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Capítulo 51
— O senhor não precisa explicar nada! — seus olhos tremulavam, o peito subia e descia ofegante. — Não posso demorar, tenho que...
— Sim, preciso! Eu lhe devo muito.
Neste momento, senti um nó na garganta ao pensar que talvez fosse seu namorado que estivesse aguardando ansioso demais por ela. Seu celular começou a tocar na pequena bolsa que ela carregava, deixando-a em alerta.
— Um momento.
Sua testa enrugou quando olhou para o celular, ela logo retornou a ligação parecendo preocupada.
— O que houve?
Enquanto ela falava ao telefone, aproveitei para avaliar seu rosto saliente e impecável, o corpo capaz de fazer qualquer homem perder o raciocínio. O aroma floral era a única coisa que pertencia a minha Ana Lis do passado. Ela estava tão diferente que, embora sua matéria estivesse ao meu lado, eu sentia sua alma e seu coração distante.
— Como ele está?
A voz soou desconfortável e em tom alto. Sua mão estava em punhos cerrados confirmando minhas dúvidas, de que talvez seu namorado deve estar apressado para tê-la logo em sua casa.
— Chego em meia hora, ok?
Ao encerrar a ligação, sua atenção foi voltada para mim, no entanto, um embaraço surgiu em seu olhar e ela ficou ainda mais agitada.
— Adriel, preciso ir.
Cruzei as mãos e apoiei o queixo quando Ana se levantou preocupada com a ligação que acabara de receber. Só poderia ser o desgraçado que está com ela.
— Me dê seu número para conversarmos outra hora. — Levantei tirando o celular do bolso.
— Acho que não é uma boa ideia, Adriel.
— Por favor, Ana! Juro que não vou lhe fazer mal. Não tocarei em você, certo?
— Lembro-me de sua última promessa que não me tocaria mais, e no fim, você a quebrou. Isso faz de você um homem sem palavras!
Ela mantinha uma expressão distante. Uma leve pitada de hostilidade atou sua resposta, me pegou desprevenido e me enfraqueceu imediatamente.
— Tem razão!
Suspirei encarando o decote do vestido sobreposto na pele macia de suas costas nua.
— Juro por minha vida, não vou machucá-la nunca mais!
Se virou para mim, seu olhar atento caiu para minha mão. Ela hesitou por um instante, mas logo pegou o celular, discou seu número e o devolveu a mim.
— Ana?
Segurei seu braço quando ela estava prestes a sair novamente. Sua cabeça estava baixa e o corpo ficou completamente trêmulo, denotando seu total nervosismo.
— Adriel, eu não quero mais ouvi-lo...
Não resisti ao seu encanto, a puxei para meus braços fazendo-a se virar contra vontade e depois a beijei antes que abrisse a boca para me recusar.
As mãos frágeis empurravam meu peito tentando se livrar dos meus braços, mas correspondia ao beijo. Esperei anos para senti-la outra vez, não deixaria sair sem ao menos sentir o sabor dos seus lábios.
— Mm...
Resmunga na insistência de desvencilhar-se. O corpo já não era mais tão fino, estava mais avantajado e era impossível não sentir o desejo por sexo me consumir ao tê-la colada a mim.
— Desculpa! Não resisti.
Cobriu a boca com a palma da mão extremamente nervosa. Seus olhos extenuantes encheram-se de lágrimas enquanto me encarava assustada e ofegante. Meu coração doía, me senti culpado por agir sem pensar nas retaliações que meu ato pretensioso poderia causar.
— Eu am...
— Adriel, venha rápido!
Antes que eu terminasse de falar, Arthur entrou em estado de pânico no camarim. Ana rapidamente se recompôs, estreitou os olhos e encarou meu primo com desprezo.
— Que merda você está fazendo aqui?
O sentimento amoroso desapareceu e a raiva eminente varreu cada membro do meu corpo.
— É a Cecília! — ele ofegava cansado — ela passou mal e desmaiou.
— Boa noite meninos. Até mais!
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