Sabrina Becker
O despertador faz um estardalhaço no quarto e eu gemo... Desligo e suspiro…
Parece que eu nem dormi... Nessas horas eu me pergunto... Porque eu inventei de continuar trabalhando? Afinal o contrato 24/7 é tipo um trabalho.
Não era para eu estar tendo que acordar às sete para ir trabalhar hoje. Se não tivesse trabalho, tenho certeza que o mestre Paulo ia me deixar descansar.
Me espreguiço para testar os meus músculos e vejo que está tudo dolorido ainda. Mas sei que depois de um banho tudo vai melhorar.
Olho para a minha cama e não vejo ele dormindo ao meu lado. Quando adormeci ontem ele estava comigo.
Ponho a mão no lugar em que ele dorme e nem parece que ele dormiu ali. Está tudo tão liso e frio.
Me levanto com dificuldade e me encaminho para o banheiro.
Ontem ele foi tão carinhoso cuidando de mim... Me acordou para jantar, me alimentou com carinho. Me deu o remédio para tomar e depois me carregou da sala de jogos, para meu quarto.
Não quis deixar eu caminhar.
A sessão de ontem foi dolorosa... Não fisicamente... Se não tivesse ficado imóvel eu nem estaria sentindo nada hoje ... O mais doloroso foi as sensações despertadas em meu corpo e em minha mente. Me deixou esgotada a ponto de nem raciocinar direito.
Vocês podem me perguntar:
"Sabrina você tem seis anos de submissão como experiência. Vai me dizer que isso nunca foi tão intenso assim?"
Algumas vezes é intenso...
Quando há cumplicidade e afinidade entre o Dom e a sub, pode acontecer sim, mas não rapidamente como aconteceu com Paulo. Afinal estamos completando hoje quinze dias de contrato.
Outra coisa que foi diferente...
Nunca vi nenhum dos dominadores se satisfazerem por ver a sub gozar. A impressão que eu tinha é que quando mais eu gozava mais ele queria... Mas ele pedia... Suplicava... exigia.
Até já chorei em alguns orgasmos, também já desfalecir algumas vezes... Porque relações Bdsm são assim... Intensas…
Onde é tirado tudo de seu parceiro, até ele não ter nada para te dar naquele momento. Mas do jeito que foi? Nem se compara…
A única coisa que posso dizer é que foi especial! Na hora eu fiquei tão desesperada que achei que não fosse aguentar.
Ahhh vá... Eu sei que sou dramática! Nunca disse que não era…
Mesmo fazendo um drama danado, não pensei em pedir para terminar o jogo em nenhum momento. Porque sabia que, por mais II que fosse intenso, era gostoso vencer todas as etapas que ele botava no jogo.
Ele tirou tudo de mim ontem... Me deixando seca... Mas no final do jogo e por todos os momentos depois, ele me devolveu cada energia que me tirou... Com muito cuidado e carinho! Me premiando por ter sido uma boa menina.
Foi perfeito! E eu precisava compartilhar essa experiência com alguém. Conversar sobre isso... Já que pra mim foi meio que novidade…
Entro dentro do chuveiro e lavo tudo, inclusive o cabelo. Ontem ele secou ao natural, então para arrumar sem lavar, seria praticamente possível.
Passam pela minha mente os momentos que tivemos na banheiro. Lembro de tudo como se eu fosse um telespectador, e não o sujeito da cena. Minha mente ainda estava anuviada naquele momento.
Só sei que foi especial!!! E isso só faz com que eu fique mais envolvida do que já estou…
Senhor, eu estou muito fodida!
****
-Bom dia!
Ele me olha da mesa do café e sorri para mim. Já está sentado em seu lugar na mesa, mexendo no celular.
-Bom dia hanī, como se sente?
-Dolorida, mais bem... O mestre não dormiu comigo?
-Não, você precisava descansar…
-Bom dia Senhora! -Diz Zefa vindo com a jarra de café para por na minha xícara.
-Bom dia Zefa!
Me sento ao seu lado e ele captura minha mão e beija o dorso.
- Quer outro analgésico?
-Quero sim mestre... E suas costas?
-Ainda sinto dor, vou resolver isso hoje. Zefa pega o comprimido no armário para mim?
-Sim patrão.
- Quando vir do Internato descanse, não precisa ir ao hospital hoje.
Fico surpresa, já que ele me disse que fazia questão de que eu fosse para o hospital. Mas não falo nada, só concordo.
Zefa trás o analgésico e eu tomo com suco.
Tomamos o café em silêncio e ele volta falar.
- Está se sentindo bem para trabalhar?
-Sim mestre... Estou dolorida porque fiquei sem me mexer. Senhor, posso fazer uma pergunta?
-Sim …
-Quanto tempo levou a sessão ontem? Porque eu não me lembro direito do final... Eu desfaleci?
Ele sorri, limpa a boca com o guardanapo e diz:
-Sim... Algumas vezes, mais logo voltava. Você aguentou três horas de sessão…
-O quê?
Ele me olha comendo um pedaço de bolo.
-Isso que ouviu... Três horas …
-Nunca aconteceu de dar branco assim... Eu... Eu... Eu não vi o senhor gozar... -sussurro para que Zefa não ouça.
Ele continua comendo em silêncio, põe os talheres em cima da mesa e limpa a boca com a guardanapo, me olhando novamente.
-Já ouviu falar da teoria do catarse?!!
-Não…
-Aristóteles acreditava que este conceito purificava a alma. Ele achava que ao visualizar uma obra de arte, algo que realmente mexia com nossos medos, dramas, traumas e nossos preconceitos, nós expulsamos todas essas coisas ruins de dentro de nós. É como se o enfrentamento dessas emoções nos levasse à cura. É a mesma coisa que acontece quando nos envolvemos com uma música que mexe com nossas emoções e que nos dá prazer. Quando escutamos uma letra que tem a ver com o que passamos na vida, nos emocionamos. Não tem o ditado que "quem canta os males espanta?" - eu confirmo com a cabeça. - É você conectar suas emoções mais profundas e expulsá-las de si... É mais ou menos o que aconteceu com a sessão de ontem. Você se envolveu tanto com suas emoções e reações em seu corpo, com o prazer proporcionado que isso produziu uma catarse. Acredito que depois a sensação de purificação foi muito maior. Liberou endorfina pra dar e vender. Geralmente relações Bdsm são comuns esse tipo de coisa acontecer, já que as relações são intensas. Você nunca sentiu isso antes?
Eu sinto minhas bochechas avermelhadas, mas sou sincera.
- Não do jeito que foi ontem…
Ele se apoia na mesa e fala baixinho:


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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Doce Pecado
Cadê os capítulos...
A leitura não abre... Por quê???...
Cadê os capítulos...