“Lisandra”
Eu cheguei cedo para a minha consulta. Teria tempo para comer alguma coisa e eu estava morrendo de fome. O cheiro que vinha daquele pequeno bistrô estava divino e eu não resisti, mesmo sabendo que talvez fosse melhor estar em jejum para fazer alguns exames. Mas o meu estômago roncou e eu estava com uma fome que há dias eu não sentia.
Eu entrei e logo percebi uma ruiva sentada na mesa perto da janela. Ela parecia esperar alguém e me chamou a atenção porque me lembrou da ex namorada do Patrício, embora a ruiva do restaurante não fosse ruiva natural. Mas também era impossível não notar aquela cabeleira vermelho fogo.
Eu passei por ela e me sentei numa mesinha bem no fundo, quase escondida pelo balcão. O garçom se aproximou e me entregou o cardápio, mas antes que eu fizesse o pedido eu vi alguém entrar, alguém que eu conhecia bem, afinal era o meu namorado. Mas ele não tinha um compromisso com o Alessandro?
Eu observei o Patrício entrar e me preocupei, pois se ele me visse ali e soubesse que eu tinha uma consulta iria se preocupar e querer me acompanhar, mas eu não via uma maneira de passar despercebida, pois eu tinha horário marcado e se ele demorasse ali eu teria que passar por ele para sair.
Mas eu fiquei surpresa com a intimidade que a ruiva e ele se cumprimentaram. Já senti uma coisa ruim, aquilo estava estranho. Ele foi se encontrar com uma mulher que eu nunca tinha visto e aquilo não me parecia um compromisso profissional.
Fechei o cardápio e fiquei observando. Me incomodava muito o fato de ele estar ali com uma mulher, ainda por cima uma ruiva, e a forma como ele permitia que ela estivesse perto, que ela tocasse nele, aquilo era muito pessoal, até meio íntimo.
Ele parecia olhar algo e ela falava quase no ouvido dele e ele sorria. Eu estava a ponto de ir até lá e colocar um basta naquela palhaçada, mas aí eu vi o exato momento em que eles se beijaram. Foi um beijo quase indecente. Aquilo dilacerou o meu coração. Mas o que significava aquilo? Era por isso que ele andava tão estranho e cheio de mistério? Ele estava me traindo? Mas por que ele fez isso? Por que me trair? Não poderia ter terminado comigo primeiro?
Eu senti as lágrimas molharem o meu rosto e o garçom se aproximou e perguntou se eu estava bem, me arrancando do meu torpor. Então, eu me levantei e fui até a mesa deles, parei em frente aos dois.
- Imagino que o senhor não vá voltar para o escritório hoje, Sr. Guzman. – Eu o encarava, vendo em sua boca a mancha daquele horrível batom vermelho e seus olhos culpados sobre mim.
- Não, o Sr. Guzman não vai voltar para o escritório hoje. – A ruiva respondeu com ar de deboche e o Patrício simplesmente não fez nada.
Estava tudo muito claro pra mim. Ele preferia as ruivas, era óbvio. Então, por que ele não terminou comigo? Era tudo o que eu queria saber, por que me trair?
Eu saí dali depressa e quando cheguei à rua corri para o hospital, me escondi na recepção enquanto a recepcionista liberava a minha entrada e o vi passar correndo. Como todo traidor pego no flagra, agora ele correria atrás de mim para se explicar. Mas aquilo não precisava de explicação, não tinha explicação.
Eu fui para a minha consulta como quem arrasta um corpo morto em combate. Eu estava devastada, sentia como se minha vida tivesse acabado. Eu me sentei na sala de espera e respondi automaticamente as perguntas da secretária do médico, era como se eu a ouvisse num sonho, um sonho muito ruim.
Quando o médico me chamou, eu estava trêmula e alheia ao que acontecia ao meu redor.
- Bem, eu não posso recusar então, o senhor é médico e sabe o que diz. – Ele sorriu e se levantou indo até a porta e a segurando aberta pra mim.
Nós fomos até o restaurante no terceiro andar do hospital e a comida parecia mesmo ser boa. Eu acabei pegando um pouco de salada e um grelhado de frango. O doutor ainda colocou um copo de suco de laranja em minha frente. Era um médico jovem, tinha um rosto amigável, era até bonito. Ele estava sendo muito gentil comigo.
Enquanto comíamos, ele me fazia perguntas simples sobre o que eu fazia, se tinha irmãos, coisas comuns. Curiosamente ele evitou perguntar sobre namorado ou coisa do tipo, ou talvez tivesse sensibilidade suficiente para imaginar que aquele tema era um terreno conflituoso no momento. Uma hora depois o Dr. Gabriel e eu voltávamos para o consultório. Ele tinha sido muito eficiente em me distrair e me manter falando.
Ele me deixou no consultório e me pediu um minuto. Quando voltou se sentou, olhou a tela do computador e sorriu.
- Seus exames ficaram prontos. Mas, você sabe, são apenas exames iniciais para nos nortear. – Ele falou com aquela voz tranquila e eu concordei.
Ele leu os exames por alguns rápidos minutos e depois se virou pra mim. Tinha um brilho em seus olhos de quem vai dar uma boa notícia e eu até me senti um pouco melhor.
- Lisandra, espero que você goste da notícia. – Ele tinha um sorriso reconfortante. Pegou um papel na impressora e me entregou. – Parabéns, você vai ser mamãe!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Chefe irresistível: sucumbindo ao seu toque
Que lindo esse livro. Estou aqui chorando novamente. Muito emocionante...
Amei saber que terá o livro 2. 😍...
Que livro lindo e perfeito. Estou amando e totalmente viciada nesse livro. Eu choro, dou risadas, grito. Parabéns autora, é perfeito esse livro 😍...
Está sempre a dar erro. Não desbloqueia os capitulos e ainda retira as moedas.😤...
Infelizmente são mais as vezes que dá erro, que outra coisa......