Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 4

Infelizmente minha vó não sabia de nada. E nem sei direito porque as duas eram tão afastadas e não se falavam, mesmo depois da morte de meu avô.

Mandy Novaes era financeiramente melhor que minha mãe. Mesmo com minhas crises de rebeldia tardias, pagou toda minha faculdade. E ajudou no meu primeiro emprego, já no Centro de Noriah Norte. Fui demitida porque Jardel entrou drogado no meu ambiente de trabalho e fez uma cena lamentável.

Enfim, a vida não era fácil para ninguém. Eu não acreditava que pudessem existir pessoas sem problemas.

Mal eu sabia que sim, existia... E logo eu conheceria. E que “eu” seria o único problema de alguém. Afinal, a gente não tem como prever o futuro. Porque se fosse assim, quando vi Jardel a primeira vez, teria sumido na mesma hora.

Seguir em frente eu já seguia. A questão é que eu não estava travada por conta de Jardel ou da perda. Pelo contrário; depois que fui ao enterro e voltei para casa, abri um espumante e fui com meus amigos comemorar no Hazard. Bebi até não aguentar mais e fui trazida para casa quase em coma alcóolico. Creio que tenha sido a melhor coisa que aconteceu na minha vida depois da minha formatura.

E não, eu não era uma pessoa má. Eu era boa até demais, afinal, estive com Jardel por oito anos. Ou seja, oito anos jogados no lixo. Quando ele se foi, para mim era como se a tampa da lixeira tivesse fechado. E eu livre.

Você deve estar se perguntando: onde entra o Bon Jovi nesta história toda? Bem, ele me ajudou o tempo todo ao longo da minha vida nada convencional. Como ele fez isso? Só pousando lindamente num pôster, que eu os colava pelas paredes, teto, camisetas... Quanto tudo dava errado, era o sorriso dele que me consolava. E as letras das músicas de amor fracassados me faziam delirar. Sem contar os shows que eu assistia da TV, que era como se estivesse lá com ele, no meio da multidão, gritando até ficar sem voz.

Ele me trazia boas lembranças... De uma vida feliz, de uma menina que não tinha nenhuma obrigação e que nem sabia o que eram problemas. Ele me lembrava felicidade... E minha mãe... Nós duas, deitadas na minha cama, rindo de bobagens... Enquanto a foto dele na parede nos encarava.

Todo mundo pensava: é só mais uma fã, daquelas fã-naticas. Começou aos onze anos, então a ideia era que passasse. O problema é que eu estava com 27... E não passou. Eu tinha até uma tatuagem em homenagem a ele. E sim, era a única.

Se me perguntassem hoje: qual seu sonho? Eu não pensaria duas vezes: conhecer o Bon Jovi. E foda-se a mulher dele. Eu o beijaria na boca. E depois o sequestraria.

Olhei para meus amigos e disse:

- Não quero falar sobre Jardel. Já enjoei.

- Como assim? Nem começamos. – Salma começou a rir.

- Mas eu encerrei. Um filme já passou pela minha cabeça. E ele conseguiu estar nas listas de “para chorar”, “para gritar”, “para rir”... Exceto para “fingir que estão vendo”.

- Ah, entra nesta lista sim, Babizinha. – Ben me olhou. – Você fingia que não via.

- Eu sempre vi, Ben... Tudo.

- Eu sei exatamente o que você precisa. – Salma levantou, me puxando do sofá e dos braços de Ben.

- Dinheiro, Bon Jovi e uma passagem para Dubai só de ida? – arqueei a sobrancelha.

- Não. Você precisa conhecer a Babilônia.

Gargalhei:

- Não tenho dinheiro nem para pagar o aluguel, amiga. Vocês vão ter que pagar para mim este mês.

- Eu vou colocar vocês para dentro.

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