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A Redenção do Ogro romance Capítulo 96

Camila Coelho

Estou na frente do espelho só de calcinha e sutiã brancos. Vai combinar com o meu vestido que eu mesma fiz. Ser estilista tem suas vantagens.

Ultimamente eu tenho amado estar em frente ao espelho. Eu fui tão mimada nesses últimos meses que meu corpo voltou a ter as curvas que sempre teve.

Só com uma única diferença agora, eu tenho uma cicatriz no meio do meu peito que me diz que eu venci uma batalha. Eu venci a morte.

E hoje depois dos dois longos meses de recuperação... Uma recuperação dolorida diga-se de passagem, estou pronta para reiniciar a minha vida. Da forma que ela deve ser: ao lado do meu amor.

Esperamos dois meses para oficializar o que já desenvolvemos por esses meses. Uma relação de muita cumplicidade, proteção e carinho.

E Bernardo se tornou isso pra mim. Quem nunca imaginou que um ogro fosse se tornar o cara mais protetor e gentil do planeta, não conhecia verdadeiramente o Bernardo. Eu sempre soube que ele era assim, eu só não sabia que ele conseguiria ultrapassar o seus medos de sentir.

Esse cara sempre esteve dentro dele, debaixo de uma montanha de preconceitos que o pai impôs a ele. Esse cara que me diz todos os dias com o olhar que eu sou a mulher da sua vida, se tornou a minha razão para viver.

E por incrível que pareça não tem nada a ver com sexo. Tem a ver com amor…

Logo ele que nunca abriu a boca para falar um "eu te amo". Não precisa, já que ele me mostra todos os dias com atitudes e isso me basta.

Bernardo fez igual a fênix. Ressurgiu depois de exorcizar todos os preconceitos da sua cabeça e me prova todos os dias que esse novo Bernardo, veio pra ficar.

E volto a repetir... Isso não tem nada a ver com sexo. Estamos juntos a dois meses e até agora não aconteceu nada... Nadinha...

Primeiro que eu tinha que cumprir ordens médicas e me manter bem quietinha e quando fui liberada para sexo, ele resolveu esperar o nosso casamento. Para me mostrar que o que importava mesmo de agora em diante, não seriam as trepadas hardcore que faríamos, mas o sentimento que sempre nos uniu: a cumplicidade.

Achei fofo ele querer esperar comigo... Achei que valia a pena o sacrifício.

Nossos sentimentos são tão complexos, que só em estar com ele o tempo todo, já me fazia sentir realizada. Não que eu não sentisse falta, sentia... Muita...

Mas eu fiquei meses sem estar com ninguém... Então eu concordei em esperar. Ele queria me provar um ponto de vista... Era importante para ele. Então era importante pra mim também!

Hoje seria a cerimônia de rosas e o casamento civil, como combinamos no hospital. Não haveria festas, para a decepção das matriarcas da família. Bernardo estava irredutível em fazer minhas vontades, e tava na cara que eu não combinava com um casamento gigantesco cheio de papagaiada.

Nossa cerimônia de rosas serviria como um verdadeiro casamento. E depois teríamos um jantar aqui na casa dele, que se tornou a minha casa logo depois que tive alta do hospital. Tudo aconteceria aqui...

Depois iríamos para o Rio de Janeiro, onde ele faria uma surpresa para mim.

Confesso que estava ansiosa pela surpresa mais que o casamento em si.

Batem na porta da nossa suíte e eu grito.

-Entra…

-Você ainda está assim?

Vejo uma Sabrina sorridente e redonda, acompanhada de uma Duda também sorridente. Falta um pouco menos de um mês para Sabrina dar a luz a Clara. Nesses últimos meses a sua barriga triplicou de tamanho, trazendo dificuldade até para ela se locomover.

Ela se tornou verdadeiramente minha sócia. Depois do período que eu passei no hospital, percebi que eu não daria conta do ateliê e do Bernardo. Eu tinha que delegar, então ela aceitou a minha proposta.

Eu continuava desenhando os meus vestidos e liderando a confecção deles e ela cuidava de toda parte burocrática. O ateliê estava crescendo a ponto de precisarmos de mais funcionários. Eu não queria que Bernardo se chateasse com a minha vida dupla e nem que o Paulo se arrependesse de ter deixado Sabrina trabalhar. Então estávamos delegando para dar conta de tudo. Havíamos acabado de contratar um administrador e estávamos bem com isso.

-É só vestir o vestido e calçar as sandálias. A maquiagem já está feita e o cabelo também.

Optei por uma maquiagem clarinha, apenas com os olhos marcados e o meu cabelo havia crescido um pouco. Resolvi não cortar mais, já que meu noivo gostava deles compridos. Hoje eles estavam soltos e bem lisos.

-Está olhando para cicatriz de novo, né?-Duda murmura.

Na época da minha recuperação, as duas ficaram muito tempo comigo. Então não era a primeira vez que elas me pegavam olhando para a cicatriz.

Ela me dizia o quanto eu era forte! O quanto eu lutei pela minha vida, mesmo não tendo chances nenhuma de sobreviver. Arthur costuma dizer que houve um milagre naquela sala de operação. Que num certo momento ele achou que eu não fosse conseguir, até que eu provei a ele ao contrário.

-Ela significa muito pra mim. Às vezes me pego pensando que não era para eu estar aqui. Eu não vejo ela como um defeito, eu vejo como uma nova oportunidade de fazer a minha vida valer a pena.

-E vai fazer... Já está fazendo.

Eu sorrio concordando.

-Eu consegui meninas... Venci a morte!

-Conquistou o ogro... -Duda diz.

-E o transformou num cordeirinho... -Sabrina fala e eu gargalho.

-Fez seu ateliê ser um sucesso...

-Duda diz.

-E será uma ótima mãe, não importando a forma que queira realizar isso.

Eu enrugo a testa para as duas.

-Vocês ensaiaram isso?

Duda gargalha.

-Não... Você só merece tudo de bom que está acontecendo na sua vida, amiga. Você merece ser feliz!

-Começando por esse casamento maravilhoso! Porque eu não convenci Paulo de fazer o nosso assim?

-Arthur diz que casa comigo novamente. Então a nossa próxima cerimônia também será assim. Só as pessoas que importam!

-Exatamente! -eu e Sabrina falamos juntas.

-Eu sei filhinha, você está vindo por aí, mas não é hora agora.

Eu e Duda olhamos para ela sem entender.

-Calma gente, está tudo bem... É porque falamos juntas e lembra daquela crendice?

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