Sem bolsa, dinheiro, celular, cartão de crédito que nem cheguei a usar e com minha dignidade e auto estima na sola do pé, caminhei por 45 minutos até chegar em casa.
Nem sei como subi as escadas, pois dava um passo para frente e dois para trás, tentando me jogar degrau abaixo, na esperança de morrer numa queda de menos de um metro.
Abri a porta e caí no sofá. Salma ainda estava com uma cara péssima e pálida. Ben não sabia o que era mau humor, tristeza ou depressão. A cara dele era sempre de alegria e mesmo quando o pior acontecia, ele ria de si mesmo e seguia como se nada tivesse acontecido. Quem dera eu tivesse um pingo da autoconfiança dele.
Eles estavam tomando café da manhã. Salma ainda usava roupão, como se o não tivesse passado a noite para ela.
- E então, como foi? Ele fez oral? – Ben perguntou.
- Você gozou? – Salma arregalou os olhos, curiosa.
- Precisou de colherinha? – Ben levantou.
- Gozei... Talvez uma cinco vezes... Gozei como nunca tinha gozado antes. – falei.
- Jura? Ah, estou tão feliz... – Ben bateu palmas e deu pulinhos histéricos.
- Mas isso teve um preço... Bem alto.
Ben e Salma se entreolharam, confusos.
- Como assim? – Salma perguntou. – Você... Teve que pagar o boy?
- Ele não me pediu. Pegou o preço que achava que valia. – expliquei.
- O quê? Não estou entendendo nada. – Ben sentou ao meu lado, trazendo uma xícara de café puro sem açúcar com ele, me dando um gole.
- Eu fui roubada, meus amigos... O desclassificado simplesmente levou a minha bolsa com tudo que tinha dentro. Detalhe: eu sou um pobre coitada que não tem um vintém... Então ele roubou o que minha vó me deixou ontem... Por dó desta pessoa que só sofre ao gastar a sola dos pés atrás de emprego... Eu tenho certeza que quando minha mãe me teve, saiu o pé esquerdo antes do resto tudo... Só pode. Pé esquerdo, cabeça... E o pé direito foi o último.
Ben largou o café e levantou.
- Como assim? O desgraçado recebeu duas vezes? – Salma veio até nós.
- Duas vezes? Não... Eu não paguei. Ele me roubou e ponto.
- Você... Procurou a bolsa por todos os lugares? – Ben perguntou, aturdido.
- Ben, era um motel, não uma casa. Tinha uma cama, duas mesinhas de cada lado, uma TV e um aparador. Procurei até no frigobar... Debaixo da cama. Até que liguei e o recepcionista confirmou que ele foi embora...
- Levando sua bolsa? – ele arqueou a sobrancelha.
- Está brincando comigo! – levantei, furiosa. – Quantas vezes vou ter que repetir que o safado desclassificado me roubou?
- Não pode ser... – Salma balançou a cabeça.
- Nem sei o que faço... Era tudo que eu tinha... E o pior: meu celular e o cartão que Sebastian me deu com um emprego quase certo. Agora digam: Deus existe?
- Eu acho que Deus não se mete em Motel, meu amor. – Ben tentou me abraçar.
- Ah, me erra, Ben. Ele também não se mete com drogados, violentos, que acabam com a vida de mulheres?
- Ele levou Jardel. – Salma levantou os ombros, tentando me consolar.
- Não foi Deus... Foi o próprio diabo que buscou aquele demônio.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas
Bom diaa cadê o capítulo 97...
Gostaria de saber o nome do escritor tbm, muito bom o livro, né acabei de rir e de chorar tbm.lindooooo!!!...
Gostaria de saber o nome do escritor(a), pois a leitura foi interessante, contagiante e bem diferente. Seria interessante procurar outras obras do autor....
Por que pula do 237 para o 241 ?...