Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 64

— Ai Rora, desculpas, eu sabia que você não bebia nada alcoólico, mas não achei que essa trufa pequenininha iria te fazer isso.

— Tudo bem Rafa, nem eu imaginava que isso iria acontecer.

— Toma esse copo de água. — Me estendeu a mão com um copo. — Só por causa disso, deixa que eu pago a conta hoje a noite.

— Sério?

— Não se acostume ouviu? — Falou passando a mão nas minhas costas. — Olha, eu estava pensando, a gente poderia chamar o Tácio para ir com a gente.

— Você está louca. Por que faríamos isso?

— Ah, tudo bem, se você não quer. — Respondeu desanimada.

A noite estava me arrumando, resolvi colocar a mesma calça que usei na feira agropecuária, presente da Denise, mas quando fui abotoar deu um trabalhinho.

Eu estava me alimentando melhor, pois, havia decidido não deixar meu corpo sofrer com meus problemas, logo, a Rafaela buzinou de frente minha casa, ela tinha um carro, o que era bom, pois assim a gente podia ir para lugares mais distantes, eu a ajudava sempre na gasolina, mesmo ela insistindo que não precisava.

Chegamos ao D'guste, um lugar bem calmo, que tinha os melhores hambúrgueres e petiscos que já havia comido na vida, escolhemos nossos lanches e ficamos esperando.

— Estou com tanta fome.

Falava sentindo o cheiro de lanches que os garçons levavam para a mesa de outros clientes.

— Eu também. Sabe o que pensei agora? — Disse animada.

— O quê?

— Se o Tácio estivesse aqui, ele escolheria o mesmo lanche que você pediu. — Disse olhando o cardápio outra vez.

— Nossa. Você pensa muito nele em? — Vi de repente o rosto da Rafaela ficar todo sem jeito, ela abaixou a cabeça e o olhar, e então notei algo, que não havia percebido antes. — Rafa, irei te fazer uma pergunta, mas só responda se você se sentir a vontade. Há algo entre você e Tácio?

Ela levantou a cabeça, mas desviou o olhar, como se pensasse antes em cada palavra que deveria dizer, logo começou a gaguejar.

— Não, claro que não. Imagina! — Exclamou como se eu tivesse lhe perguntado algo absurdo.

— Por que ficou assim sem jeito? — Insisti.

— Não é por nada, é que... — começou sem jeito. — Por favor, Aurora, não comenta isso com ele, a verdade é que, eu gosto dele, é isso. — Disse como se tirasse um grande peso das costas.

— Sério? Nossa, eu jamais imaginaria isso, você é tão imparcial lá no trabalho, nem dar para notar seus sentimentos por ele.

— Eu sei, eu nunca disse isso para ninguém, esperava que um dia ele pudesse se interessar por mim, e assim, eu abriria meu coração e falaria de meus sentimentos.

— Mas se você não disser nada, ele jamais irá desconfiar.

— Esse é o problema. Certa vez eu ia dizer, mas acabei descobrindo que ele estava namorando, daí então eu até tentei ignorar e segui, mas como sou sua secretária, algumas coisas ficavam encarregadas a mim, como comprar flores e enviar para ela, confirmar reservas nos restaurantes e hotéis, fazer o pagamento de joias. Isso tudo me cansou emocionalmente, então pedi demissão.

— Sério? Nossa Rafa, deve ter sido mesmo, muito difícil para você.

— Ele não aceitou e perguntou o que estava havendo, claro que eu não disse, então ele diminuiu meus horários, aumentou meu salário, e me deu férias para descansar, ele achou que eu estava cansada, e não queria falar. Então depois das férias, decidi não ir embora do emprego, três meses depois, ele terminou com a namorada, e eu achei que estava livre para poder me declarar, mas daí ele descobriu que sua ex estava noiva, e ficou furioso, acho que ele ainda gostava dela.

— Foi naquele dia que eu cheguei? — Perguntei curiosa.

— Sim, por isso ele estava daquele jeito.

— Mas já se passaram meses Rafa, por que não fala agora?

— Não sei, ele está diferente esses dias, não sinto coragem em dizer, ele sempre me viu como uma amiga, vai sempre ao restaurante de meus pais, almoça em minha casa, acho que nunca me viu com outros olhos.

— Eu sei que é difícil falar dos seus sentimentos Rafa, mas você não deve desistir antes de tentar, se você acha que já tem o não, corra atrás do sim, vai por mim, talvez ele tenha medo de se expressar também.

— Ai Aurora você parece saber tanto sobre o amor.

