Júlia
— Bom dia! — Cantarolo, abrindo a porta do quarto do meu filho, enquanto Melissa adentra o cômodo segurando uma bandeja cheia de comidas animadas com seus sorrisos e olhos brilhantes.
— Olá, Senhor! Estou muito feliz em ser a sua refeição essa manhã. — Ela faz uma voz engraçada, depositando a bandeja em cima da cama de casal.
— Como você está, filhão?
— Estou muito forte!
— Ah que bom, Senhor Fortão! Então não vai se importar de devorar todas essas delícias que a mamãe e eu tivemos bastante trabalho em preparar para você, certo?
— Tia Mel?
— Sim, querido!
— Você sabia que eu vou ganhar uma irmãzinha?
— É claro que eu sei!
— Então como eu posso mostrar para ela que já cresci, se você ainda me trata feito um bebezinho? — Em resposta Melissa olha para mim, mas dou de ombros, escondendo o meu riso.
— Escute aqui, Senhor Homem da Casa. Eu fiz essas panquecas sorridentes somente para te fazer feliz. Pode apenas devorá-las, por favor? — Alex fita o doce e lambe os lábios, segurando um garfo para abocanhar o primeiro pedaço.
— Hum! — Ele geme de prazer, fechando os seus olhos e me faz abrir um pequeno sorriso cheio de satisfação.
— Isso! Você é um fofo, sabia? — Melissa aperta as suas bochechas e sai do quarto em seguida. Em silêncio, me aproximo da sua cama e o fito enquanto ele devora o seu café da manhã.
— Como está se sentindo, filho? — Alex mexe os ombros com desdém.
— Mamãe, o David está com raiva da gente? — Arqueio as sobrancelhas para essa pergunta. — Eu sonhei que ele estava gritando comigo e que ele te fazia chorar. — Suspiro baixo, sentindo um nó comprimir a minha garganta. — Eu não quero que ele venha mais aqui, mamãe.
— Querido, eu tenho certeza de que o seu amigo…
— Ele não é mais o meu amigo. — Sua declaração desdenhosa me deixa quase sem palavras.
— Tudo bem, querido! Mas eu sei que o Senhor Bennett jamais te machucaria. Foi apenas um sonho.
— É por causa das cicatrizes dele? — Outro questionamento seu que me deixa aturdida.
— O que?
— Uma vez ele me falou que elas eram profundas demais e que doíam muito. É por isso que ele está sempre irritado, mamãe?
— Alex, por que está me perguntando essas coisas, querido? — Acaricio os seus cabelos, permitindo que a minha mão deslize com suavidade por sua bochecha.
— Uma vez eu o vi chorando. — Ele lamenta baixinho. — Foi por isso que eu quis ser amigo dele, mamãe. Mas agora ele parece estar do mal, sabe? Como se não quisesse mais ser o meu amigo.
— O Senhor Bennett não é uma pessoa má, filho. Ele só… está confuso com toda essa atenção. Nós o amamos, mas ele… não sabe amar.
— Ele não sabe? — Alex ergue os seus olhos para mim. — Como ele não sabe, se ele é um adulto? — Apenas respiro fundo.
— É uma longa história, querido.
— Mamãe, promete que ele nunca mais virá aqui na nossa casa? — balbucio sem saber o que dizer. Contudo, beijo calidamente a sua testa.
— Ele não virá mais aqui, está bem? — Garanto docemente. — Agora coma tudo. A mamãe e a tia Mel estará lá embaixo trabalhando e você pode brincar um pouco com o vídeo game, mas só um pouco, está bem? — Em resposta, meu filho meneia a cabeça fazendo sim e volta a comer.
— Não conte para tia Mel, mas eu adorei essa surpresa! — Sorrio.

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