“Melissa”
Havia tudo dado certo até ali. Meus seis filhos estavam vivos e isso me mantinha focada, eles precisavam sobreviver, um dia de cada vez. Mas eles eram fortes e determinados, eu senti isso na minha barriga por trinta semanas e dois dias. Trinta semanas e dois dias, eu já sabia que aquelas crianças seriam o tipo que vivem na sala do diretor na escola, que não fazem nada conforme o esperado e que eu precisaria daquelas coleirinhas com GPS para encontrá-los pela casa.
- Querida, como você acordou hoje? – O tio Álvaro entrou no meu quarto todo sorridente.
- Ansiosa, eu quero tocar meus filhos, tio! Já tem quatro dias que eu fui cortada ao meio para aqueles ingratinhos nascerem e eles ainda não quiseram saber de mim. – Eu reclamei e o tio Álvaro deu uma gargalhada.
- Mel, eles precisam ficar fortes! – Ele argumentou e eu torci o nariz.
- Viu, isso, Cat, eles agora são o centro das atenções. – Eu reclamei e a Catarina sorriu.
- Acostume-se, ninguém vai te visitar mais, agora as visitas serão para eles. – A Catarina me alertou enquanto fazia seu tricô.
- Meu anjo, não coloque idéias atravessadas na cabeça da maluca! – O Alessandro entrou no quarto. – Eu vim te ver, maluca!
- É, veio me ver... como se eu não te conhecesse, palhaço! Sei muito bem que você está em campanha. – Eu o encarei e ele riu.
- São seis, Mel, eu mereço mais um afilhadinho, vai... – Ele jogou aquele charme barato pra cima de mim e eu ri. Ele era terrivelmente fofo, quando não estava estressado.
- Vai depender do quanto os outros são capazes de puxar o meu saco. – Eu falei e ele fez um muxoxo.
- Tio, mandou me chamar? – O Fernando entrou no quarto e me deu um beijo, depois cumprimentou o Alessandro.
- Sim, tenho uma boa notícia. Vocês vão poder segurar um dos bebês, mas apenas um hoje e por poucos minutos. – O tio Álvaro deu a notícia e eu dei um grito de alegria, assim como os outros na sala. – Contenha-se, Melissa, tem um monte de pontos na sua barriga.
Eu tentei conter a empolgação, mas era difícil, eu precisava de contato com eles, eu precisava sentir que eu era mãe. A enfermeira e o Fernando me ajudaram a sair da cama e passar para uma cadeira de rodas e nós fomos até a UTI neonatal. Eu pude ver todos como todos os dias e meu coração se apertou quando olhei para a menorzinha, a mais valente, lutando com tudo o que tinha para sobreviver. Eu toquei a incubadora de cada um tentando dar a eles a minha energia vital.
- Estão todos lutando, Mel! – O tio Álvaro falou baixinho pra mim e eu sorri.
- E vão vencer! – Essa certeza estava plantada no meu coração e eu não me permitia pensar o contrário.
Eles me prepararam e o Fernando se sentou ao meu lado. A Catarina e o Alessandro estavam observando do lado de fora pelo vidro, como dois anjos nos protegendo. Vários minutos depois o meu pequeno veio para o meu colo. Eu tentei não chorar, queria que o meu filho tivesse o meu sorriso e não as minhas lágrimas. Quando eu senti o calor do seu corpo e sua pequena mão tocou em mim, foi como se algo poderoso me transformasse, ali eu me tornei mãe, naquele momento eu já não era a mesma.
- Oi, meu filho! Você não imagina o quanto você foi esperado! – Eu sorri e o Nando colocou o dedo sobre a pequena mão e me deu um beijo.
- Tem certeza? – Ele me perguntou e eu fiz que sim.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......