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Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque romance Capítulo 547

“Manuela”

Entre conversar com o Camilo, que me contou mais sobre sua mãe, e o Flávio me explicar sobre cada objeto encontrado no depósito da tal de Rose, a empregada que morreu ou foi morta, a manhã passou muito rápido. Antes de começar a ler o tal diário, acabei resolvendo preparar o almoço e fazer o picadinho de carne com purê de batatas que era a comida preferida do meu pai. A Olívia foi me ajudar e cuidou da sobremesa. Estávamos mimando o meu pai.

- Filha, sua avó te ensinou muito bem, você cozinha tão bem quanto ela. – Meu pai sorriu pra mim depois do almoço. – E você, minha nora, faz o melhor pudim de leite do mundo.

Olívia ficou se gabando e nós estávamos rindo. Era um momento de tranquilidade em meio ao caos que nos arrebatou. O celular do Flávio tocou e ele saiu da mesa para atender, levando consigo o copo com o suco que estava bebendo.

O barulho do copo quebrando na sala foi suficiente para que eu voltasse a minha atenção para o Flávio de pé no meio da sala e o copo estilhaçado no chão. Me levantei e fui até ele depressa, chegando a tempo de escutar o que ele dizia.

- Me manda uma cópia desse arquivo, por favor, e me liga depois que falar com essa mulher. – O Flávio falou em uma voz gelada e desligou o telefone.

Olhei em seu rosto e vi seus olhos lacrimejando. Segurei em seu braço e ele me olhou, parecendo me ver ali somente então.

- O que houve? – Perguntei suavemente.

- Eu preciso de um minuto. – Ele fez menção de se abaixar para juntar os cacos do copo que havia caído da sua mão, mas eu o segurei.

- Eu cuido disso. – Ele me olhou e só concordou com a cabeça e se retirou. Fosse o que fosse, não era bom.

Juntei os cacos de vidro e limpei o chão da sala. A Olívia e o Camilo já haviam retirado a mesa e estavam arrumando a cozinha, eram uma dupla cheia de sintonia, um lavava o outro secava e guardava, enquanto conversavam e brincavam um com o outro. Meu pai se sentou na sala e a Olívia me mandou que eu ficasse com ele. Eu me sentei ao seu lado e finalmente peguei o tal diário para ler.

A cada página virada e a cada revelação contida ali, eu sentia mais horror àquela mulher que eu não tinha certeza se era ou não a minha mãe. Na verdade a minha única dúvida sobre querer ou não ser filha da Rita é que uma pequena parte de mim ainda desejava compartilhar o DNA dos Blanco, se não fosse por isso, se não fosse pelo meu pai e pelo Camilo, eu estaria aliviada em não ser filha daquela mulher.

Eu havia acabado de chegar na parte sobre o dia em que a mãe do Camilo morreu. Foi horrível ler o que estava escrito ali, era trágico, triste, frio, até assustador como aquela mulher se divertiu com a dor que provocou.

No diário ela contou que o meu pai saiu com o Camilo antes do sol nascer e que eles passariam o dia inteiro fora. Ela aproveitou e colocou o remédio no suco e deu para a pobre mulher tomar. Ela contou sobre as dores que a mulher começou a sentir poucas horas depois de tomar o remédio. Ainda teve a capacidade de reclamar por ter que limpar o sangue que a mulher perdeu depois de entrar em trabalho de parto.

Ali estava escrito que ela ligou para a Rita e demorou mais de uma hora para a tal parteira chegar, mas que a mulher nem tinha cara de parteira, era uma grossa que chegou de nariz empinado, segurando uma sacola grande. Ela levou a mulher para o quarto e a mulher a mandou sair. Ela escreveu que a mãe do Camilo tinha as feições distorcidas de dor e gritava por ajuda em total desespero e que os gritos da mulher ficaram cada vez mais altos e desesperados, até que no último ela ouviu um choro de bebê que logo cessou.

- Eu falei com o médico que era um bom amigo e pedi que verificasse tudo e que eu queria evitar a autópsia, não queria profanar o corpo da mulher que eu amava. Então o médico constatou que foi uma morte natural, por um sangramento que não estancou e que poderia ter acontecido depois que a parteira foi embora. E concluiu que o bebê teve uma morte súbita, o que não é tão incomum entre recém nascidos. – Meu pai explicou. – Eu tentei encontrar a tal parteira, mas foi em vão, ninguém sabia quem era e a Rose apareceu morta coisa de um mês depois.

- Eu fico pensando, até onde pode chegar a crueldade humana? O Flávio vive dizendo que não tem limites. – Eu estava tão chocada com tudo aquilo.

- Eu concordo com ele. Mas sabe, eu passei os últimos vinte anos me culpando. Minha primeira esposa tinha dificuldade para engravidar. Nós tivemos o Camilo num golpe de sorte, mas sempre sonhamos em ter mais um filho. O Camilo já estava com dez anos quando começamos a falar mais intensamente sobre ter mais um filho. Ela resolveu procurar um médico e fazer um tratamento. Ela tinha uma coisa nos ovários, qual é mesmo o nome? – Meu pai pareceu pensar e algo despertou em mim.

- Síndrome dos ovários policísticos? – Perguntei.

- Sim, exatamente isso. Mas ela fez o tratamento e engravidou. Quando descobrimos que era uma menina ficamos muito felizes. Mas eu não entendia porque ela passava tão mal, afinal a primeira gestação dela foi muito tranquila. E então tudo aconteceu e eu me sentia culpado por ter insistido em um segundo filho. Agora eu entendi porque e continuo me sentindo culpado por ter me envolvido com a Rita. – Percebi que meu pai não carregava só dor, ele também carregava muita culpa.

- Não foi sua culpa. – Falei e o abracei.

Minha cabeça estava dando voltas. Quando eu fui diagnosticada com a síndrome dos ovários policísticos, o médico me perguntou se haviam outros casos na família, pois poderia ser genético. Eu não soube responder. Agora eu descubro tudo isso e a mãe do Camilo sofria do mesmo problema e eu era muito parecida com ela. Era tudo muita coincidência. Eu precisava saber mais.

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