─ Deus! O que está acontecendo comigo? ─ Ainda encostado na porta, após sair do quarto como se mil demônios me perseguissem, passo a mão pelo cabelo tentando compreender o que está acontecendo comigo pois, ao entrar naquele banheiro e vê-la nua, a própria imagem da pureza virginal, eu deveria ter saído imediatamente mas, ao contrário do que deveria ter feito, fiquei lá parado, encantado com tanta beleza, porque, sem sombra de dúvidas, o que acabo de ver é a imagem da mais sublime perfeição e eu não consegui me mexer, apenas admirá-la. Porém, quando me dei conta da situação, consegui agir sensatamente e sair de lá.
Como pode aquela menina mexer tanto assim comigo? Como? Porra! Sou um homem feito e já estive com mais mulheres do que possa contar e, de repente, uma menina, que eu tenho por obrigação moral de proteger e ajudar me faz querer tomá-la a cada respiração, cada olhar seu em minha direção.
Estou completamente perdido!
Ainda um pouco atordoado, desencosto da porta e sigo para fora da cabana decidido a nadar até esgotar meu corpo já cansado do plantão no Centro Médico, mas totalmente em alerta pelos sentimentos que tomaram conta de mim ao me deparar com a visão mais lindo do mundo.
Caminho a esmo até me deparar com a água cristalina da cachoeira. Chegando lá, retiro toda a roupa e mergulho sem pensar em mais nada. Dou várias braçadas tentando levar meu corpo ao esgotamento máximo, tudo para não pensar ou nomear o sentimento que está me consumindo desde o dia em que pus meus olhos sobre um par de íris amareladas.
Sinto meus músculos protestarem pelo o esforço, mas não paro, não enquanto os sentimentos em reboliço dentro de mim não cessarem e eu retomar meu equilíbrio a tanto perdido.
Quando não consigo mais realizar qualquer tipo de movimento, resolvo parar e descansar sobre uma pedra embaixo da queda d´água. Nado até lá e, com um impulso, saio da água, sentando-me sobre a pedra. Estico as pernas e o corpo, inclinando o tronco para trás a fim de sentir a água molhar meu rosto tentando relaxar um pouco a tensão do corpo, querendo não mais pensar sobre as coisas que estão me consumindo, porém, sem sucesso.
Sacudo os cabelos compridos para me livrar do excesso de água no rosto e cabelo. Após algum tempo admirando a bela paisagem, meus pensamentos me levam até algumas horas atrás, ao momento em que encontrei Melanie Evans desfalecida no meio da floresta. Ainda não entra em minha cabeça como foi que ela, uma noviça, foi parar em uma mata, desacordada e baleada. Por quem? Não faço à mínima ideia. O que será que aconteceu para que ela fosse parar naquela situação? São tantos questionamentos que estou tentando achar uma maneira adequada para abordar o assunto de um jeito que não vá ser muito invasivo, já que mal nos conhecemos, mas me sinto no dever de descobrir o que está acontecendo na vida dela e tentar ajudá-la da melhor maneira possível.
Porém, o que mais me deixa intrigado nessa situação é o fato de que foi justamente eu a encontrá-la desmaiada no acostamento da estrada. É como se o destino tivesse me dado uma outra chance de reparar o mal que fiz a ela há nove anos. Sei que fui negligente, pois deveria ter feito muito mais por ela por todos esses anos. Agora pretendo cuidar dela e protegê-la, mas pretendo também tentar matar esse sentimento estranho que Melanie desperta em mim, sou um homem adulto e tenho que refrear essa coisa que me consome a cada vez que olho para aquele anjo virginal.
Balanço a cabeça para dispersar esse tipo de pensamento.
─ Ethan, cara, ela é só uma menina, porra! ─ Eu preciso urgentemente aliviar essa tensão acumulada dentro de mim. Só pode ser isso! Pois já nem lembro mais quando foi à última vez em que estive com uma mulher, e eu sendo um homem saudável e que adora um bom sexo, passar muito tempo sem uma companhia feminina deve estar mexendo com minha libido, só pode ser isso. Nunca fui de gostar de meninas virgens, ainda mais tão inocentes como Melanie Evans, ao contrário, prefiro mulheres que gostem de um sexo sujo e que aguente minhas taras e desejos na cama.
Mais calmo e com os pensamentos em ordem, mergulho na água e nado até a margem, saio da água com um impulso e sacudo os cabelos para retirar o excesso de água, visto minhas roupas e caminho em direção a minha casa. Alguns minutos depois estou entrando no ambiente aconchegante e que tem sido meu lar desde que resolvi me refugiar neste paraíso para fugir de tudo que me afligia em Londres. Decido tomar um banho e, depois, verificar como minha paciente está.
De banho tomado, bato na porta do quarto antes de entrar temendo encontrá-la nua novamente. Só este pensamento já é o suficiente para fazer meu sangue ferver nas veias. Contenho-me e entro no quarto após receber autorização para entrar. Entro no ambiente lentamente e engulo em seco ao me deparar com a imagem de um anjo de pele morena, olhos amarelos e lindos cabelos castanhos caindo em cascatas sobre os ombros. Não estava preparado para a visão que estou tendo agora, nada no mundo me prepararia para me deparar com a imagem da mulher mais linda que já vi em toda minha vida. Tenho noção de que estou parado no meio do quarto encarando-a incessantemente, mas apesar de saber disso, não consigo me mover, pois além dela estar sem o hábito e sem a touca que cobria seus cabelos, ela também está vestindo minha camisa. Porra! Ela está com minha camisa!
Vejo seu constrangimento com a maneira com que a estou encarando, e finalmente o bom senso cai em mim e eu tento focar no motivo que me fez vir aqui conversar com ela.
─ Vim saber como você está, Melanie. ─ Pigarreio para clarear a garganta e prossigo. ─ Tenho que checar sua temperatura a cada uma hora para ver se ela está alta demais. Caso isso aconteça, significa que o antitérmico que lhe dei não está fazendo efeito e eu terei de levá-la ao Centro Médico mesmo contra sua vontade. ─ Decreto.
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