“Melissa”
Eu estava relutante em deixar o hospital, principalmente porque ainda não poderia levar os meus filhos para casa, nenhum deles estava em condições ainda e já tinha quase duas semanas que eles tinham nascido. Mas o tio Álvaro não concordava comigo.
- Mel, você tem que ir pra casa, pelo menos pra dormir melhor do que em uma cama de hospital. – O tio Álvaro tentava me convencer pela milésima vez, enquanto eu estava entre as incubadoras conversando com meus filhos.
- Eu não vou, tio! Pra quê eu vou pra casa dormir? Eu não vou dormir, não se ficar pensando que eles ainda estão aqui enquanto eu estou lá. Eu posso passar o dia aqui com eles, não posso? – Ele fez que sim. – Então pronto, eu durmo aqui também, porque se eu posso ficar aqui com eles o dia todo, eu não vou perder nem um segundo disso.
- Mel, essa situação pode se arrastar por meses, querida! – O tio Álvaro falava as mesmas coisas todos os dias e todos os dias ele ouvia as mesmas respostas.
- Não importa! Além do mais, é muito mais seguro eu estar aqui dentro do que indo e vindo e correr o risco de trazer algum vírus, bactéria ou sei lá o quê. – Eu concluí.
- Existe muito disso aqui também, por isso não é adequado. Mel, vai dormir em casa, preparar as coisas para recebê-los. Você sabe que qualquer alteração eu vou chamar vocês. – Ele insistiu mais um pouco.
- Obrigada, mas eu vou continuar aqui e se vocês precisarem do quarto, eu posso dormir no sofá do Nando. – Eu não mudaria de idéia, porque eu não tinha a menor condição de ir para casa e deixar os meus filhos no hospital.
- Eu já te dei alta há dias, Melissa. – O tio Álvaro estava quase vencido e eu sabia disso.
- Tio, eu sei que se fosse em qualquer outro hospital vocês me colocariam pra fora à noite, mas como esse hospital é da família Molina e eu carreguei seis Molinas na minha barriga por trinta semanas e 2 dias, vocês vão me deixar ficar. Eu preciso disso! – Eu o encarei firmemente e ele respirou fundo.
- Está bem! Mas quando eles começarem a ter alta, como você vai fazer? Porque eles não vão deixar o hospital todos ao mesmo tempo e eu não vou deixar um bebê prematuro mais tempo do que o necessário no hospital, mesmo ele sendo um Molina. – Ele me alertou para algo que eu ainda não tinha pensado.
- Não tem a menor chance deles saírem todos juntos? – Eu olhei pra ele, que balançou a cabeça. – Bom, quando chegar a hora a gente vê! Agora, vai, me dá uma notícia boa!
- Você é impossível, Melissa! – Ele estava sorrindo, no momento em que o Fernando entrou.
- Ela é terrível! E eu espero que pelo menos metade desses bebês não sejam tão terríveis quanto a mãe! – O Fernando deu um beijo em minha cabeça e apontou para o vidro, depois foi até os bebês.
Nossos amigos estavam todos ali, como estavam todos os dias naquele mesmo horário, porque naquele mesmo horário todos os dias o Fernando e eu nos sentávamos e podíamos segurar o Marcos. Era a melhor hora do meu dia, a hora em que eu podia sentir pelo menos um dos meus filhos no meu colo. Os outros eu vinha podendo tocar, mas sem tirar das incubadoras, pois eles ainda eram muito fraquinhos e nós precisávamos ter cuidado.
Depois que nós estávamos preparados a enfermeira e o tio Álvaro passaram pela incubadora do Marcos e foram para a seguinte, a do segundo bebê a nascer. Eles começaram a tirar o bebê de lá, com cuidado, arrumando todos os fios presos ao pequeno corpinho e vieram com ele em nossa direção.
Mas no dia seguinte veio a notícia ruim, a nossa pequena Leona apresentou uma piora e estavam todos muito preocupados. O tio Álvaro pediu que nos retirássemos da UTI neonatal antes do horário habitual e eu não queria sair e foi realmente o mais difícil que eu fiz, deixar a minha filha ali passando por uma crise e confiar que ela resistiria e estaria ali lutando ainda no dia seguinte.
Naquela noite eu não dormi, nenhum de nós dormiu. Nossos amigos queriam estar ali no hospital, mas eu não poderia me preocupar com meus filhos e minhas amigas grávidas naquele momento, eu queria que eles fossem descansar. Mas foram a Luna e o Enzo que conseguiram convencer um a um a irem para casa e voltar no dia seguinte, enquanto eles ficaram a noite inteira comigo e o Fernando.
Aqueles dois não deram paz as enfermeiras, cada uma que entrava ou saía da UTI eles cercavam com aqueles olhos suplicantes e conseguiam qualquer migalha de informação que eu recebia como uma grande notícia. Foram eles que nos convenceram de que era necessário comer para não desmaiar enquanto segurávamos os bebês. Foi a Luna quem segurou a minha mão na capela do hospital e fez a prece que eu não consegui. Era tantos detalhes que aqueles dois, tão jovens e tão perspicazes, conseguiram pensar, detalhes que nos confortaram por toda a noite de vigília que tivemos.
E com os primeiros raios de sol o Enzo entrou correndo no quarto, parecendo que tinha corrido uma maratona, com as bochechas coradas e os olhos verdes brilhantes, apontando para o lado de fora.
- Aquela menina, a Leona, definitivamente, Mel, ela exatamente como você! Ela não desiste! O pediatra disse que ela melhorou um pouquinho. É um pouquinho, Mel, mas ela melhorou. – Ele fez o sinal com os dedos quase juntos, indicando que era bem pouco mesmo, mas para mim era gigante, o pouco era um sopro enorme de vida.
- Aaaah! Eu sabia! – A Luna, que tinha mantido um sorriso confiante no rosto a noite toda, falou em tom de comemoração.
Eu fui até ele e o abracei o mais forte que pude, ele tinha tirado o meu coração de um vale escuro e assustador. Eu sabia que ele havia cuidado não só de mim e do Fernando, mas a noite toda ele ofereceu cafés, chocolates e gentilezas para os enfermeiros e técnicos que estavam ali cuidando de todos os bebês, aquelas pessoas estavam fazendo pelos meus filhos o que eu queria, mas não podia, assim como outras mães que estavam passando por momentos delicados com seus bebês.
- Você é incomum, Enzo! – Eu falei agarrada a ele. – Eu vou ficar muito orgulhosa se meus meninos forem um pouquinho assim como você, inteligentes, gentis, espertos e tão, tão doces. Obrigada!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Que lindo esse livro. Estou aqui chorando novamente. Muito emocionante...
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......