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Capturada pelo Alfa Cruel romance Capítulo 87

Nuria

Acordei com o tipo de silêncio que não era paz.

Era ausência.

O quarto estava quieto demais. Denso demais. Como se o ar segurasse a respiração junto comigo.

Não havia passos no corredor. Nem vozes sussurradas. Só o som abafado do meu coração… e o cheiro dele.

Aquele maldito cheiro.

Estava por toda parte. No travesseiro. No lençol. No meio das cobertas que eu mesma arrumei na noite anterior, tomada por um instinto que nem eu compreendi direito.

Tudo intacto. Exatamente como deixei.

Me virei, tateando o colchão ao meu lado com a ponta dos dedos.

Nada.

O tecido estava morno. Não quente. Como se ele tivesse estado ali... mas por pouco tempo. Como se o corpo dele ainda resistisse à ideia de permanecer.

Fechei os olhos e respirei fundo, puxando o ar como uma loba farejando respostas.

O cheiro dele estava presente. Amadeirado, selvagem, quente.

Mas havia algo a mais.

Algo errado.

Um rastro mais seco. Azedo. Denso como fumaça.

Cortisol.

O hormônio do estresse. Do alerta. Da ameaça.

Meu peito apertou.

Stefanos estava em conflito. E não era pequeno.

E antes que meu cérebro conseguisse ordenar qualquer coisa, meu corpo já tinha se movido sozinho, como se algo maior me guiasse.

Levantei da cama.

Eu precisava encontrá-lo.

Caminhei até o banheiro, os pés descalços tocando o chão frio. Silêncio.

Nenhum som vindo lá de dentro. Nenhum vestígio de presença recente.

Me aproximei da porta do quarto, os passos lentos, quase cuidadosos demais. O ar da mansão estava denso. Como se cada parede absorvesse a tensão que pairava sobre a casa.

Estranhamente, nenhum funcionário à vista. Nenhum ruído de rotina. Nenhum perfume de café sendo preparado.

Tudo... quieto demais.

Foi aí que o senti de novo.

O cheiro dele.

Mais forte agora. Persistente. Como se o próprio instinto tivesse marcado o caminho pra mim.

Descia pelas escadas. Arrastava-se direto até o escritório.

Eram pouco mais de cinco da manhã. O céu ainda pintado com restos da noite. O mundo dormia.

Menos ele.

Parei em frente a porta e toquei com os nós dos dedos, num gesto hesitante.

Minha mão… estava trêmula.

"Pode entrar."

A voz veio firme. Sem emoção. Sem… ele.

Empurrei a porta devagar, o coração batendo alto demais para aquela hora da manhã.

E lá estava ele.

Sentado atrás da enorme mesa de madeira escura, o corpo tenso como pedra, os olhos tão frios quanto o amanhecer lá fora.

Papéis espalhados por toda parte. Uma pasta aberta. Assinaturas inacabadas.

E um copo de whisky na mão.

Ele me olhou.

Só por alguns segundos.

Depois voltou os olhos para os documentos, como se o mundo não tivesse acabado de entrar pela porta.

"Não é meio cedo pra beber?" perguntei, tentando soar leve. Mas a inquietação escapou na minha voz.

Stefanos arqueou um canto da boca, esboçando aquele meio sorriso torto, o mesmo que, normalmente, me desmontava, mas sem nenhuma sombra de humor.

“Depende da hora que se vai dormir. Às vezes… nunca é cedo ou tarde pra nada.”

Apoiei as mãos no encosto da poltrona diante da mesa. A madeira estava gelada. E minha pele, quente de preocupação.

"Você dormiu?"

Ele soltou o copo sobre a mesa com cuidado, como se o cristal fosse explodir ao menor impacto.

“Não tive tempo pra isso.”

"Mas passou pelo quarto."

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