Bennett
À noite…
Após um banho demorado, saio do meu quarto direto para o escritório da minha casa. Essa será mais uma noite de solidão, agarrado a uma garrafa de uísque que logo me deixará entorpecido e com certeza apagarei, me afundando em um sono profundo e cheio de sonhos. Contudo, ao chegar ao térreo a campainha começa a tocar e antes que Lucy apareça para abrir a porta, eu mesmo faço isso. Lina surge no meu campo de visão, erguendo uma garrafa de vinho e ela abre um sorriso.
— Boa noite, querido irmão! — Ela diz, invadindo a minha sala.
— O que você está fazendo aqui? — rosno quando ela adentra a minha sala de visitas.
— O que você acha? — Dou de ombros, enquanto ela vai até o bar de canto e serve duas taças, me entendendo uma delas. — Estou aqui para ser a sua ouvinte. — Minha irmã se senta em um dos sofás de três lugares e dá algumas tapinhas no estofado me convidando a me sentar.
— Ouvinte? — ralho e beberico a bebida adocicada.
— Me conte, como estão as coisas entre você e a Júlia? — Sua indagação deixar um gosto amargo no meu paladar e eu entorno a bebida de uma vez na boca.
— Nós acabamos — digo sem enrolação. — Na verdade, eu a mandei ir embora.
— E por que você faria isso? — Respiro fundo e me levanto do sofá para me servir algo mais forte. No ato, bebo um gole grande do uísque e logo sinto o calor do álcool aquecer a minha garganta.
— O que você acha? Medo, eu acho. E… covardia. — Puxo mais uma respiração alta. — Ela disse que me amava, Lina.
— Oh!
— Mas em troca, esse seu irmão burro disse que ela não era mulher para mim.
— Nossa, que babaca, David Bennett! — Lina rosna e eu concordo com ela.
— Eu a magoei e não sei como consertar isso — lamento, bebendo mais um gole da minha bebida.
— Hum, a caso você tentou consertar esse seu “erro”?
— Eu tentei me aproximar dela por duas vezes. Mas a Júlia não quer me ouvir.
— Você disse que a ama?
— Por que eu diria isso?! — rosno com fingido sarcasmo, esvaziando o meu copo em seguida.
— Porque é a verdade! — Ela diz o óbvio, porém, olho nos seus olhos. — David, será que você não consegue ver? Querido, a Júlia te faz sorrir. Ela te deixa diferente, mas leve, comunicativo, alegre. Eu nunca o vi tão à vontade com a sua família como naquele jantar, David. — Trinco o maxilar.
— Isso já não importa, Lina — rebato vencido.
— Como não? — Lina expõe uma alegria esfuziante na sua interrogação. — David, se você se abrir com ela, contar o que se passa aí dentro de você. — Lina sorri docemente. — Diga que a ama! Eu tenho certeza de que a Júlia vai considerar pensar em voltar para você. — De repente sinto um fio de esperança preencher o meu coração dolorido. Contudo, seu telefone começa a tocar. Ela Segura o aparelho com curiosidade e o meu coração dispara forte quando me mostra o nome de Júlia brilhando em sua tela. — Júlia? — A forma como Lina menciona seu nome me deixa em estado de alerta. — Leve-o para o hospital agora mesmo! Estou indo para lá!
— Hospital? — inquiro preocupado.

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