Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 164

A cirurgia foi feita via videolaparoscopia, sendo retirado todo o tecido endometrial, evitando assim a retirada dos órgãos afetados. Embora a intenção deste tipo de procedimento era manter a fertilidade, o médico disse que a possibilidade de engravidar diminuía, embora não fosse impossível.

Eu sofri com aquilo, ao mesmo tempo que via nossa Maria Lua crescer dentro da barriga da minha melhor amiga.

Durante a noite, eu e Ben contávamos histórias para a pequena, dentro da barriga da mamãe, que cantava canções de ninar ao fim da noite, fazendo todos nós dormirmos com sua voz doce.

“You are my Sunshine, my only sunshine

You make me happy when skies are gray

You’ll never know, dear, how much I love you

Please, don’t take my Sunshine away

Nosso raio de sol, Maria Lua, era a razão de nossas vidas. Eu certamente não poderia gerar um filho, mas já amava aquele bebê como se fosse o que existia de mais importante na minha vida.

Quando falávamos com ela, víamos a barriga de Salma contrair-se, como se respondesse.

Ela mexia dentro da mamãe quando comíamos pizza durante a noite, assistindo filmes.

As ecografias eram o evento mais disputado da semana. Havia roupa especial para assistir e gravações no celular.

Maria Lua não gostava da voz de Ben, porque quando ele cantava Your are my Sunshine ela não se movia. Isso era motivo de riso e diversão.

Numa das manhãs acordei e vi na internet, num site de fofocas, a festa de estreia de uma nova bebida da North B., que ia de vento em popa nas mãos do CEO Heitor Casanova. Passei cada uma das fotos até encontrar, dentre as tantas do evento, ele com Cindy, vestida num daqueles tubinhos à vácuo, vermelho, com seus enormes cabelos louro platinados ondulados, e um batom tão vermelho e bem desenhado que fazia sua boca ficar ainda maior. Estavam abraçados, os seios dela quase de fora, enquanto posava para foto. A mão dele estava um pouco abaixo da cintura dela, tão próximo de sua área íntima que chegou a me dar um frio no estômago. Ambos sorriam felizes. Heitor, lindo e impecável, como sempre. Meu coração? Estraçalhado.

Eu sabia que não podia julgar... Nem o que estava por trás daquela foto, nem tirar conclusões precipitadas. Pedi que ele não deixasse de viver por minha causa. Mas também não imaginei o quanto uma imagem poderia machucar.

Heitor respeitou minha vontade. Creio que ninguém estava me observando de longe, com o intuito de me proteger ou cuidar, como acontecia em Noriah Norte. Ele não ligou, não mandou recado, nem sinal de fumaça. E eu não sabia se aquilo era bom ou ruim.

Mantive-me em casa todos os dias. Não saí, não me dei a oportunidade de conhecer outras pessoas e sequer beijei na boca aqueles meses. Quando eu deitava na cama e Ben e Salma começavam a conversar, por vezes eu me via longe dali, perdida em um par de olhos verdes que me desconcentravam, me faziam chegar ao céu e ao inferno em segundos, faziam meu coração bater forte e minha espinha congelar. Então eu voltava, fingindo que tinha ouvido tudo que eles falaram, mesmo como coração tão longe dali.

Salma fez seu repouso corretamente. Daniel ligava com frequência, mas não podia vir visitá-la, pois as folgas na Babilônia eram somente nas segundas-feiras e mesmo que pegasse um voo, não valia a pena, pois o tempo que teriam juntos seria curto.

Eu não tinha dúvidas dos sentimentos que os unia. Ele parecia querer esperá-la, independente do tempo que fosse.

Ben, por sua vez, fez de sua tristeza a mentira para a felicidade. Ele sim saía nos finais de semana e tentava me convencer a ir, mas nunca conseguia.

Ele teve vários parceiros e decidiu que sua vida não teria mais sentimentos. “Sexo é sexo” virou o lema do meu amigo. Nunca mais falamos de Tony.

Fomos felizes naqueles meses em Noriah Sul, mesmo distante do que mais amávamos.

E o tempo passou... Mais depressa do que eu imaginava, mas mais devagar do que eu queria, com uma saudade que quase me matava e um sentimento de vazio eterno.

O Show do Bon Jovi seria em dois dias. E Salma já havia decidido que Maria Lua nasceria em Noriah Norte, pois queria estar com Daniel depois que tivesse a bebê nos braços.

Foi quando arrumamos nossas malas e partimos juntos, da mesma forma que chegamos. Ben amava a mãe, mas a relação dele com ela era a mesma que eu tinha com minha avó: a amava, mas “nós três” em primeiro lugar, sempre.

Chegar em Noriah Norte me deu um aperto no coração e medo.

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