Como odiar um CEO em 48 horas romance Capítulo 74

- Do que exatamente estamos falando?

- De Heitor Casanova.

- Salma...

- Babi, não se feche para os sentimentos. Nem todos são como Jardel.

- Salma, é Heitor Casanova. Ele mandou me prender, pichou nossa fachada, mandou o segurança me tirar forçada de dentro da Babilônia... E acaba de não acreditar em mim, com relação ao que aconteceu na seleção. E... Deus, eu o odiei tanto... E nunca quis um homem como ele.

- Você bebeu, entrou onde não podia, invadiu a privacidade dele, que é algo que ele sempre se preocupou. Estragou o carro novo dele. E sabe que vendeu o casaco só para incomodá-lo. Só que ele não se incomodou. Pelo contrário, foi lá e pegou o casaco de volta, mesmo não precisando. Você foi até a casa dele... Para provocar. Sabia que era a mansão dos Casanova. E acha que “ele” fez coisas detestáveis?

Abaixei a cabeça e depois de um tempo, disse:

- Eu não acredito em contos de fada, Salma.

- Não é um conto de fadas... Afinal de contas, o príncipe não mandaria prender a princesa... Tampouco pichar a fachada dela. Ele é um homem normal.

- Normal? Ele tem duas mulheres.

Ela riu:

- Seja a terceira.

- Não... Eu não faria isso.

- Temos visões diferentes e sempre foi assim. Mas Ben também acha que você deve dar uma chance a Heitor. Não porque ele é rico e o sonho de qualquer mulher normal. Mas porquê... Ele está realmente interessado em você.

- Eu... Não quero falar de Heitor. Quero falar... De Maria Lua. Me empresta dinheiro para eu comprar roupinhas para ela? Amanhã eu começo a trabalhar e teoricamente eu recebo em trinta dias. – Pisquei os olhos e juntei minhas mãos, quase implorando.

- Caralho, você vai quebrar meu cofrinho de novo? – ela olhou para a barriga. – Saiba que esta pessoa aqui, sua mamãe Babi, é uma extorquista cara de pau.

Não dormi bem naquela noite. O fato de não ir na nova seleção que Heitor faria me incomodava de alguma forma. Eu não estava fazendo nada errado em ir trabalhar com Sebastian. Eu podia escolher o que fosse melhor para mim. Mas o fato de eles não se darem bem me deixava receosa e insegura.

Heitor queria que eu participasse da nova seleção. Isso dava a entender que sim, ele me queria lá, trabalhando na empresa dele. Mas quando fiz a entrevista diretamente com ele, debochou de mim... Tentou me humilhar e disse claramente que eu não tinha capacidade para a vaga oferecida.

Eu só participei novamente da seleção por causa do pai dele, Allan, que, mesmo sob meu protesto, me colocou de novo no páreo. Sem ter trabalho ainda, claro que acabei aceitando. Além do que, o sonho de qualquer pessoa era poder estar dentro da North B.

Heitor me rejeitou na North B. Mas Sebastian também me rejeitou na Perrone e só voltou atrás porque a outra pessoa que ele contratou não deu certo. Eu era uma boa profissional, embora me ferrasse nas entrevistas. Sim, talvez eu falava demais. Sebastian pediu sinceridade e eu vomitei sinceridades na cara dele... E acho que no fim, ele não gostou. Nem sempre ser sincera é dizer o que as pessoas querem ouvir.

Poucos me deram uma chance de mostrar realmente o meu trabalho. E os que me deram, foram cravejados por uma mulher cheia de problemas pessoais, que mal dormia e não rendia durante o dia. Fora um namorado louco, que por vezes invadia os locais, fazendo com que eu desejasse ser tele transportada para outro planeta, tamanha vergonha que sentia.

