A porta do quarto se fechou atrás de nós com um clique suave. Christian caminhou diretamente para o banheiro, desabotoando a camisa ensanguentada com movimentos bruscos. Eu o segui hesitante, ainda processando os eventos no jardim.
— Tire a camisa — disse, entrando no banheiro espaçoso onde ele já havia aberto o armário de primeiros socorros. — Preciso ver quanto dano ele causou.
Christian me lançou um olhar que misturava exaustão e uma teimosia quase infantil.
— Estou bem. É principalmente o sangue dele.
— Tire a camisa. — repeti, minha voz firme. — Agora.
Algo em meu tom deve ter deixado claro que eu não aceitaria discussão. Com um suspiro resignado, ele removeu completamente a camisa arruinada, revelando o torso que, mesmo naquelas circunstâncias, não deixava de ser impressionante. Contudo, minha atenção foi imediatamente atraída para uma mancha roxa que começava a se formar em suas costelas do lado direito.
— Apenas um hematoma — murmurou ele, notando meu olhar.
— E seu rosto — apontei para o corte na sobrancelha e o início de um hematoma na maçã do rosto. — Sente-se.
Para minha surpresa, ele obedeceu sem protestar, sentando-se na beirada da banheira. Peguei um pano limpo, molhei com água morna e comecei a limpar cuidadosamente o sangue de seu rosto. Trabalhamos em silêncio por alguns minutos, a intimidade do momento amplificada pelo pequeno espaço e pela vulnerabilidade recém-exposta.
— Antônio disse algo — comecei, enquanto aplicava um antisséptico leve no corte. — Ele disse que eu me parecia com Francesca. Quando ela era mais jovem.
Os músculos de Christian se tensionaram sob meus dedos.
— Não se parece.
— Mas ele disse...
— Ele disse para te provocar. — Christian interrompeu, sua voz mais gentil do que suas palavras.
Continuei o tratamento, tentando não me distrair com a proximidade ou com o calor que emanava de sua pele.
— Mesmo assim. Fiquei pensando... talvez haja algo. Alguma similaridade que tenha atraído você.
Christian pegou meu pulso, interrompendo meus movimentos. Seus olhos, intensos como sempre, fixaram-se nos meus.
— Há algo, sim — admitiu ele, para minha surpresa. — Um certo... fogo no olhar. Uma intensidade.
Senti meu coração acelerar ligeiramente, incerta se queria ouvir o resto.
— Mas é aí que qualquer semelhança termina. — Seus dedos afrouxaram o aperto em meu pulso, transformando-se em uma carícia leve. — Francesca usava esse fogo para destruir, para conquistar, para possuir. O seu é diferente.
— Diferente como? — A pergunta saiu quase como um sussurro.
— O seu constrói. Transforma. — Um sorriso raro tocou seus lábios, suavizando suas feições. — Um vestido arruinado vira uma obra de arte. Uma situação impossível se torna uma oportunidade. Pessoas ao seu redor se tornam versões melhores de si mesmas.
O elogio inesperado me pegou desprevenida, e senti o calor subir pelo meu pescoço.
— Não sabia que tinha tanta atenção a esses detalhes.
— Tenho prestado muita atenção — admitiu ele, sua voz baixando uma oitava, enviando um arrepio pela minha espinha. — Mais do que deveria, provavelmente.
A atmosfera no banheiro mudou sutilmente. O ar pareceu ficar mais denso, carregado com uma tensão que nada tinha a ver com a briga recente. Terminei de limpar o corte em sua sobrancelha, ciente de que minha respiração havia se tornado mais superficial.
— Você não deveria se meter em brigas — murmurei, tentando aliviar a tensão. — Não combina com sua imagem de CEO sofisticado.
— Eu me meteria em mil brigas por você.
As palavras simples, declaradas com uma certeza absoluta, fizeram meu coração saltar uma batida.
