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Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 85

Nuria

Eu estava ficando louca.

Completamente fora de mim.

Ainda sentia o toque dele na minha pele. Os dedos. A língua. A boca.

E o pior? Eu não conseguia me arrepender de absolutamente nada.

A cabeça ainda latejava com tudo que tinha acontecido... e meu corpo...

Meu corpo estava em um estado que eu nem sabia nomear.

Como foi que eu, a mesma loba que quase morreu dias atrás, arranquei a roupa como se estivesse entregando o coração nas mãos de um inimigo? Como foi tão fácil me abrir daquele jeito pra ele?

Tão despudorado.

Tão instintivo.

Tão… natural.

Fechei os olhos, respirando fundo. Mas o cheiro dele estava ali.

Imerso no quarto. Impregnado na cama. Nos lençóis. Em mim.

"Você é uma safada!", murmurei para dentro, falando com a criatura que vibrava dentro de mim.

"Você quase nos matou só pra chamar a atenção daquele cretino delicioso, não foi?"

Minha loba ronronou.

RONRONOU.

Como se tivesse sido pega no flagra, mas ainda assim se sentisse orgulhosa da própria ousadia.

"Você é ridícula, sabia? A gente podia ter morrido de verdade!"

Ela soltou um rosnado preguiçoso. Como quem diz: vale a pena morrer por um macho daqueles.

"Ah, me poupe", resmunguei, me levantando da cama, com as pernas ainda fracas, mas firmes o suficiente para me arrastar até o banheiro.

Girei o registro e deixei a água cair. Primeiro gelada, como um castigo pela minha falta de controle, mas aos poucos… fui ajustando a temperatura.

Não dava pra me enganar.

Eu queria ficar limpa, sim.

Mas também queria ficar cheirosa.

Comecei a passar o sabonete com mais atenção do que deveria.

Pelos braços. Pelo pescoço. Entre os seios.

A espuma escorria, e meus dedos deslizavam mais lentos do que o necessário.

Desci até a barriga… e quando cheguei entre as pernas, fechei os olhos.

O toque dele ainda estava ali. A boca dele. O jeito como ele me devorou como se minha alma estivesse presa no meio das coxas.

Arfei.

Sacudi a cabeça, como se isso apagasse o pensamento. Peguei o shampoo.

Lavei o cabelo duas vezes, como se isso fosse deixá-lo mais brilhante, mais macio...

Passei o condicionador com cuidado, massageando cada mecha, e terminei cantarolando baixinho uma melodia que eu mal podia esperar pra tocar no violino.

Assim que saí do box, limpei o espelho com a palma da mão e encarei meu reflexo.

Havia um brilho nos meus olhos que eu não via há muito tempo. Um rubor bonito nas bochechas. Um ar quase... vaidoso.

Foi aí que caiu a ficha.

Cada gesto meu, cada produto escolhido, cada gota de sabonete… tudo tinha um único propósito:

Chamar a atenção dele.

Suspirei, enrolando a toalha ao redor do corpo com força, tentando conter o cheiro doce e instigante que agora se espalhava pelo banheiro, flor selvagem misturada com calor de loba.

Meu cabelo pingava, cheiroso, sedoso, com aquele perfume que só servia pra uma coisa: anunciar pra ele, e pro mundo, que eu estava pronta.

Pronta pra ser tomada.

Olhei pro espelho novamente, horrorizada com a constatação.

"Você não vale nada", murmurei pra mim mesma, mas nem consegui disfarçar o sorrisinho idiota que escapou no canto da boca.

Minha loba só riu.

"Ah, cala a boca", rebati em voz alta. "Você que começou com essa palhaçada. E agora tá aí, perfumada e com o rabo abanando."

Ela respondeu com outro rosnado. Preguiçoso. Satisfeito.

Como quem diz: e funcionou.

Revirei os olhos.

"Eu te odeio."

Mas no fundo… eu tava sorrindo.

Porque parte de mim (a que ele despertou) gostava dessa sensação de estar viva.

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