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A Redenção do Ogro romance Capítulo 49

Camila Coelho

Me olho no espelho mais uma vez. Eu não devia ir nessa festa.O que vou fazer lá? Eu não tenho mais nada com Bernardo.

"Vai ser bom para o ateliê Camila. D. Irene vai usar um vestido seu. É o mínimo de delicadeza que você possa ter com ela. Ela veio pessoalmente te trazer o convite." - -escuto Sabrina na minha cabeça.

Foi isso que ela me disse quando falei que não iria.

Quando eu digo que preciso dela para dar conta do ateliê, ninguém acredita.

E é com esta frase que eu me convenço que tenho que ir na festa de boas vindas e aniversário de William.

Pelo menos não vou ficar deslocada. As meninas vão estar lá.

E a imprensa toda também... Faço uma careta!

"Seu nome vai estar na boca das dondocas/ socialites. Você tem que ir..."

Suspiro mais uma vez, ouvindo a voz de Sabrina e desfazendo a careta. Bem que Bernardo disse. Eu não levo jeito para isso! É difícil ser empreendedora, sendo antisocial.

E ele? O que vou fazer se ele for? Bom, a probabilidade é grande de ele não ir, mas e se ele for?

Suspiro... Eu preciso me preparar para ver ele novamente. Duas semanas seguidas... Vai ser um grande evento para a minha cabeça confusa e apaixonada. Acho que não devo ir…

Me sento na cama e tiro as sandálias de tira com salto quinze dos pés. Não vai dar certo!

Escuto meu telefone bipar e vejo que é uma mensagem da Sabrina.

"Espero que você já esteja pronta. Estamos saindo de casa agora."

Inferno!

Recoloco a sandália no pé e me olho mais uma vez no espelho.

Coragem Camila, você consegue!

Até que vai ser bom, pelo menos eu vou matar a curiosidade sobre Willian. E eu estou muito curiosa para conhecer esse homem que tira o Bernardo do sério... Tô curiosa para ver como o Sr. Max se comporta na frente dele. Se o Bernardo tem motivos para ficar tão desestabilizado assim.

Eu não tenho nada a ver com isso.

Não mesmo... Eu sei... Mas é só curiosidade! Só isso...

Sorrio para a minha imagem. Estou linda! Escolhi um vestido longo de cor lavanda, composto por um corpete ajustado no meu corpo tomara que caia, e uma saia esvoaçante de tule. Deixei meus cabelos bem lisos e fiz uma maquiagem bem discreta. Quero que as atenções estejam no meu vestido, não na minha maquiagem.

Ele foi confeccionado por mim há um tempo atrás, quando minha vida era bem mais tranquila do que hoje é. Nunca havia tido uma ocasião para usá-lo. Acho que hoje seria o dia ideal. Sabrina também estará usando um vestido meu. Um que ia para a loja no dia da inauguração, mas que ela ficou apaixonada quando esteve em minha casa no começo da semana. Enfim, vai ser uma oportunidade de ouro esse evento!

Pego a minha bolsa e respondo a mensagem da Sabrina. Quando chego na sala vejo Fernanda sentada no sofá vendo tv, com um saco de pipoca do microondas nas mãos. Ela me vê e sorri.

-Está linda! Tem certeza que não quer que eu vá.

-Tenho... Vou com Sabrina e Paulo. Já chega os seguranças deles. Se eu fosse você, aproveitava a folga.

-Não é folga quando Barreto está trabalhando. - ela faz uma careta. -e ir pra casa, pra limpar o apartamento, não estou a fim.

Eu gargalho!

-Porque não se muda logo pra cá? Você fica mais aqui do que na sua casa. E quando não está aqui, está na casa do Barreto. Não sei porque continua pagando aluguel.

-Às vezes eu me pergunto isso... -ela fala botando uma pipoca na boca.

-Ia adorar te ter aqui...

-O quê houve com a minha menina arredia que escolheu enfrentar uma doença grave sozinha, porque não quer preocupar ninguém?

Eu suspiro e me sento ao lado dela.

-Ainda não é grave...-pego uma pipoca do saco e ponho na boca.

-O quê não muda minha pergunta…

-Não sou a mesma depois de Bernardo.

Ela ri e diz:

- Tem certeza que vai nessa festa? Quero dizer, você está preparada?

-Eu tenho que ir, o ateliê precisa que eu vá.

-Faça isso por você... Pense em você primeiro... Foi para isso que se afastou do Bernardo.

-Estou pensando em mim Fê... Eu preciso que algo dê certo na minha vida. O ateliê precisar dar certo.

Ela enche a boca de pipoca e não fala mais nada.

Fernanda não sabe de toda a minha vida. Ela não sabe de tudo, mas sabe o essencial...Ela é meu contato de emergência. Eu tinha que ter um.

Mas eu sei que eu venho botando ela numa situação muito ruim, que pode acabar com o relacionamento afetivo que ela tem com Barreto e destruir a sua carreira. E isso me deixa mais triste ainda…

Mas como disse, não posso mudar as escolhas dos outros. E ela escolheu estar ao meu lado até o fim. Eu sou muito grata por isso! E vou ser grata para sempre!

-Me desculpe. -falo para ela. Ela me olha sem entender. Então eu explico. -me desculpe por te envolver nessa história toda. Sei que está se arriscando por mim.

Ela revira os olhos.

-Nem tanto…

-Como não? Se Barreto descobrir que você escondeu isso deles, ele pode acabar com o relacionamento de vocês.

-Isso vai ser até bom... Pelo menos vou ter certeza que ele não me ama de verdade, se fizer isso...

-Fernanda…

-Não estou infringindo regras. Meu dever é te proteger e acatar suas ordens. Não a deles.

-Mais Bernardo paga seu salário.

- Tecnicamente quem paga meu salário é Barreto. Mesmo assim, ainda não estou infringindo regras. Ele me disse para te proteger e ser sua amiga. Ele disse que você precisava de uma amiga. E eu estou cumprindo meu papel.

-Ele te pediu relatórios.

-Que os entrego toda semana contando as coisas que eu acho relevante contar. Sempre digo que você está em tratamento. Do que, ele não precisa saber. E ele já sabia que você trata a síndrome do pânico. Então tecnicamente não estou mentindo.

-Mas se eu piorar, você vai contar?

-Eu não vou ter como esconder se piorar. Você precisa de pessoas ao seu redor se isso acontecer. Não vai conseguir sozinha Cami... Eu sei que acha que consegue, mas não vai…

Já discutimos isso várias vezes. Ela acha que eu devo contar para eles se as coisas saírem do controle. Mas só em pensar nas pessoas me olhando com pena e compaixão. Eu não quero isso! E Bernardo... Não quero que ele saiba disso... Eu suspiro…

Sei que ela tem razão. Mas eu ainda tenho esperanças de que tudo continuará sob o meu controle. Eu creio.

-É... Eu sei... Fiz a proposta para Sabrina. Ela ficou de pensar …

-Que ótimo Cami! Você vai contar para ela?

-Não... Quer dizer, só se eu piorar... E eu não vou piorar... Então não vou contar…

Ela suspira, revira os olhos e diz:

-Que seja!

Ficamos em silêncio por um tempo e escuto minha campainha tocando.

-Eles chegaram. Me deseje sorte!

-Toda sorte do mundo Cami! Força na peruca!

Eu sorrio e beijo a sua bochecha.

-Ok, vamos lá…

Pego a minha bolsa e me encaminho para a porta.

Se Deus quiser, a noite vai ser maravilhosa . Eu creio!

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