- Me larga, porra... Agora. – Ele gritou, enquanto eu seguia segurando sua camiseta.
As mãos dele retiraram meus braços com força, rasgando a camisa por completo, como se aquele tecido fosse o que eu tinha de mais importante naquele momento.
Ben olhou para a roupa rasgada e depois para mim. Os olhos dele escorriam lágrimas. Balançou a cabeça e foi para a parede, dando socos contínuos, ecoando pelo corredor, soltando um grunhido de dor, feito um animal ferido, até o sangue misturar-se à tinta branca que cobria o concreto.
Daniel veio até nós, já sabendo o que tinha acontecido, mesmo que ninguém tivesse lhe contado. Tentou tirar Ben dali, enquanto todas as pessoas se voltam a nós. Mas era inútil tentar tocá-lo.
Ben ficou forte como uma rocha e seguiu, até não ter mais forças. Dois seguranças chegaram em seguida e o retiraram, sendo seguidos por mim e Daniel, até a porta da rua.
- Acalme-se ou chamaremos a Polícia. – Um deles ameaçou.
- Precisamos de ajuda... – falei, a voz quase não saindo. – A mão dele... Acho que quebrou. Por favor...
- Primeiro ele se acalma. Depois entra para ver o ferimento. Pessoas doentes estão aqui. É um ambiente de silêncio.
- Perdemos alguém importante há pouco tempo – explicou Daniel – É... Complicado.
- Acalme-o e ele volta... Só isso. – O homem pediu, mais brando.
Eles saíram. Não havia muito movimento ali fora. Creio que já era madrugada. Ben sentou no cordão da calçada, colocando a cabeça entre os joelhos e chorando... Alto, com dor, com sentimento... Feito uma criança.
Como eu queria poder gritar e botar para fora tudo que eu sentia naquele momento. Eu também tinha vontade de berrar, brigar com Deus, culpá-lo pela dor que eu sentia.
Mas não saía nada. Ben precisava de mim. Fui até ele e agachei-me, abraçando-o por trás de seu corpo, pelas costas.
- Por que dói tanto, porra? Eu nunca senti isso antes... Como se tivessem arrancando um pedaço de mim. – A voz quase não saía.
Daniel se afastou de nós, ficando. As mãos dele estavam no bolso e ali permaneceram. Ele não esboçou nenhuma reação. Ficou mudo, como se não estivesse acreditando que aquilo realmente estava acontecendo.
- Não é justo, porra! – Ben gritou.
Percebi o sangue jorrando da mão dele e retirei a bandana do Bon Jovi da cabeça, enrolando por toda a mão, tentando estancar o sangue que caía pela roupa dele e no chão.
- Chora, grita... Faz tudo isso. Ainda assim, não vai passar. Vai continuar doendo. Para sempre – Falei, certa do que dizia – Vamos nos acostumar a viver sem ela, mas a saudade será eterna.
- Eu não vou me conformar nunca... Ela deixou Maria Lua... O bebê que tanto queria... Os dias serão cinzas para sempre, Babi?
Sentei ao lado dele e peguei sua mão, apertando:
- Não serão cinzas... Porque ela nos deixou o seu raio de sol.
- O “nosso” raio de sol. – Daniel veio até nós.
Percebi os olhos dele avermelhados.
- O nosso raio de sol. – Confirmei.
- Eu... Vou providenciar tudo para o funeral. – Ele avisou, saindo dali.
Sim, eu nem havia lembrado que era necessário providenciar aquilo ainda. Estava confusa, sem ação...
- Você estava com ela... – Ben me olhou.
- Sim... Mas fui retirada antes. Vi Maria Lua nascer. E logo em seguida... Salma se foi. Fizeram o possível, eu tenho certeza.
- Como você... Consegue ser tão forte? – Me encarou.
- Eu não sou... Não sou. – Falei, confusa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas
Bom diaa cadê o capítulo 97...
Gostaria de saber o nome do escritor tbm, muito bom o livro, né acabei de rir e de chorar tbm.lindooooo!!!...
Gostaria de saber o nome do escritor(a), pois a leitura foi interessante, contagiante e bem diferente. Seria interessante procurar outras obras do autor....
Por que pula do 237 para o 241 ?...