Bennett
À noite o silêncio da minha casa me atormenta e me deixa inquieto. E a vontade de ligar para ela parece querer me enlouquecer. Mas não, eu não posso fraquejar. Não posso trazê-la para dentro do meu inferno outra vez.
Vai ser melhor assim. Penso, sentindo o meu peito se rasgar por dentro.
Ouvir o som da sua voz deve me ajudar a dormir. Meu íntimo implora e eu fito o celular largado em cima do criado mudo. Que droga, David, já está tarde e ela já deve estar dormindo. Transtornado, faço a única coisa que sei fazer e que de alguma forma me dará a sensação de estar perto dela outra vez. Ansioso por uma noite de sono tranquila após semanas sem conseguir dormir, pego um cobertor e um travesseiro, e vou para o terceiro andar da casa, onde encontro alguns quadros expostos nas paredes com algumas imagens de Júlia e de Alex. E sem tirar os meus olhos de cima delas, me acomodo em um sofá apertado, mantendo os meus olhos fixos no seu sorriso.
Respiro fundo, quando penso que o meu coração começou a bater mais forte e desenfreado apenas com essa linda visão e sem perceber, retribuo o seu sorriso, forçando-me a fechar os meus olhos para enfim tentar dormir. Contudo, o meu celular começa a tocar e um calor gostoso imediatamente aquece os meus ossos frios.
— Júlia? — digo assim que atendo a sua ligação.
Droga, contenha-se homem! Resmungo mentalmente. Você parece um menino explodindo ansiedade por todos os poros.
— Por que está acordada a essa hora? — pergunto mais firme agora.
— Eu... não consigo dormir.
Um sorriso gigante se abre nos meus lábios.
— Onde você está?
— Estou na minha sala de estar, bebendo uma xícara de chá.
— Por que está agitada?
— Eu… não sei explicar. — Uno as sobrancelhas. — Eu… acho que queria que você estivesse aqui.
E toda a minha atmosfera muda completamente . Toda a ansiedade e inquietação, essa m*****a sensação de solidão. Júlia me preenche de uma forma irreversível.
— Estou indo te buscar, amor!
— O que?! — Ela exaspera. — Não…
Encerro a ligação antes que ela me faça desistir dessa minha loucura e imediatamente desço os degraus para pôr uma roupa. E no segundo seguinte, entro no meu carro e dirijo direto para a cidade vizinha. No entanto, assim que estaciono o veículo, pego o meu celular e ligo para ela.
— Você é maluco, sabia? — Júlia ralha divertida assim que me atende.

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