Júlia
— Eu não sei se consigo fazer isso, David. — De repente me sinto insegura. Contudo, David me lança um olhar tão firme. — Quer dizer, isso é mais do que uma simples construção. É a restauração da arquitetura de um prédio e eu… — Paro de falar quando ele chega perto demais e suas mãos possessivas voltam a segurar firmes na minha cintura. Contudo, inesperadamente David me ergue do chão e me faz sentar em cima da mesa. E sem tirar o seu olhar firme do meu, ele se encaixa no meio das minhas pernas.
— Eu sei que você consegue, Júlia Ricci. Porque você é uma mulher admirável, que nunca desiste, mesmo que isso a leve ao seu limite. Eu sei, porque eu presenciei essa mulher linda e forte em ação.
— Eu…
David toma a minha boca e o beijo envolvente me faz esquecer de todos os meus receios. Logo as minhas mãos envolvem a sua nuca e uma delas escorrega para as suas costas. E para a minha surpresa, David não se retrai ao meu toque. Ele simplesmente se entrega e eu me entrego sem quaisquer reservas.
***
Horas mais tarde…
— Então, você não vai me dizer onde esteve por dois dias inteiros? — Melissa questiona-me curiosa quando entro no meu quarto e me jogo na minha cama, abrindo um sorriso gigante e encaro o teto com meu olhar sonhador. — Júlia?! — Ela resmunga contrariada, se sentando bruscamente na cama e me faz quicar. Contudo, a olho sem saber como contar-lhe a verdade.
— Eu… — Limpo a garganta. — Estava com o David. — A olho, encontrando um par de sobrancelha erguidas.
— Bennett? — Melissa rosna meio irritada e fica de pé. Forço um sorriso amarelo para a minha amiga. — Eu não acredito nisso, Júlia Ricci! — retruca contrariada. — Depois de tudo que aquele home te disse?! Depois de tudo que ele te fez passar?! Sério?!
Respiro fundo.
— Você não conhece a história dele, Mel. — Tento justificar os meus atos para a minha amiga, que me olha atravessado. — O David… ele… tem um passado difícil…
— Ah claro, o velho conto do pobre menino rico! Júlia Ricci, acorde! Esse homem não passa de um idiota manipulador, isso sim! — Pressiono os lábios.
— Ele me ama, Mel — insisto.
— É sério que você acreditou nisso?
Bufo mentalmente.
— Sente-se aqui! — peço, dando algumas tapinhas do meu lado na cama e mesmo contra a vontade, ela faz.
— O David foi ensinado a não acreditar no amor. Todos os seus medos e receios, eu os conheci de perto. — Sorrio de boca fechada. — Ele se declarou para mim, Mel.
— Não sei, eu só acredito vendo!
— Eu sei. — Encosto a minha testa na sua. — E eu te amo por tentar me proteger, mas dessa vez eu sei que ele lutará pelo nosso amor.
— Ah, minha tolinha! — Melissa retruca, mas sem estresse dessa vez. — E o Alex? O que ele diz sobre isso? — Meu sorriso se amplia.
— Eles fizeram as pazes e…
— O que?
— O David está falando em casamento. — Volto a morder meu lábio inferior.
— Então, você disse sim?
— Eu disse que ia pensar. — Puxo a respiração. — Sei lá, eu tenho medo de atropelar as coisas e… — Me jogo na cama outra vez e encaro o teto. — O David está tão diferente, sabe? — falo deslumbrada. — Ele está mais atencioso e… romântico também.
— Romântico? David Bennett não é romântico, ele é… quer saber? Deixa pra lá. Eu te amo, Júlia Ricci, mas as vezes você comete cada burrada! — Ela sai da cama e caminha para a saída do cômodo. — Só dê um recado para esse Senhor Bennett. Se ele te magoar outra vez, eu vou capá-lo! — Dito isto, ela passa pela porta e no mesmo instante a campainha começa a tocar.
— Quem será a essa hora? — indago, saindo da cama.
— Eu não faço ideia. — Curiosas, seguimos direto para a escadaria.
— Não acredito! — Melissa retruca meio irritadiça com a visão de Paco através da porta de vidro transparente. — O que você está fazendo aqui, seu embuste?! — Ela ralha agitada, abrindo a porta. Contudo, Paco recua um pouco e o seu olhar balança de Melissa para mim.
— Oi, meninas! — Ele fala meio sem jeito. — Será que a gente pode conversar um pouco?
— Se você tivesse o mínimo de vergonha nessa sua cara nem viria até aqui… — Ela para de falar de repente. — Aliás, como encontrou o nosso endereço?!

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