— Bom dia a todos! — falo usando o meu melhor profissional para um pequeno grupo de jovens reunidos ao redor de uma sala retangular não muito grande, que comporta seis cadeiras. — Meu nome é Júlia Ricci e essa é a Melissa Jones, minha sócia. Vocês estão aqui para fazer um teste de seleção, pois infelizmente não poderei contratar todos. Mas, para ser justa entregarei uma simulação de um projeto de médio porte e espero que vocês escrevam nos bloquinhos algumas ideias que surgirem em suas cabeças. E após escolhermos as quatro melhores ideias, entregarei para os semifinalistas algumas cartolinas em branco. A ideia é escolher entre os três melhores croquis. Portanto, caprichem. A Melissa fará uma análise desses desenhos e eu anunciarei os dois vencedores. Tudo bem?
Após explicar os detalhes de cada etapa de classificação para a escolha dos melhores estudantes de arquitetura e decoração, deixo o pequeno grupo concentrado em seus trabalhos e vou para a minha sala que fica bem no hall de entrada da minha microempresa para começar a organizar a minha agenda do dia.
— Estou bem animada com essa garota. — Melissa comenta, deixando um copo de suco de morango em cima da minha mesa.
Sorrio satisfeita para os seus cuidados.
— A nossa empresa está ganhando vida, Mel — sibilo, bebericando o suco em seguida.
— Ela está e eu estou bastante empolgada com isso. Ah, que horas são? — Ela indaga de repente, olhando direto para o relógio no seu pulso. — Vou apressar o Alex, ou ele vai se atrasar para a escola. Tudo bem você ficar sozinha por algumas horas?
— Horas? — questiono um tanto curiosa.
— É que… eu preciso ir resolver umas coisas…
— Coisas? — a interrompo, achando graça. Contudo, Melissa meneia a cabeça fazendo sim. — Ou você vai se encontrar com um certo Ursinho? — Suas bochechas coram.
— Não seja mexeriqueira, Júlia Ricci! — Minha amiga resmunga sem graça e não seguro uma divertida gargalhada baixa. — Eu vou ver o Alex e você se concentre no que realmente interessa.
— Sim, Senhora! — retruco com humor e quando ela começa a subir os degraus, eu volto a me concentrar na minha agenda. Entretanto, no mesmo instante escuto alguns passos firmes dentro da minha sala e sem tirar os meus olhos de cima da agenda, indago: — Esqueceu alguma coisa, Mel?
O fato de não obter uma resposta sua me intrigada. Portanto, ergo a minha cabeça e encontrando a presença imponente do Senhor David Bennett, que me faz levantar da cadeira imediatamente. Vê-lo em pé bem na minha frente me deixa com a garganta seca e logo o mesmo rebuliço da noite passada se inicia dentro de mim. Contudo, fico confusa ao fitar um ramalhete de flores mistas em sua mão e depois, procuro o seu olhar firme e determinado. Entretanto, não consigo evitar de olhar rapidamente para a escadaria atrás dele e começo a desejar que Alex não apareça aqui.
— Como? — indago aturdida. — Como me encontrou aqui? — David desvia o seu olhar curioso e admirado que exploravam o ambiente simples, porém, requintado.
— Eu gostei do que fez aqui! — Ele fala, ignorando as minhas interrogações. Irritada, pressiono o meu lábio inferior com os meus dentes.
— O que faz aqui, Senhor Bennett? — Insisto irritadiça. No entanto, em resposta os seus olhos voltam a percorrer toda a sala, parando por alguns segundos no lustre de cristal acima de sua cabeça. Por fim, Bennett dá alguns passos dentro da sala, provavelmente analisando os poucos móveis modernos. — Senhor Bennett? — Volto a insistir e ele enfim se vira para mim.
— Definitivamente você pôs a sua alma nesse negócio.
— Eu não pus. Minha decoradora e sócia fez tudo — ralho, porém, seguro um sorriso orgulhoso, mantendo-me firme e rígida.
— Sócia? — Parece analisar essa palavra no meu contexto. — Aqui é pequeno, mas é elegante e versátil. — Ele continua com sua análise.
— Pode me dizer como encontrou esse lugar, Senhor Bennett? — Ignoro o seu comentário. — A caso o Senhor me seguiu na noite passada? — O acuso, mas para a minha surpresa ele faz um gesto desdenhoso.
— Você não me deu outra opção, Senhorita Ricci. Eu te disse que precisávamos conversar e mesmo assim você resolveu me ignorar, e me deixou falando sozinho. E isso foi bem injusto.
Justiça? Ele está mesmo falando mesmo sobre justiça?

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