Ironicamente as duas empresas ficavam uma de frente para outra. A única diferença é que a Perrone era menor e a produção era feita ali mesmo, embora a sede ficasse em outro país. Enquanto a North B., bem maior em questão de tamanho, só ficava com a parte comercial, sendo a produção em outra cidade.

Parei em frente a Perrone e olhei para o último andar da North B. Vi no relógio e faltava dez minutos para oito horas da manhã. Certamente Heitor já estava lá. E eu não tinha dúvidas de que ele participaria novamente da seleção dos candidatos.

Será que ele daria minha falta?

Deus, por que eu me preocupava se ele se importaria por eu não estar lá?

Por mais que eu tentasse não admitir para mim mesma, meu corpo e minha mente iriam para a Perrone. Mas meu coração estava na North B... Exatamente no último andar, junto de um CEO intragável, debochado e que tinha a boca mais perfeita do mundo inteiro.

Assim que cheguei na sala de Sebastian, ele já me esperava. Conversamos sobre como seria o meu trabalho e ele estava um pouco preocupado porque soube que a North B. iniciaria a fabricação de vinhos, entrando diretamente em concorrência com a Perrone. Eu estava certa: a “suposição” do produto para a seleção dos candidatos não era só uma suposição ao final. Era real e verdadeira.

Foda-se. Heitor não quis acreditar em mim.

Falei com Sebastian sobre os rótulos personalizados e juntos, chegamos a ideia de fazer cestas com vinhos de rótulos personalizados, acompanhados de outros produtos que eram servidos para que o vinho tivesse ainda mais sabor.

Se não bastasse, ele explicou que na Matriz também era produzido e vendido sucos de uva naturais, sem conservantes. Achei que vender o produto em Noriah Norte seria bom. E era algo que a North B. não tinha. Afinal, os sucos dele eram todos industrializados.

- Pelo visto não contratei só uma profissional de Marketing e Propaganda. Mas posso estar vendo uma futura CEO ao meu lado.

- Eu tinha dito para você me dar a oportunidade... E você não me escutou. Eu tenho muitas ideias... Só que as vezes falo tanto antes que quando vou chegar nesta parte, já desistiram de mim.

Ele riu e deixou o corpo cair para trás na cadeira, me encarando:

- Quero você numa sala... Neste andar, próximo de mim.

Arregalei os olhos:

- Como assim?

- Isso mesmo que você ouviu.

- Por... Qual motivo?

- Vamos nos dar bem, Babi.

- Sim... Mas ainda assim ninguém subiu tão rápido ao andar do CEO, com uma manhã trocando ideias.

- A empresa é minha. Faço o que eu quiser e deixo subir quem eu achar que merece.

- E o que vou ter que dar em troca? Porque você já disse que não me quer. E não que eu queira... Quer dizer... Eu não acredito em bondades do nada, sem um preço. Semanas atrás você me negou um trabalho. Agora me coloca a par de tudo da sua empresa e diz que eu vou ter uma sala no seu andar? Eu já fiz meu trabalho... Falei sobre os rótulos, pensamos juntos nas cestas... Prefiro ficar na área do Marketing, planejando o próximo produto, quando ele estiver por vir.

- Babi, Babi... – ele girou a cadeira de um lado para o outro, me observando atentamente. - Você é uma mulher difícil... Muito difícil.

- Aqui não sou uma mulher... Sou só sua funcionária. E assim vamos seguir, senhor Perrone.

Ele levantou as mãos:

- Sem objeções, senhorita Novaes. Em que mais posso ajudá-la, além de lhe oferecer um almoço comigo?

- Nada. E não vou almoçar com você porque vão achar que consegui o emprego porque dormi com o CEO. Almoços só depois que todos me conhecerem e souberem que sou uma mulher decente. E que fui contratada por minha capacidade e profissionalismo e não porque “dei” para o meu chefe.

- Algo mais que eu precise saber sobre a minha nova funcionária?

- Sim... Eu detesto mentiras. E se você estiver escondendo algo de mim, eu vou descobrir.

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