Desperto completamente feliz, como jamais estive em toda minha vida. Espreguiço-me languidamente sobre a cama ainda quente e com perfume de Ethan. Inspiro seu aroma no travesseiro que ele dormiu, colocando-o no rosto e sorrio como uma boba por estar fazendo esse tipo de coisa.
Jamais imaginei que um dia iria viver tudo que vivi com Ethan nos dias que se seguiram após fazermos amor na cachoeira. De lá para cá estamos vivendo em uma bolha de amor e felicidade e confesso que estou amando cada minuto ao seu lado. E é cada coisa nova que ele me mostra, principalmente na hora em que estamos fazendo sexo, meu rosto chega a esquentar com as lembranças do que andamos fazendo todos os dias. Ontem, por exemplo, Ethan me colocou em uma posição que jamais imaginei que seria possível uma pessoa ficar, quem dirá fazer sexo. Cubro meu rosto com vergonha por ter gozado muito rápido quando ele me pegou por trás ao me colocar de quatro e puxar meus cabelos.
─ Deus! ─ Exclamo ao recordar o quanto Ethan é forte e másculo quando está comigo na cama mas, apesar de ser altamente mandão e de querer as coisas ao seu modo, ele sempre está preocupado comigo, com meu bem-estar, se estou gostando.
Espreguiço-me mais uma vez e resolvo levantar para tomar café da manhã sozinha, já que Ethan teve que sair bem cedo para o Centro Médico. Levanto e vou até o banheiro tomar um banho para espantar o sono.
Dez minutos depois, estou sentada na mesa da cozinha tomando uma caneca de café bem quentinho e suspirando ao lembrar de como meus dias têm sido maravilhosos. Sei que estou me ariscando demais por me permitir viver tudo isso com ele, ainda mais tendo plena consciência de que estou completamente apaixonada por Ethan e que posso me machucar demais e sair muito prejudicada disso tudo, principalmente estando no escuro, sem saber se o que sinto é retribuído em igual proporção, mas sei também que não me permitir viver isso não seria justo comigo mesma, pois já sofri demais sem nunca saber o que é receber carinho e amor e, se eu sair disso tudo com o coração partido, vai ter valido a pena mesmo assim.
Pensando friamente sobre tudo que aconteceu com a minha vida desde que sofri a tentativa de sequestro, é difícil de acreditar que a vida me reservava tantas coisas e que viriam juntas num pacote só. A começar por ter conseguido sair do convento de um jeito totalmente diferente do que planejei, pois há muito tempo já tinha imaginado que iria fugir pela passagem secreta que descobri no muro do quintal da propriedade e que foi como escapei da última vez para visitar meus amigos. Ao lembrar desse fato, me vem à mente o modo como Ethan ficou estranho quando lhe contei que havia apanhado da Madre Superiora quando fugi dessa vez, ele estava pensativo e calado demais.
─ Estranho... mas também você queria o quê, Melanie? Era de se esperar que ele ficasse daquela forma, não é? Até porque tenho certeza de que não é todo dia que ele escuta da boca de uma noviça que ela é maltratada por sua superiora, aquela que deveria lhe proteger e mostrar o caminho certo a seguir, segundo as leis de Deus, mas que, ao contrário disso, lhe humilhava e espancava.
Só de lembrar por tudo que já passei naquele convento me faz querer nunca mais olhar na cara daquela mulher odiosa e má.
Prometo a mim mesma que jamais voltarei para aquele lugar, mesmo que o que esteja vivendo com Ethan não dê certo. Decido que sairei da cidade como havia planejado antes e tentarei viver em outro lugar bem longe do vilarejo.
Com esse pensamento em mente, levanto e começo a arrumar a casa a fim de ocupar a mente para não pensar mais em coisas ruins e que com certeza ficaram para trás.
***
Algumas horas mais tarde escuto um carro estacionar em frente à cabana e meu coração começa a bater acelerado dentro do peito com a expectativa de ver Ethan novamente, de estar em seus braços outra vez. Ao ouvir a porta do carro bater e, em seguida, passos em direção à casa, fico totalmente ansiosa a ponto de enlouquecer. Quando Ethan passa pela porta, meus olhos o devoram com a mesma emoção que senti quando o vi pela primeira vez na frente do Centro Médico.
Ele para na soleira da porta e me fita com um olhar sério, forte e que já reconheço como sendo seu jeito de ser e que me diz várias coisas com apenas um olhar.
─ Vem aqui, bebê. ─ Ordena.
Faço como ele pede e vou em sua direção com as pernas trêmulas e o coração aos pulos. Ao parar em sua frente, sinto meu peito subir e descer com minha respiração acelerada. Porém, quando ele, com as costas da mão, acaricia minha bochecha, apenas fecho os olhos para absorver sua carícia e tudo que ele possa me dar, mas quando Ethan enreda minha cintura com seu braço forte me puxando para o calor dos seus braços, eu quase perco o controle do meu próprio corpo. Às vezes fico me perguntando se toda vez que o ver será desse mesmo jeito. Mesmo tendo estado com ele dias sem fim e sendo dele noite após noite eu ainda sinto meu mundo todo revirar-se, minha respiração falhar por, simplesmente, estar em sua presença.
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