Caminho Traçado - Uma babá na fazenda romance Capítulo 71

— Vem comigo, com esse barrigão aí, você não aguenta mais abaixar não.

— Ai Rafa, obrigada!

Estava caminhando com Rafaela até o centro.

— Olha Aurora, se eu fosse você, eu pegaria um atestado, você está com seis meses de gestação, mas parece que já está para ganhar.

— Bem, é por causa desses dois rapazinhos aqui dentro.

Descobri esperar dois menininhos.

— Você já devia ter escolhido os nomes Aurora.

— Eu sei, mas vou esperar mais um pouquinho.

— Escuta, o Tácio já contratou uma pessoa para a limpeza, você ficará apenas responsável pela copa.

— Ele e suas gentilezas, olha Rafa, acho que já passou da hora de você falar dos seus sentimentos para ele. — Insistia.

— Como vou falar agora? Ainda mais ele gostando de você.

— Rafaela! — A repreendi — Eu já te falei que entre nós dois, não há possibilidade nenhuma de algo acontecer, mesmo se você não gostasse dele, eu já tenho uma pessoa no meu coração e é por ela que vou lutar.

— Lutar como? Você nem conversou ainda sobre sua gravidez com o pai de seus filhos.

— Vou procurá-lo outra vez Rafa, só que agora está mais difícil, porém vou falar com ele sim. Independente dele querer ficar comigo ou não, eu sei que quando souber dos bebês, amará a notícia, eu só me preocupo com uma coisa.

Pensei em Liana, agora estando com Oliver, acabar descobrindo e querer fazer mal a mim ou a um dos meus filhos, ela não aceitaria dividir a atenção dele.

— Já que você não está podendo ir, deveria ligar, eu vou te falar a verdade, se eu soubesse quem é esse homem, eu mesmo ligaria para ele vir aqui.

— Mais um motivo para não te falar mais nada, além disso, essas coisas não se contam por telefone, nós temos muito o que conversar, mas tudo isso será pessoalmente.

— Eu estou brincando Rora, mas minha vontade era essa, não vou negar.

— Sua vontade deveria ir era falar com o Tácio, dizer a ele que você gosta dele esse tempo todo, e que ele parasse de ser bobo e notasse quem realmente quer ficar com ele.

— Posso te confessar algo? — Falou sem jeito.

— Claro que pode.

— Acho que entre nós, nunca vai acontecer alguma coisa.

— Por que fala assim?

— Ai Rora, nós trabalhamos juntos há anos, ele nunca demonstrou nem um pouco de interesse em mim, logo arrumou uma namorada e eu continuei ao seu lado, até ter terminado, ofereci meu ombro de apoio, deixei de trabalhar no negócio de minha família onde eu ganharia muito mais, só para ficar ao lado dele, e depois, você chegou e já conseguiu conquistá-lo, se fosse para acontecer algo entre a gente, eu não precisaria dizer nenhuma palavra, tudo acontecia naturalmente.

— Até entendo seu lado, mas eu não desistiria sem antes falar o que sinto, foram muitos anos como você disse, guardando esse sentimento, seria covardia desistir sem ao menos tentar.

— Acha que aconteceria o quê se eu falasse para ele?

— Não sei, e nunca saberemos se você não o fizer. — Tentava animá-la.

— Você devia aproveitar Aurora, já que ele gosta de você e quer te ajudar, você deveria ter dito sim naquele dia, não precisava se importar comigo.

— Para com isso Rafaela, já te disse e repito, entre nós, nunca irá acontecer algo, mesmo você desistindo dele.

Estávamos caminhando por uma calçada perto do centro, logo mais a frente, tinha uma praça com um parquinho, havia várias crianças brincando, mas uma em especial chamou minha atenção, era uma garotinha de cabelos dourados e longos.

Quando cheguei mais perto, avistei uma pessoa que eu conhecia muito bem.

— Alice.

Ao falar seu nome, a garotinha me olhou e sorriu, correndo em minha direção.

— Rora!

Não podia acreditar, que minha irmãzinha estava ali, ela havia crescido bastante desde a última vez que a vi.

— Alice, o que faz aqui? Com quem você está?

— Eu estou com a mamãe, ela está bem ali ó!

Alice apontou para um pequeno estabelecimento, logo minha mãe ia saindo com sacolas nas mãos, quando me viu, seu semblante logo mudou.

— Vamos embora Alice, o ônibus logo vem. — Disse me ignorando.

— Mamãe, olha a Rora aqui, ela está barriguda.

Minha irmã ria inocente, enquanto minha mãe me olhava dos pés a cabeça e deu um sorriso maléfico.

— Pelo jeito que está vestida e por não haver nenhum anel em seu dedo, já se pode saber o que aconteceu.

— Mãe. — A repreendi.

— Era questão de tempo Aurora, ninguém iria querer algo serio com você, bem feito sua idiota, o cara lá te usou e agora te largou aí com essa barriga, espero que você sofra muito!

Após falar, puxou o braço da minha irmã e começou a caminhar com ela, Rafaela me olhava com um olhar espantado sem entender nada do que aconteceu.

— Não se preocupa Rafa, ela não sabe o que fala, minha mãe está assim, porque não gosta de mim, e acaba falando coisas sem sentido.

— Aurora... — Não saía palavras da boca de Rafaela.

Então para ela não ficar tão horrorizada, contei o que houve entre mim e minha mãe, logo após saber das coisas, ela ficou abismada, ainda mais com as palavras que ouviu, e percebeu mesmo, que minha mãe não tinha noção do lado que resolveu tomar parte.

— Eu te levo para casa, deve já está fadigada dessa caminhada.

— Não precisa, ficarei por aqui ainda, trouxe esses laços para vender.

— Aurora, por Deus, você está com uma barriga desse tamanho, e vai sair por aí caminhando nesse sol escaldante?

— Eu preciso Rafaela, enquanto eu puder caminhar, preciso dar um jeito de ganhar dinheiro, logo os meninos nascem, aí terei de ficar um bom tempo parada, será o tempo que terei que usar toda a minha reserva guardada.

— Se aceitasse o Tácio, as coisas ficariam mais fáceis para você.

— Meu Deus, Rafaela! Se usasse essa sua narrativa de me convencer a seu favor, já teria o conquistado, na verdade, vocês já estariam juntos e casados.

— Estou brincando com você barriguda, quero testar seus hormônios da gravidez.

— Não faz isso, se não é perigoso esses dois virem antes da hora.

— Dois meninos em! — Falou alisando minha barriga — Vai ser sortuda lá na China.

— Qual a sorte? — Perguntei.

— Vai ter dois homens para te proteger, quando eles estiverem grandes, com certeza não deixarão que ninguém te faça mal.

— Se puxarem o pai, eles serão enormes.

— O pai deles é bonito Aurora? — Perguntava sorrindo.

— Ah! — Lembrei do rosto de Oliver e sua boca perfeita. — Ele é o homem mais lindo que já vi na vida.

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