- Olhe a minha cabecinha linda. Sabe quanto custou para eu ter este rostinho e estes cabelos? Acha mesmo que vou deixar você esfolar minha pele de seda no asfalto?
- Deixa de ser molenga, Ben. E reclamão. Vamos lá.
- Bárbara Novaes, eu estou com medo, linda. E temo pela minha vida.
Enquanto eu tentava convencer Ben a andar comigo, um Maserati prata estacionou ao nosso lado. O vidro se abriu e Heitor, retirando os óculos de sol, daquela forma tipo filme, disse:
- Quer dar uma volta de Maserati, desclassificada?
Sim, eu quero. Oi, estou morrendo de saudades. Onde esteve a minha vida inteira, Heitor Casanova? Eu, no Maserati? Podemos fazer sexo no banco de trás? Oi, gostosão... Já disse que estou apaixonada por você?
Incrivelmente nada saiu... E o ar começou a faltar nos meus pulmões.
- Embora ela não tenha dito, eu posso apostar que ela quer sim, Thorzinho. – Ben respondeu no meu lugar.
- E então, desclassificada? – ele piscou, sorrindo.
- Eu... Vou. Mas primeiro você anda comigo na moto.
- Eu? Na moto? – ele olhou seriamente. – Eu nunca andei numa moto.
- Como assim? Veja que coincidência... E eu nunca andei num Maserati. Que tal provarmos os dois, hoje?
- Isso é seguro? – ele perguntou.
- Tanto quanto andar de Bungee jumping. – Ben respondeu. – E com Babi na direção... Bem, você deve ter um bom seguro de vida, não é mesmo? Então não tem problema, creio eu. Aliás, quer colocar o seguro no meu nome antes de subir na carona?
Heitor me analisou minuciosamente, com o carro ainda ligado.
- Confesso que sentar atrás de você me deixa muito, mas muito excitado. Então vou aceitar... Mas somente por este motivo. – riu, saindo para estacionar o carro.
- Então, Babi, conseguiu alguém que quer imensamente sentar atrás de você. Posso apostar que vai ser uma experiência inesquecível. Começam na moto, terminam naquela máquina que é o carro dele.
Heitor parou ao meu lado:
- Você sabe dirigir isso?
- Eu já dirigi umas vezes. – menti.
- Deus... Me proteja. Onde estão os capacetes?
- Capacetes? Para que? Existe emoção melhor que cair de moto e quebrar a cara? – Ben ironizou.
Heitor tirou do bolso um molho de chaves:
- Já guiou um Maserati, Ben?
- Eu? – ele botou a mão no coração. – Só uma bicicleta. Mas... Eu tenho habilitação. Posso lhe mostrar.
- Não precisa. – ele jogou a chave para Ben. – Todo seu.
- Eu vou andar num Maserati? – Ben começou a pular. – Melhor, eu vou dirigir um Maserati?
- Eu quero dirigir depois. – Encarei Heitor.
- Claro, Bárbara. Se me trouxer vivo, exatamente neste lugar, eu não só lhe deixo dirigir, mas a presenteio com um Maserati.
- Isso é sério?
- É sério. Me traga vivo e ganha um Maserati.
- Com interior branco e vermelho?
- Como você quiser. A cor que escolher.
- Isso é uma aposta? – perguntei.
- Uma aposta. – confirmou.
- E se eu não trouxer você vivo... O que acontece?
- Bem, teoricamente estarei morto. – Ele arqueou a sobrancelha.
- Ah, mas se der qualquer coisa errada, ela tem que fazer algo que você queira, Thorzinho. – Ben cruzou os braços. – Mas sinceramente, esta parte eu não preciso escutar. Vou dirigir meu Maserati que eu ganho mais. – Ele saiu, olhando para o molho de chaves, incrédulo.
- Se você não me deixar aqui, exatamente neste lugar, vai comigo.
- Onde? – Perguntei.
- Num Motel... Pela noite inteira, até amanhecer.
Eu ri:
- Ok. Eu vou ganhar um Maserati. – falei, sentindo meu coração bater forte.
- Não, eu vou ganhar você... Por uma noite inteira. – Ele falou no meu ouvido e chupou o meu pescoço com força, certamente deixando uma marca já em seus primeiros minutos de chegada.
Fechei os olhos e estremeci completamente. O dia começava a dar lugar para a noite. Talvez eu quisesse perder a aposta. Porque Deus... Eu poderia querer mais Heitor Casanova do que um Maserati?
- Me aperta, Heitor... Quer dizer, segura firme que vamos partir.
- Claro que vou apertar você, Bárbara... Com toda a minha força... Mais do que esta calça que se ajusta ao seu corpo. E caso eu a retire durante o trajeto, não se preocupe... É meu desejo falando mais alto, incontrolavelmente.
- Se atreva, seu tarado desclassificado.
Ele riu e me apertou, entre os seios e o abdômen. Ok, aquilo era uma puta sacanagem. Eu estava até sem forças depois daquilo.
- Vai andar de moto de terno? – perguntei.
- Estou sem gravata... Já é um avanço.
- Tira o casaco. – Ordenei.
- Pra quê? Pretende vender ou trocar por alguma coisa?
- Quero que sinta toda a experiência do momento.
- Você é doida, Bárbara. – Ele tirou o casaco e jogou na calçada.
- Preparado? – perguntei.
- Para você? Nunca. – ele riu, me apertando contra seu corpo novamente.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Como odiar um CEO em 48 horas
Por que pula do 237 para o 241 ?...