarelo a nossa frente, que logo entra em uma BR, saindo da cidade em seguida. Minutos depois, o táxi começa a perder velocidade e me dou conta de que estamos em um bairro de classe alta.

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