Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 70

Entrei no elevador pisando firme, estava tão nervosa com tudo que ouvi, como ele se atreveu a falar que meus bebês estragarão minha vida?

Tudo bem, que as coisas ficariam mais difíceis para mim, mas eu daria um jeito. Jamais, em possibilidade, nem hipótese alguma, pensaria em tirar algo que foi feito com amor, essas crianças seriam as lembranças mais lindas que eu teria de Oliver e Noah, e quem sabe num futuro bem próximo, seria o que nos uniria outra vez.

— Ei Aurora! Onde você vai?

Escutei a voz de Rafaela que vinha entrando na clínica.

— Ai Rafa, parabéns para você viu, você é uma guerreira!

— O que houve? — Perguntou confusa.

— Como consegue suportar e gostar do mesmo homem ao mesmo tempo?

— Você falou para o Tácio da sua gravidez? O que ele te disse que te deixou tão nervosa assim?

— Do jeito que me tratou, até parecia que eu estava pedindo para ele assumir as crianças e pagar a pensão.

— Calma amiga, ele deve ter ficado surpreso só isso.

— Ele me chamou de irresponsável.

— O quê? — Abriu a boca surpresa.

— Falou que estraguei a minha vida, agora me diz o que ele tem a ver com a minha vida pessoal? Nem eu, que estou carregando essas crianças, fiquei tão desesperada quanto ele, eu sei que foi errado não me proteger adequadamente e que crianças dão trabalho, mas, poxa! Eu já estou sabendo disso e tentando lidar com a situação, não preciso de outra pessoa na minha cola, me falando nada não.

— Olha, fica calma, ele deve está num dia ruim, e acaba descontando em quem acha na frente primeiro.

— Sinceramente Rafaela, se eu não precisasse desse emprego, eu o jogaria da janela.

— Eu te daria total apoio.

Rimos.

— Vamos, ele deve está ocupado agora, volta para seus afazeres e o esquece, como você disse, precisa do emprego, então ignora as coisas ruins.

— Tudo bem.

Peguei o elevador outra vez com Rafaela, e voltei para a copa, lá, fiquei até dar o meu horário, que era duas da tarde, quando saí, resolvi ir ao centro vender meus laços, eu precisava juntar o máximo de dinheiro possível, e também tentaria arrumar um bico a noite, nem que fosse nos finais de semana, até a chegada dos bebês.

[...]

Cheguei a noite morta de cansada, fiz uma comida rápida e preparei marmitas, que levaria para comer fora, já que venderia laços todos os dias de agora para frente, passei numa hamburgueria próximo a minha casa e perguntei se eles precisavam de alguém para trabalhar, a dona muito educada, disse que precisava de uma garçonete nos fins de semana, eu logo me ofereci, e falei para ela da minha condição, ela não quis, depois que descobriu que eu estava grávida, mas conversei direitinho, e ela aceitou, mas com uma condição, de não fazer nenhum tipo de contrato trabalhista.

Para mim estava ótimo, aumentaria minha renda, poderia comprar um berço, e algumas coisinhas, com o tempo, eu dobraria as coisas, mas no começo, os bebês poderiam dormir juntos no mesmo lugar, tentaria procurar uma casa maior futuramente, que coubesse no meu orçamento.

Eram dez da noite e eu já estava morta de cansada, me deitei, até ouvir um barulho no portão, eu já imaginava quem era, e pensei seriamente em não abrir, mas como ele era meu patrão, talvez viesse me mandar embora, então fui ver o que ele queria.

— Boa noite Aurora. — Sua voz era mansa.

— Boa noite Tácio. — Respondi sem ânimo.

— Eu sei que é tarde, e que deveria ter te ligado antes de vir, mas não queria deixar as coisas do jeito que ficaram, posso entrar?

— Não, desculpa, eu já estava indo dormir. — Estava chateada com o jeito que ele falou comigo hoje mais cedo, não o deixaria me julgar outra vez.

— Por favor, eu serei breve.

Mesmo com raiva daquele homem, deixei que ele entrasse, ele estava com a cara de cachorrinho sem dono, nem parecia o mesmo homem que me perturbou hoje pela manhã, me falando coisas absurdas, logo ele se sentou e começou a falar.

— Não vai me oferecer nada? — Sua voz era de indignação.

— Tácio, por favor. — coloquei a mão na cabeça para não surtar. — Você disse que seria breve, eu estou cansada e quero dormir.

— Tudo bem, olha! — Começou — Para começo de conversa, eu queria te pedir perdão pelas coisas que disse hoje. — Fiquei em silêncio, deixei que ele falasse o que tivesse de falar. — Eu não queria ter te ofendido, nunca foi minha intenção falar coisas assim com você ou com ninguém, eu simplesmente, havia ficado surpreso com a sua notícia.

— Eu sei que você ficou surpreso, eu também fiquei, mas isso não é motivo de falar o que vem na cabeça para as pessoas.

— Eu sei, eu fiquei muito mal, não conseguiria dormir hoje, sem ter falado isso com você.

— Tudo bem, eu te perdoo. — Disse cansada, não queria prolongar esta conversa.

— Olha, eu só perguntei pelo pai dos seus bebês, porque acho que você não deve carregar esse fardo sozinha.

— Eu não carrego fardo algum, meus filhos são uma benção na minha vida. — Disse nervosa.

— Tudo bem, desculpa pela minha expressão, quero dizer, que uma criança já é difícil de criar, imagina duas, ainda mais sozinha, você precisa deixar que o pai se encarregue das responsabilidades também.

— Eu sei, eu vou dar um jeito nisso.

— Foi por isso que você saiu da fazenda São Caetano, não foi? — Insinuou.

— Não, claro que não. Eu nem sabia que estava grávida.

— Você está grávida de alguém que trabalha lá, e essa pessoa não quer assumir.

Ah pronto, temos aqui um Sherlock Holmes.

— Pare de deduzir, as coisas não são como você imagina que sejam.

— Se esse homem trabalha lá e não quer assumir, você pode ligar para o Oliver Caetano, ele pode te ajudar a pressionar o pai das crianças a te ajudar pelo menos numa pensão. — Insistia.

— Tácio, para! — Dessa vez minha voz saiu alta, como se estivesse gritando, talvez eu estivesse mesmo, — Esse é um problema meu, e não quero você envolvido, muito menos o Oliver, entendeu? Eu disse que darei um jeito, então não se preocupa.

— Aurora, desculpa, eu só estou pensando no seu bem.

— Muito obrigada por se preocupar, mas eu não preciso disso agora.

— Serei sincero com você Aurora. Vou falar algo e depois vou embora, tudo bem? — Se levantou e se aproximou de onde eu estava.

— Se for me ofender, por favor não fale.

— Não é isso. — Pensou um instante antes de continuar. — Eu estou gostando de você Aurora, estou gostando muito. E eu tinha a intenção de me declarar para você em breve, mas aí, quando você falou da gravidez, confesso que isso me deixou frustrado, por isso te falei aquelas coisas cedo, mas, eu pensei melhor agora, isso não impede em nada do que estou sentindo por você, e para provar isso, se você me aceitar, estou disposto a assumir vocês três. Você só precisa dizer que sim.

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