Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 5

- Olá, Ana... Quanto tempo!

Senti o abraço apertado dela e retribuí. Eu gostava tanto de Ana. E senti sua falta ao longo destes dois anos.

- Entre... Por favor.

Ela se afastou e entrei, ficando de pé.

- Sempre sinta-se em casa aqui, Bárbara. Sabe o quanto eu a estimo.

- Obrigada. – Falei sentando.

- Vou fazer um café para nós.

- Não precisa... Eu já vou. Estou só de passagem. Tenho um compromisso logo em seguida. – Menti.

- Por favor... Me deixe lhe oferecer um café.

Assenti, sabendo que aquilo poderia ser importante para ela.

Ana foi para a cozinha. Certamente os meninos não estavam em casa, pois tinha muito silêncio naquela casa enorme.

Olhei as fotos penduradas na parede e porta-retratos na estante. Tudo tinha a imagem de Jardel... E algumas de nós dois juntos. Eu ainda estava dentro da casa dela, como recordação.

Vi meu sorriso estampado e nossos beijos em diferentes ângulos para fotos e fiquei me perguntando se eu fui feliz naqueles momentos, ao lado dele. Porque eu lembrava do detalhe de cada foto, onde havia sido tirada, o que aconteceu antes e depois.

Sim, talvez eu tenha sido feliz, porque eu o amei no início. Mas depois foi tudo tão ruim que eu creio que os tempos bons foram apagados da memória, junto como o amor que julguei sentir.

- Não precisava ter sido assim... – peguei a foto e observei sua imagem, com os olhos fixos nos meus e um sorriso alegre e travesso, daquele menino bem-humorado e engraçado que um dia esteve naquele corpo – A gente poderia ter dado certo.

- E teriam dado certo, Bárbara – disse Ana me trazendo uma xícara de café preto sem açúcar, como eu gostava – Se não fosse o adúltero do pai dele ter ido embora.

- Acha mesmo que isso foi a causa de tudo, Ana? – Perguntei seriamente.

- Eu... Acho que ali tudo começou.

- Fico me perguntando se realmente foi isso... Ou outra coisa. Afinal, ele sempre usou maconha.

- Mas ficou perturbado quando o pai partiu.

- No entanto nunca foi procurá-lo depois... Em momento algum. Ele gostava de aventuras... De desafios. Talvez a droga foi isso para ele.

- Foi trágico o fim do meu filho... – ela pegou a foto da minha mão – E eu tento sempre lembrar dele assim: saudável e feliz.

- Eu também. – Menti, pois os momentos ruins se sobressaíram e não sobrou nada de boas lembranças.

- Sei que ele lhe magoou e fez tanto mal... – ela pegou minha mão vazia, que não segurava a xícara – Mas ele a amou... Até o último suspiro. Você foi a única mulher da vida dele.

- Não... Não fui a única e sabemos disso.

- Ele não sabia mais o que fazia quando se envolveu com aquelas vagabundas drogadas. Ele sempre amou você, Bárbara. Sempre...

- E será que se amasse tanto, teria feito tudo que fez? – Perguntei em voz alta, mais para mim mesma.

- Não duvido do amor dele por você... Nunca duvidei. Ainda lembro da alegria dele quando a trouxe aqui pela primeira vez. Os olhos dele nunca brilharam tanto... O sorriso era tão sincero...

- Onde... Estão os meninos? – Perguntei, tentando mudar de assunto.

Embora eu estivesse na casa dele, não queria falar sobre o que houve. E talvez foi exatamente isso que me fez demorar tanto tempo para voltar ali e ver Ana, mesmo gostando dela. O medo de reviver tudo que eu tentei esquecer por dois longos anos.

- Saíram... Um para cada lado – Sorriu – São bons meninos, acredite.

- Eu não duvido. O que houve com Jardel não necessariamente vai acontecer com eles. Imagino como estão crescidos... E lindos.

- Sim... São tudo que me restou. Fiquei um pouco possessiva com eles – ela sorriu – Mas compreendem todo meu zelo.

- E Paulo?

- Paulo só participou do funeral. Depois voltou para aquela mulher e nunca mais soubemos dele nestes dois anos. Sequer procura os meninos.

- Talvez seja melhor assim, Ana. Não dá para implorar por amor ou tentar consertar algo que já está quebrado. Pode até colar... Mas jamais será igual.

- Eu demorei para perceber isso. Mas infelizmente não consegui perdoá-lo. Eu dei a ele tudo que uma esposa e uma mulher podem dar... Eu fiz o meu melhor. E ainda assim ele me deixou... Assim como abandonou os filhos.

- Sei que ainda dói... Mas creio que um dia vai passar... – apertei a mão dela carinhosamente – Nada dura para sempre... Muito menos a tristeza.

- Você... Já conheceu outra pessoa?

- Não. – Confessei.

- Por quê?

- Eu... Quero focar no trabalho... Fazer um curso de especialização...

- Você precisa seguir em frente – ela olhou nos meus olhos – Não há mal que dure para sempre... Como você mesma disse. Precisa se dar uma chance de conhecer alguém.

- Não é hora.

- Não pode ter medo, Bárbara. Nem todos os homens farão você sofrer. Você é jovem, linda... Uma mulher forte, batalhadora... Merece alguém especial... Que cuide de você... Que lhe dê todo o amor que merece, minha querida.

Coloquei a xícara de café sobre a mesa de centro e levantei:

- Eu... Só vim dar um abraço e ver como vocês estavam – sorri – Preciso ir.

- Eu gostaria que você ficasse mais tempo. Mas não vou obrigá-la.

Ver a imagem dele por todos os lados estava me sufocando, como se alguém estivesse apertando a minha garganta e me deixando sem ar.

Abracei ela com força:

- Eu desejo do fundo do meu coração que você seja muito feliz, Ana.

- Não há como ser feliz se perdi um pedaço de mim – ela disse no meu ouvido, com a voz fraca e eu imaginava que ela estava chorando – Vê-la me trouxe um pouco dele... De coisas boas.

- Eu... Preciso ir... – Enxuguei a lágrima que ameaçava cair do meu olho.

Abri a porta e respirei profundamente o ar da rua, tentando me restabelecer.

- Bárbara, eu já agradeci por tudo que você fez por meu filho?

- Não quero agradecimento, Ana.

- Jamais uma mulher faria o que você fez. Foi forte... Aguentou até o último minuto ao lado dele. E eu sei que você não tinha esta obrigação. Ele foi ruim... Ele foi cruel... E violento. E ainda assim você não o deixou. Porque sabia que aquele não era ele de verdade...

Não, não foi por isso que não o deixei. Fiquei por medo, por covardia, por impotência. No fim, eu não me importava mais sobre quem era o verdadeiro Jardel. Eu só torcia para aquilo acabar de uma vez... Do jeito que tivesse que ser. Mal ela sabia que eu comemorei a morte do filho dela. Mas sim... Apesar de tudo, eu fiquei até o último suspiro que ele deu... Porque ele não me deixou sair.

Somente sorri, fingindo que era tudo exatamente da forma como ela imaginava.

- Bárbara, eu quero que você seja muito feliz.

- Eu vou ser. – Falei esperançosa e positivamente.

- Por que eu acho que nunca mais nos veremos novamente? – Ela indagou.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas