Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 173

Ben foi atendido, medicado, teve a mão enfaixada e levado para casa, por Daniel. Embora quisesse ficar comigo, não permiti. Ele precisava dormir e descansar. Estava muito abalado emocionalmente.

Se eu estava abalada? Deus, estava completamente destruída por dentro. Mas sabia como lidar com perdas, com dores horríveis que pareciam não ter fim e com um corpo que mal conseguia parar em pé. Eu era expert em rasteiras da vida.

Fiquei observando Maria Lua pelo vidro até minhas pernas não suportarem mais o peso do meu corpo. Então fui até a sala de recepção da Maternidade e sente, recostando a cabeça para trás e fechando meus olhos.

Eu pensava em tantas coisas ao mesmo tempo que não conseguia focar em uma só. Aqueles olhos verdes sensuais ficavam passeando pela minha mente, quase me enlouquecendo. Eu não queria, mas conseguia ver Salma e Heitor na cama, transando. As mãos dele, quentes, passando pelo corpo dela, ansiosas. Podia ouvir os gemidos da minha amiga sob o corpo dele, enquanto sentia seu gozo quente escorrendo por sua intimidade.

Levantei bruscamente, abrindo os olhos, sentindo uma dor forte no centro da cabeça. Peguei um analgésico na bolsa e olhei pela janela. O dia já estava amanhecendo. Acho que aquela foi a noite mais longa da minha vida. E eu não sentia sono. Tinha a impressão de que se saísse dali, de perto da bebê, alguém poderia roubá-la de mim.

Peguei meu celular e a tela se iluminou com 20 chamadas não atendidas de Heitor. Senti meu coração imediatamente disparar e um nó na garganta. A vontade era ligar, ouvir a voz dele, sair correndo e cair nos seus braços, chorando cada lágrima que estava guardada dentro de mim.

Chorar nos seus braços e dizer: “Ei, desclassificado, a mãe da sua filha morreu. Quem sabe cuidamos dela juntos agora?”

Deus, você existe? Que porra tanto o veneram quando És, na verdade, uma divindade tão vingativa é má?

Enquanto eu abria a bolsa para guardar o celular novamente, a tela iluminou-se com o nome “desclassificado mor” escrito.

Eu deveria guardar de volta o celular e esquecer para sempre. Mas não antes de exigir que aquele safado, ordinário, nunca mais me procurasse. Que fosse foder com a vida de outras dançarinas da Babilônia.

- O que você quer? – fui enfática, não conseguindo esconder toda a raiva que sentia.

- Boa noite, Bárbara. Ou seria... Bom dia? – a voz tinha sotaque carregado. E não era do desclassificado mor.

Olhei novamente para o visor, para me certificar de que realmente era o nome dele escrito ali. E era.

Enruguei a testa:

- Quem é?

- Não reconhece minha voz? – ouvi a risada abafada do outro lado da linha, entre várias vozes, numa ligação confusa, cheia de barulho ao fundo.

- Isso... É brincadeira?

- Vou dar uma dica: Thank you for loving me

When i couldn’t fly

Oh, you gave me wings

You parted my lips

When i couldn’t fly

Thank you for loving me

Thank you for loving me

Thank you for loving me

Oh, for loving me.

Então as lágrimas escorreram, grossas, cheias de um sentimento que não decifrei, simplesmente senti.

- Thank you, for loving me. – falei, com a voz embargada. – Eu amo você.

A risada foi inconfundível agora e eu conseguia imaginá-la do outro lado, com seus lábios grossos, os dentes perfeitos, o rosto se emoldurando perfeitamente.

- O que achou do show? – perguntou – Devo saber diretamente da boca da minha maior fã em Noriah Norte.

- Eu... Eu... – a voz não saiu e eu não sabia se era pela emoção do momento ou a incapacidade de confessar que não vi.

Novamente a risada que por tantos anos me deixava zonza e sonhadora, abalando meus sonhos mais íntimos e impossíveis.

- Tudo bem, não vou exigir tanto assim de você. Vou passar o telefone para alguém que quer ansiosamente ouvir a sua voz.

Meu coração disparou ainda mais.

- Quanto tempo, “desclassificada”. – Ouvi a voz que certamente me abalou mais que a de John Bon Jovi.

- Oi...

Oi, seu desclassificado. Eu estou com tanto ódio de você, que poderia matá-lo. Que porra você fez agora? Por que faz tudo, exatamente TUDO errado na vida? Você destruiu tudo que podia existir entre nós. Teve uma filha com a minha melhor amiga. Jamais vou conseguir olhar nos seus olhos sem sentir raiva por tudo que aconteceu.

- Eu... Soube que você voltou. Quis fazer uma surpresa durante o show, mas você simplesmente sumiu. Não consegui encontrá-la lá. Onde foi que se meteu? Bon Jovi e os demais integrantes da banda estão aqui na Babilônia. Fechamos a casa hoje. Mas falta você...

- Eu... Não posso. – levantei e fui com o fone no ouvido, até o berçário, observando Maria Lua adormecida, feito um anjo.

- Como assim não pode? Está brincando? Tem noção de tudo que eu fiz para trazê-lo até aqui? Acha que fiz isso por qual motivo, a não ser você?

- Obrigada, Heitor – a voz ficou nitidamente embargada e não consegui conter o gemido saído junto com as lágrimas. – Eu agradeço pelo que fez. Mas peço que não me procure mais, ok? Esqueça que um dia nos conhecemos.

- Você bebeu, Bárbara? Usou drogas, é isso?

- Não fui clara o suficiente?

- Clara como água. Vou esperar você se curar da bebedeira e nos falamos. Quer que eu mande buscá-la onde está? Posso ficar ao seu lado durante a bebedeira, cuidando para que não faça mais besteiras... E estarei com você na ressaca, quando passar.

- Que parte você não entendeu, Heitor?

A chamada foi desligada por parte dele e eu fiquei ali, com o celular na mão, completamente aturdida. Olhei para aquele bebê que ocupava todo espaço que tinha dentro do meu coração.

Sabia que a possibilidade de eu ser mãe era mínima depois do procedimento de retirada da endometriose dos órgãos internos. Eu me peguei perguntando se Deus existia. Em meio às lágrimas, eu dei um sorriso de descoberta:

- Deus, claro que Você existe e está aqui, fazendo tudo acontecer. Você me deu este anjo, para que eu não sinta a dor de não pode ser mãe. E me deu a oportunidade de falar com Bon Jovi, mesmo eu não tendo podido estar no show – limpei as lágrimas teimosas – Heitor, seu desclassificado, a sua filha é o que eu tenho de mais importante na vida. O que sinto por ela é indescritível. Sou capaz de matar e morrer por ela.

Ben chegou depois do almoço. Trouxe consigo um buquê de rosas vermelhas, quase maior do que ele. Daniel veio junto.

Ele me entregou as flores:

- Obrigada. – falei.

- Não são minhas – ele disse seriamente – Sua cara está péssima. Você se alimentou?

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