— Eu não sei muita coisa Rafa, mas sei que a pior coisa do mundo é não falar o que sente enquanto tem oportunidade, pois depois, fica um arrependimento profundo do, e se... E se eu falasse que o amava? E se eu tivesse lutado mais por nós? E se eu fizesse isso ou aquilo? Então se você tem a oportunidade de está perto dele, aproveita e corre atrás enquanto é tempo, para depois não ficar se lamentando de algo.

— Você sofre por amor Aurora?

— Eu sofro Rafa, o pior de tudo é que esse meu amor está cada dia mais impossível.

— Aurora me conta. Eu sempre percebi que você é meio triste, nunca perguntei o porquê, porque não queria ser indiscreta, mas me conta, por favor.

— É uma história tão longa Rafa, mas só posso dizer que se eu tivesse ficado perto, eu sofreria mais ainda, o vendo sofrer sem poder fazer nada.

— Imagino que seja difícil para você falar sobre isso, então irei respeitar seu tempo, quando quiser conversar, estarei aqui. — Disse com um sorriso meigo.

— Muito obrigada por me entender Rafaela.

— Você falando assim sobre o amor, me deu até coragem de me confessar para ele.

— Você pode Rafa, aproveita que as oportunidades estão ao seu favor, não o deixe escapar, não deixe de falar seus sentimentos.

Logo, nossos lanches foram servidos, e eu confesso que nunca desejei comer tanto algo na minha vida como agora, então meu telefone tocou, era o Tácio.

— Oi Tácio. — Atendi preocupada, já que não era comum ele me ligar assim.

— Oi Aurora, estou aqui na frente da sua casa, trouxe algo para você, sai um pouquinho aí.

— Eu não estou em casa, estou com a Rafaela.

— Onde vocês estão?

— No D'guste.

Falei, mas tive medo dele dizer que viria até nós.

— Irei até vocês então.

Logo desligou o telefone, nem deu tempo de dizer que não precisava se incomodar.

— Era o Tácio, ele disse que virá até aqui, olha aí as oportunidades aparecendo, você queria tanto que ele estivesse aqui hoje.

— Ai Aurora, eu não tenho coragem, por favor, não diga nada tudo bem? — Pediu preocupada.

— Claro que não Rafa, vá no seu tempo. — A despreocupei, jamais contaria o seu segredo.

Alguns minutos passaram e o Tácio chegou, logo se sentou ao meu lado, mas, na verdade, queria que se sentasse ao lado da Rafa, entretanto era bom, assim eles ficavam cara a cara.

— Eu havia me esquecido que hoje era sexta-feira, e que vocês são jovens. — Tácio disse.

— Não fala assim, faz você parecer velho. - Rafaela disse sorrindo.

— E eu sou querida, tenho 35 anos nas costas. — Disse.

Embora tivesse essa idade, ele não aparentava de modo algum. Tácio era alto, tinha braços musculosos com uma tatuagem, que ficava a mostra quando ele usava camisas de mangas curtas, cabelos pretos, sempre bem penteados para trás e barba sempre bem aparada, ele era realmente bonito, mas ainda, sim, não acreditava chegar aos pés de Oliver.

— Olha para mim, não estou tão longe de você, tenho 25. — Rafaela disse animada.

— Tudo bem, só 10 anos de diferença. — riu — Mas olha para a Aurora, está na flor da juventude com os seus dezoito anos.

— Mas tenho a cabeça de 40, se isso serve para alguma coisa.

Não pude deixar de dizer, já que a vida me fez ficar mais madura, antes da hora.

— Acho que idade não impede em nada, Aurora é muito madura mesmo. — Rafa disse enquanto mordia um pedaço de batata frita.

— Acho que impede algumas coisas sim Rafaela, por exemplo, se relacionar com alguém. Ela não se relacionaria com alguém de 35 anos, não é mesmo Aurora? — Tácio perguntou.

Então pensei em Oliver, lembrei que ele estava prestes a fazer 31 anos, e isso não impedia em nada de gostar dele, na verdade, me sentia muito melhor, já que nunca gostei de rapazes da mesma idade que eu.

— Eu não me importo com a idade, desde que a pessoa me respeite e me ame. — Respondi.

— Olha só, cabeça de 40 mesmo.

Rimos mais uma vez, porem Tácio me olhava de um jeito diferente.

— Vocês se importam se eu ficar aqui com vocês?

— Não. — Rafaela respondeu bem rápido, acho que ela tinha medo de que eu dissesse uma resposta contraria da que ela queria.

— Tudo bem. Vou pedir um x-coração, já experimentou Aurora?

Perguntou se aproximando mais de mim, o que não me deixou nem um pouco a vontade.

— É o que estou comendo. — Disse sem muita graça.

— Nossa. Verdade? Temos muito em comum em.

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