Anjo Protetor romance Capítulo 10

Uma semana depois...

É difícil entender como as coisas acontecem em nossas vidas... O que poderia ser a pior tragédia da minha vida, acaba se transformando em algo bom, algo libertador e que acabou reavivando em mim a tão esquecida sensação que é ter um lar. Sei que não posso me acostumar com este lugar que, para mim, mais parece com um paraíso, apesar de não ter me aventurado muito pelos arredores da propriedade, mas o que pude observar já me deixou bastante impressionada e louca para desbravar tudo.

Com o passar dos dias, após ter quase sucumbido à tentação e implorado ao Dr. Collins que me beijasse, ele praticamente ignorou minha presença, aparecendo apenas para me examinar e partindo em seguida, sem contato, conversa ou qualquer tipo de proximidade. Confesso que a atração que já sentia por ele aumentou significativamente, pois cada vez que fecho meus olhos consigo sentir a suavidade de sua mão sobre minha pele e lábios, sinto seu hálito quente e mentolado sobre minha face. Nestas horas, meu corpo todo treme e quase entra em combustão com a sensação mais poderosa que senti em toda minha vida.

Suspiro só em pensar no toque de suas mãos sobre mim.

Sei que não deveria ter esses tipos de pensamentos, que é errado desejar um homem dessa forma sem ao menos conhecê-lo de verdade, mas é algo mais forte do que eu, mais forte até do que minha vontade, pois já me recriminei várias vezes e impus a mim mesma não cobiçá-lo da maneira que faço. Entretanto, é só vê-lo entrar pela porta com sua presença imponente, seu perfume másculo e inconfundível que o desejo e a cobiça ressurgem ferozmente dentro de mim e, por mais que tente, não consigo me controlar ou frear estes sentimentos.

Levanto da cama e vou até a grande janela do quarto, observo a imensidão verde a minha frente e me alegro por poder testemunhar essa maravilha que Deus criou, movimento o ombro ferido, constatando que está bem melhor e que em breve poderei partir e reconstruir minha vida como tanto planejei. No entanto, sei que sentirei saudades dessa casa, desse lugar lindo e que já aprendi a amar, apesar do pouco tempo, mas o que me deixa desolada é saber que jamais verei Ethan, o homem que me tem completamente em suas mãos mesmo sem tomar ciência desse fato.

Como se meus pensamentos o chamassem, vejo-o surgir em meio à floresta todo molhado, vestido apenas com uma bermuda e com todo o peitoral à mostra, cabelos completamente soltos na altura dos ombros. Fico completamente paralisada no lugar, lábios entreabertos e olhos arregalados com a visão mais linda que meus olhos poderiam ver.

─ Minha nossa! ─ Sussurro ainda embasbacada. ─ Como pode um homem ser tão lindo dessa forma? ─ Faço essa pergunta para o vazio, pois não há ninguém que possa respondê-la.

Agora a pouco admirava a floresta como uma obra divina e perfeita, mas este lindo homem que contemplo exprime o sentido da palavra perfeição para mim.

Eu deveria baixar minha vista e parar de observá-lo, mas como sempre, não consigo raciocinar direito quando se trata dele. Ele termina de se secar e entra em casa, o momento passa, mas não consigo me mover, apenas fico inerte olhando para o local em que agora a pouco o admirava como uma lunática.

Alguns minutos depois, saio do meu torpor e caminho até a cama com o corpo trêmulo, o coração e a respiração acelerados, porém uma parte de mim, que jamais pensei que pudesse reagir dessa forma, que jamais pudesse ser despertada de forma tão intensa, apenas com a visão de um corpo masculino. A sensação entre minhas pernas é tão forte que chega a pulsar em busca de algo que não sei o que é, mas que me faz desejar ardentemente com uma força jamais antes sentida por mim. De repente, um calor abrasador me consome e chego até a cogitar estar com febre novamente, apesar de não ter tido febre há uns três dias, porém, sei que o fato de estar febril não tem nada a ver com doença e, sim, com desejo, disso tenho consciência.

Um pouco cambaleante, caminho até o banheiro com a intenção de tomar um banho frio e esfriar o corpo.

Depois do banho tomado, visto a calça de moletom e a blusa que Ethan me emprestou e resolvo descer para ajudar preparar o almoço, como tenho feito todos os dias, assim que comecei a me sentir melhor, apesar dos protestos do médico. Foi a única forma que achei para retribuir seus cuidados e por me deixar ficar em sua casa, mesmo sem me conhecer.

Na cozinha tudo está calmo, com certeza ele deve estar tomando banho ou descansando, penso. Como já sei onde fica cada coisa na cozinha, resolvo começar a preparar a comida.

Alguns minutos se passaram e, estando absorta em meio à tarefa de preparar um suflê de carne, não percebi a presença de Ethan na cozinha, não antes de esbarrar em seu corpo e quase me estatelar no chão.

─ Ai! ─ Um grito alto escapa de minha garganta com o susto e o medo de cair porém, antes que eu me esborrache no chão, mãos fortes rodeiam minha cintura, impedindo minha queda, que não seria nada bonita, diga-se de passagem. ─ M... me desculpe, eu não o vi chegar e sem querer esbarrei no senhor... ─ Calo-me ao perceber que estou em seus braços. Seu perfume atinge em cheio minhas narinas, embriagando-me e desnorteando.

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