Assim que chegamos em frente ao apartamento, ele disse, me fitando, os olhos ardendo como fogo:
- Posso descer? – Tocou minha perna, deslizando a mão pela parte interna, sob o tecido grosso da calça que ficava completamente estranha e não se adaptava ao meu corpo.
- Eu gostaria muito. Mas não agora... Nem hoje. – Olhei-o com firmeza.
Será que eu deveria contar agora de uma vez? Parecia que nunca era uma boa hora para revelar a Heitor Casanova que ele era pai de uma linda menina de quatro meses, sem sequer saber como a pequena foi concebida.
Eu poderia ser julgada como egoísta ou egocêntrica, por não revelar naquele momento, ou naquela noite pelo fato de tudo estar indo tão bem entre nós de uma maneira que nunca aconteceu antes. Eu sabia que ele precisava saber, mas poderíamos e merecíamos pelo menos alguns dias de paz e amor. Porque apesar de tudo, eu não sabia qual seria a reação dele, já prevendo de início que a negação haveria de uma forma ou de outra. Entre mostrar o diário e as várias partes que ele era mencionado, muito tempo seria necessário para ele processar tudo.
Melhor seguir com o plano: segunda-feira, com tempo, a noite toda para me justificar por algo que eu não tinha feito, tentando fazê-lo entender que, independente do que houve, Maria Lua era sangue do seu sangue.
- Então hoje à noite? – Ele insistiu.
- Eu estarei muito ocupada.
- Com seu emprego de babá? – falou em tom de deboche.
- Sim, com meu emprego de babá. – Senti-me de certa forma ofendida.
- Uma mulher com um futuro brilhante pela frente, podendo trabalhar na North B. e ser reconhecida por seu talento, prefere ficar cuidando de crianças que nem suas são?
- Ela é minha. – Falei, séria, sentindo meu peito arder.
- Eu não quero que esta noite acabe aqui, Bárbara.
- Heitor, por favor... Só não hoje.
- Você vai fugir de novo, Bárbara? – Mirou meus olhos de forma séria, o maxilar tremendo levemente.
- Não! Eu nunca mais vou fugir. Não importa o que mais possa acontecer, ainda assim estarei junto de você, ao seu lado. Mesmo que não queira a minha presença.
- Nunca chegará o dia em que eu recusarei sua presença, Bárbara.
- Amo você. Nos falamos à noite... Eu ligo.
- Vou esperar. E quando nos vemos, então? Amanhã?
- Talvez domingo à noite ou na segunda-feira, no jantar que você vai preparar para mim, Ben e a pessoa que levarei para você conhecer.
Ele sorriu, arrumando meus cabelos para trás da orelha:
- Estou curioso.
Dei-lhe um beijo leve na boca, fazendo menção de sair. Não, eu não podia encerrar e despedir-me sem sentir a língua dele na minha, seu cheiro, seu toque no meu corpo. Voltei o rosto em direção a ele e o encarei:
- Beije-me, namorado.
O meio sorriso de canto de lábios veio junto do beijo voraz e avassalador. Aquele homem fez curso de beijo de língua, certamente. Ou melhor, ele era o professor nesta parte. Eu já tinha 28 anos e parecia meu primeiro beijo cada vez que o sentia dentro da minha boca, sendo com amor, tesão ou os dois juntos.
Era um beijo que não deixava a mínima possibilidade de ficar sem lambuzar a calcinha. Se tivesse uma calcinha, claro.
Afastei-me, com dificuldade, indo, mas querendo ficar ali para sempre nos braços dele:
- A calcinha que ficou na sua casa... Vai para o lixo, junto com as demais? – Questionei.
Os lábios alargaram-se num sorriso maroto, daqueles me fazia precisar de colherinhas de todo o prédio e ainda assim continuar derretendo até não restar Bárbara Novaes nem para contar a história.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas
Bom diaa cadê o capítulo 97...
Gostaria de saber o nome do escritor tbm, muito bom o livro, né acabei de rir e de chorar tbm.lindooooo!!!...
Gostaria de saber o nome do escritor(a), pois a leitura foi interessante, contagiante e bem diferente. Seria interessante procurar outras obras do autor....
Por que pula do 237 para o 241 ?...