Júlia
— Júlia, eu desenhei alguns detalhes para o centro de hipismo da fazenda Falcon Ridge. — Philip diz, sentando-se em uma cadeira de frente para a minha mesa. Ávido, ele abre uma folha de papel grande com o desenho de uma planta ampla e bem detalhada. — Eu pensei que os estábulos bem próximos aos cercados de pastos ficariam bem proporcional, mas sempre mantendo um equilíbrio entre a vida animal e um ambiente atrativo, porém, propício a visitas.
— E esses lagos?
— Eles já existem no terreno e acredito que mantê-los lá, acrescentando mais árvores e uma grama mais verdejante dará aos visitantes mais opções para ficar por mais tempo na fazenda. Um lazer cheio de tranquilidade à parte.
— Isso é muito bom, mas foge um pouco do que o Senhor Gutten nos pediu, Philip.
— Ah, refere-se ao haras? Na verdade, não foge, Júlia.
— Como não?
— Veja, o Senhor Oliver Gutten tem uma fazenda muito ampla. São hectares e mais hectares de terras inutilizadas, onde ele visa ampliar seus negócios com cavalos abrangendo comércio, esporte e turismo. Estou sugerindo uma proposta mais ampla para o treino e s prática do hipismo, só que do outro lado. — Ele abre outra planta, essa ainda maior do que a primeira.
— Uau, mas isso está perfeito, Philip! E, como anda a confecção das maquetes?
— Faltam alguns detalhes. Acredito que em uma semana poderemos abrir uma apresentação comercial em potencial.
— Perfeito, Philip! Confesso que amei e que estou muito surpresa com tanta dedicação e a riqueza de detalhes. E, eu tenho certeza de que o Senhor Gutten vai aprová-lo.
— Obrigado, Júlia!
— E falando no nosso cliente. — Olho para o meu relógio de pulso. — Eu preciso ir, o almoço está marcado para as treze horas. Avise para Melissa para ela ir… — Paro de falar quando o meu celular faz um som de mensagem e seguro um sorriso apaixonado ao ver o nome de David brilhar na tela.
… Eu estive pensando, tudo bem para você eu ir pegar o Alex na escola hoje?
— Ah, pode ir, Philip! — Dispenso o meu funcionário.
… Eu não sei. Seria bom combinar com ele antes.
… Preciso me aproximar do meu garoto, Júlia.
Sorrio.
… Como faço isso com uma mãe superprotetora sempre pegando no pé dele?
… Mas que absurdo! Você está me julgando por amar demais o meu filho?
… Eu jamais julgaria o seu amor pelo Alex, mas eu quero a minha chance, Senhorita Ricci.
Bufo audível.
… Ok, mas me mantenha informada!
… Sim, Senhora! Que tal um almoço para três? Estou com saudades.
Meu sorriso se amplia.
… Infelizmente não posso. Tenho um compromisso com o Senhor Gutten em uma hora.
… Gutten?!
Reviro os olhos e até consigo imaginar a sua cara carrancuda agora.
… É só trabalho, Senhor Bennett!
… Essa sua reunião bem que podia ser na empresa, não acha?
… Preciso ir, Senhor ciumento!
Encerro a nossa conversa e pego a minha bolsa para sair da empresa. Minutos depois, o táxi para em frente a um restaurante luxuoso a beira mar e não me surpreendo ao ver Oliver Gutten me esperando em uma mesa solitária, reservada em uma varanda com uma vista de tirar o fôlego. Ao me vir, Gutten se levanta imediatamente para me receber. Contudo, ele não aperta a minha mão e sou pega de surpresa quando me dá um leve puxão, para beijar as minhas bochechas. A sua atitude me deixa um pouco desconsertada. Entretanto, me recomponho e me acomodo em uma cadeira de frente para ele.
— Espero que não se importe de dizer, mas você está linda como sempre, Júlia! — Gutten diz com um tom galanteador, sempre avaliando-me de cima a baixo.
— Obrigada, Senhor Gutten! — mantenho um tom profissional.

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