Júlia
— Ah pelo amor de Deus, é tão difícil assim de entender?! — Melissa resmunga fula da vida, se metendo na conversa. — Ela pediu para você ir embora daqui homem! Então por que você não põe o seu rabinho entre as pernas e sai logo daqui?! — A baixinha enfrenta o seu olhar altivo e nitidamente alterado. Entretanto, Bennett se dar por vencido, engolindo toda a sua altivez e engole em seco. Os seus olhos imediatamente buscam os meus, porém, o fito com indiferença. Em silêncio, Bennett ergue o buque de flores e o coloca em cima da minha mesa.
— Meus parabéns pelo escritório! — Ele diz seco. — Eu sempre acreditei que você chegaria longe e você só está me provando que eu estava certo. — Tenho vontade de rebater, mas permaneço calada. — Espero que elas alegrem o seu dia, Júlia. — David diz e pressiono os meus lábios. E o fato de o Senhor Bennett chegar perto demais de mim como fez na noite passada me faz prender a respiração. — Eu preciso que você saiba que não vou desistir de vocês. — Aturdida com essa sua promessa atrevida, encaro um par de olhos determinados.
— Por favor, não procure mais, Senhor Bennett! — rosno baixo, porém, firme. — Eu não tenho nenhum interesse em saber o que você sente ou o que deixa de sentir. Só… não me procure mais. — Sua respiração b**e quente contra a minha pele e seus olhos permanecem presos nos meus por mais alguns instantes, até que ele se afasta e sai sem olhar para trás.
Solto o ar que estava presa em meus pulmões e trêmula, me sento em minha cadeira.
— Mas que babaca, idiota! — Melissa resmunga, segurando o buque em seus braços e o j**a dentro da lata do lixo. — Você está bem, amiga? — Ela procura saber, mas apenas meneio a cabeça fazendo sim para ela. — Tem certeza?
— Eu estou bem, Melissa! — garanto. — Eu… vou ver o meu filho. — Dou alguns passos apressados na direção da escadaria e subo os degraus, direto para o seu quarto. Contudo, dou duas batidinhas na porta antes de abri-la e o encontro sentado no centro de sua cama, mexendo nos seus carrinhos. — Oi! — sibilo baixo e cautelosa, aproximando-me dele. — Está tudo bem?
— Por que ele veio aqui, mamãe? — O tom magoado com que faz a indagação me deixa sem saber o que dizer. Dou de ombros.
— Eu não sei, querido.
— Mamãe, eu não quero que o David te machuque outra vez. — Forço um sorriso para ele.
— E ele não vai, filho.
— Eu não quero que ele fique perto de você e da minha irmãzinha. — Beijo o topo da sua cabeça e o abraço.
— E eu não quero que se preocupe com isso, filho. Eu sei lidar com o Senhor Bennett e o manterei bem longe da nossa família.
— Promete? — O faço olhar nos meus olhos.
— Que tal você ir para a escola agora e curtir um pouco com os seus novos amiguinhos? Essa é uma conversa de adultos, Alex e eu prometo que vou resolver essa situação, está bem?
— Se ele voltar a te machucar, eu juro que vou…
— Você não vai fazer nada, mocinho. Eu já disse, é uma conversa de adultos. Você é apenas uma criança e não precisa se preocupar com essas coisas. Agora, que tal ir para a escola com a tia Mel?
— Está bem. — Mais calmo, Alex pega a sua mochila, a ajeita em suas costas e logo estamos descendo os degraus.
— Ei, que tal um abraço? — peço, me agachando para ficar da sua altura e no ato, lanço lhe um doce sorriso. Alex não pensa duas vezes e os seus braços me envolvem no mesmo segundo. — Eu te amo, filho! — sussurro em meio ao nosso abraço.
— Também te amo, mamãe! — E quando fico sozinha outra vez, penso nessa conversa sem sentido de David Bennett.
… Nunca diga não para mim, Júlia. Essa palavra não existe no meu dicionário. Portanto, quando eu quero, mesmo que você me diga que não, eu vou lá e pego.
Sinto um calafrio percorrer todo o meu corpo quando me lembro dessas suas palavras.
— O que o Senhor quer com tudo isso, Senhor Bennett? — bufo irritada. — Foi você quem me expulsou da sua vida, se lembra? Então por que não deixa a mim e o meu filho em paz de uma vez? — Fito as flores dentro do balde de lixo e como se fosse atraída por elas me aproximo e as resgato, colocando-as com cuidado dentro de um vaso com água e depois, em cima da minha mesa. — O que você está fazendo, Júlia? — questiono-me e logo me pego inclinando sobre as flores para aspirar o seu perfume suave.

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