Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 172

- Me larga, porra... Agora. – Ele gritou, enquanto eu seguia segurando sua camiseta.

As mãos dele retiraram meus braços com força, rasgando a camisa por completo, como se aquele tecido fosse o que eu tinha de mais importante naquele momento.

Ben olhou para a roupa rasgada e depois para mim. Os olhos dele escorriam lágrimas. Balançou a cabeça e foi para a parede, dando socos contínuos, ecoando pelo corredor, soltando um grunhido de dor, feito um animal ferido, até o sangue misturar-se à tinta branca que cobria o concreto.

Daniel veio até nós, já sabendo o que tinha acontecido, mesmo que ninguém tivesse lhe contado. Tentou tirar Ben dali, enquanto todas as pessoas se voltam a nós. Mas era inútil tentar tocá-lo.

Ben ficou forte como uma rocha e seguiu, até não ter mais forças. Dois seguranças chegaram em seguida e o retiraram, sendo seguidos por mim e Daniel, até a porta da rua.

- Acalme-se ou chamaremos a Polícia. – Um deles ameaçou.

- Precisamos de ajuda... – falei, a voz quase não saindo. – A mão dele... Acho que quebrou. Por favor...

- Primeiro ele se acalma. Depois entra para ver o ferimento. Pessoas doentes estão aqui. É um ambiente de silêncio.

- Perdemos alguém importante há pouco tempo – explicou Daniel – É... Complicado.

- Acalme-o e ele volta... Só isso. – O homem pediu, mais brando.

Eles saíram. Não havia muito movimento ali fora. Creio que já era madrugada. Ben sentou no cordão da calçada, colocando a cabeça entre os joelhos e chorando... Alto, com dor, com sentimento... Feito uma criança.

Como eu queria poder gritar e botar para fora tudo que eu sentia naquele momento. Eu também tinha vontade de berrar, brigar com Deus, culpá-lo pela dor que eu sentia.

Mas não saía nada. Ben precisava de mim. Fui até ele e agachei-me, abraçando-o por trás de seu corpo, pelas costas.

- Por que dói tanto, porra? Eu nunca senti isso antes... Como se tivessem arrancando um pedaço de mim. – A voz quase não saía.

Daniel se afastou de nós, ficando. As mãos dele estavam no bolso e ali permaneceram. Ele não esboçou nenhuma reação. Ficou mudo, como se não estivesse acreditando que aquilo realmente estava acontecendo.

- Não é justo, porra! – Ben gritou.

Percebi o sangue jorrando da mão dele e retirei a bandana do Bon Jovi da cabeça, enrolando por toda a mão, tentando estancar o sangue que caía pela roupa dele e no chão.

- Chora, grita... Faz tudo isso. Ainda assim, não vai passar. Vai continuar doendo. Para sempre – Falei, certa do que dizia – Vamos nos acostumar a viver sem ela, mas a saudade será eterna.

- Eu não vou me conformar nunca... Ela deixou Maria Lua... O bebê que tanto queria... Os dias serão cinzas para sempre, Babi?

Sentei ao lado dele e peguei sua mão, apertando:

- Não serão cinzas... Porque ela nos deixou o seu raio de sol.

- O “nosso” raio de sol. – Daniel veio até nós.

Percebi os olhos dele avermelhados.

- O nosso raio de sol. – Confirmei.

- Eu... Vou providenciar tudo para o funeral. – Ele avisou, saindo dali.

Sim, eu nem havia lembrado que era necessário providenciar aquilo ainda. Estava confusa, sem ação...

- Você estava com ela... – Ben me olhou.

- Sim... Mas fui retirada antes. Vi Maria Lua nascer. E logo em seguida... Salma se foi. Fizeram o possível, eu tenho certeza.

- Como você... Consegue ser tão forte? – Me encarou.

- Eu não sou... Não sou. – Falei, confusa.

- Ela... Disse algo?

- Pediu que eu cuidasse de Maria Lua. A pediatra disse que ela já havia mencionado antes de eu chegar na sala que queria que a menina ficasse comigo.

- Você não vai me afastar da bebê, não é mesmo? – Pergunto, com a voz fraca.

- Não... Nunca faria isso.

- Eu não consigo acreditar que isso está acontecendo, Babi. Parece um pesadelo.

- Ela me disse mais uma coisa, Ben.

Ele me encarou novamente, as lágrimas parecendo jorrar de seus olhos:

- O quê?

- Revelou o nome do pai da bebê?

- Quem é?

- Ela disse... Que é Heitor.

Ele ficou em silêncio por um longo tempo. Depois limpou as lágrimas e riu:

- Não. Ela deve ter se enganado.

- Não, ela não se enganou. Eu ouvi claramente. E antes disso me pediu perdão.

- Mas... Heitor a ama, Babi. Eu não tenho dúvidas disso. Certamente foi antes de ele conhecer você. Claro que foi antes... Ela descobriu a gravidez logo depois que vocês dois se conheceram.

- Eu lembrei que ela sempre fugiu da presença dele.

- Não tem nada a ver com você, Babi.

- Ele dormiu com a minha melhor amiga. O desclassificado transou com Salma, Ben. Eu não vou perdoá-lo... Nunca. E se ela contou a verdade a ele, que não quis assumir?

- Lembro claramente que ela garantiu que não tinha contado e que jamais contaria. No início disse que sim, mas depois mudou de ideia.

- Meu Deus... Ela disse que ficaríamos ricos. – Me recordei.

- E depois, sabendo que vocês dois se apaixonaram, certamente voltou a atrás e quis mudar de ideia. Mas era tarde demais, porque Maria Lua já estava na barriga dela. Thor não tem culpa.

- Não tem culpa de dormir com ela? – eu ri, ironicamente. – Um canalha, que deve ter dormido com todas as dançarinas da boate. Pra mim esta história morreu.

- Vai esconder dele também? Acha justo?

- Ela não ia contar. Já havia garantido isso. Vou realizar o desejo dela: cuidar de Maria Lua e não contar a Heitor. Quero ele longe da criança.

Lembrei das palavras dela, me olhando no fundo dos olhos: “Precisa fazer com que ele saiba...”

- Se ele souber, vai tirá-la de nós, Babi – Bem disse, pensativo, olhando ao longe - Não vai deixar a filha aos cuidados da mãe da menina. Ele tem direitos sobre Maria Lua. E não podemos ficar sem nossa bebê. Ela é tudo que nos resta de Salma. Ela pediu que você fizesse isso por ela. E não vou deixá-la sozinha, Babi... Nunca.

- Eu sei disto. Morro, mas não entrego nossa filha... Juro.

- Ele nunca pode saber... Ou estamos fodidos.

- Não se preocupe. Ele não saberá. É um segredo... Só nosso. E não vou procurá-lo. E caso ele o faça, o afastarei definitivamente.

- Venha, Ben. O médico vai atender você. – Daniel disse. – Precisamos que olhem sua mão. Está feia e sangrando bastante.

Levantamos eu e Ben. Nossas mãos se enlaçaram e andamos em direção à porta do hospital, mais cúmplices do que nunca. Jamais alguém saberia do nosso segredo.

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