— Christian... — Sua mão subiu, tocando meu rosto com uma delicadeza que contrastava com a violência que havia demonstrado no jardim.
Tarde demais. A porta do banheiro se abriu, revelando Marco, com Anne logo atrás, uma expressão de "eu tentei avisar" em seu rosto.
Marco congelou ao ver a cena: Christian sem camisa, com hematomas visíveis e um corte na sobrancelha, eu claramente desalinhada, o kit de primeiros socorros aberto.
— Oh. — Marco piscou algumas vezes. — Vocês estavam... cuidando dos ferimentos.
O sorriso conhecedor de Anne me disse que ela não estava nem um pouco convencida. Seu olhar percorreu meu estado descomposto, e ela ergueu uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa que preferi ignorar.
— O que Giuseppe quer? — perguntou Christian, sua voz recuperando o tom profissional com impressionante rapidez, considerando onde estávamos há segundos atrás.
Marco olhou de Christian para mim e de volta, antes de soltar um suspiro exasperado.
— Temos um problema. — Ele cruzou os braços. — Na verdade, vários. E precisamos conversar.
A expressão em seu rosto deixou claro que os eventos no jardim haviam desencadeado consequências que iam muito além de hematomas e uma camisa arruinada.
— Nos dê cinco minutos — pediu Christian, seu tom não deixando espaço para discussão.
Quando ficamos sozinhos novamente, o momento mágico havia se dissipado, substituído pela realidade dos problemas à nossa frente. Christian pegou uma camisa limpa do armário, vestindo-a sem pressa.
— Christian... — comecei, sem saber exatamente o que queria dizer.
Ele se virou para mim, seu rosto uma máscara de controle novamente, mas seus olhos ainda mantinham um brilho diferente.
— Continuaremos isso depois — prometeu, sua voz baixa. — Quando não estivermos prestes a ser interrompidos.
Assenti, sentindo um frio repentino nos lugares onde seu corpo havia estado pressionado contra o meu apenas momentos antes. Enquanto o seguia para fora do banheiro, não pude evitar me perguntar o que ele teria dito – o que teria confessado – se Marco e Anne tivessem chegado apenas alguns segundos mais tarde.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Comprei um Gigolô e ele era um Bilionário (Kayla Sango )
Bom dia. Poderiam liberar 10 capítulos diários. É complicado ler assim, tipo conta gotas. Por isso muitos desistem dos livros e partem pra outros. Pensa nisso com carinho autora....
Poxa q triste, ficou chata demais a história, nas partes da Maitê eu nem gasto mais moedas, reviro os olhos sem perceber…. Li os dois primeiros livros duas vezes, mas essa Maitê dá ânsia...
Que descaso! Comprei as moedas está dizendo que o capítulo 508 está disponível, da erro qdo eu tento liberar e ainda computa as moedas....
Maitê foi um erro na vida de Marco...
Não faz sentido o que aconteceu com o Marco! Essa é a história dele, como assim?...
Cansativo demais. Só 2 capítulos por dia. Revoltante. Coloca logo um valor e entrega o livro completo. Só vou ler até minhas moedas acabarem. Qdo terminar não vou mais comprar. Desanimadora essa situação....
Está ficando cansativo demais, só está sendo liberado 1 ou 2 capítulos por dia (hoje só o capítulo 483)...afff... Ninguém merece.......
2 capítulos por dia, as vezes 1, é ridículo!!! Isso é claramente uma forma de arrecadar as moedas!! Quem sabe, calculem um valor para a história, e seus capítulos … cobrem e liberem!!! Quem quer ler vai pagar, essa forma de liberação só desestimula quem está lendo!!! Está pessimo, além , de opiniões pessoais sobre a obra!...
Estou gostando muito das estórias ….a única coisa é que cobra as moedas e não libera o capítulo …. Já perdi umas 30 moedas com essa situação !...
Que história mais vida louca... AMEI!!!...