Paulo Niko Sankyo
Chego na casa de meus pais, e D. Paula já está me esperando no portão. Eu sorrio e vou até ela me curvando.
-Konnichiwa mamã…
-Nada de "Konnichiwa mamã"...
Quero abraços e beijos…
Eu sorrio, vou até ela a abraço abraçando do chão e dou muitos beijos na sua preocupação. Eu amo essa pequena mulher com alma brasileira... Porque "mamã" só tem cara de japonês e os costumes. A amorosidade, a gentileza e o carinho é de uma brasileira nata.
-Como está meu Musuko…
-Estou bem mamã…
-Está comendo direitinho?
-Sim, com saudade da sua comida…
-A menina não sabe cozinhar? E Zefa não está fazendo o peixe que você gosta?
Eu reviro os olhos... Claro que meu pai ia falar da Sabrina para ela, e claro que a primeira coisa que ela ia perguntar é se eu estou me alimentando direito... Minha mãe tem verdadeira ligação por comida…
Desde que saí de casa, acho que a parte mais difícil para ela é abrir a mão de me alimentar. Por meses ela ficou cozinhando em dobro e mandando para mim no apartamento.
Só parou quando aceitei que Zefa fosse trabalhar comigo.
-Sabe sim mamã... E cozinha muito bem... Zefa está me mimando com minhas comidas favoritas. Tudo sob controle D. Paula... Só estava com saudade do seu tempero... Não posso?
-Claro que pode... Então vai gostar de saber que fiz Tonkatsu (costeletas de porco à milanesa)...
-Hummm... Que delícia mamãe...
-Sua menina sabe cozinhar nossa culinária?
-Não mamã, ela não tem nada a ver com o Japão.
-Mais uma boa esposa deve aprender o que é importante para seu marido.
-Mãe, só estamos juntos a poucos dias... Não sei se será esposa…
Eu a abraço e entramos juntos para sua casa... Meus pais moram numa casa com muitas cerejeiras, numa arquitetura que lembra muito as casas do Japão. Meu papai trouxe o Japão para o Brasil, quando se mudou para cá. Os móveis da casa lembram muito os que têm no Japão, além da casa ser toda aberta com divisórias de correr de madeira e vidro para todos os lados, tem o chão de madeira maciça.
A decoração é rústica com muitos móveis de palha, madeira escura e bambu.
Alguns móveis seguem a moda japonesa... Baixos... Muitos futons espalhados pela casa em tons de vermelho e creme. São usados para sentar nas mesas baixas.
A casa deles tem cheiro de laranjeira... Tem cheiro de lar... E toda vez que chego aqui é impossível não me sentir meio que entrando no meu aconchego.
-Quando a atraí para nos conhecer?
-Mãe, já falei…
-Às outras você trouxe filho... Porque está reticente em trazer essa?
Porque não quero envolver vocês ainda, se não tenho certeza se vai dar certo.
Não falo... Mas penso... Da outra vez eu vi tristeza nos olhos de minha mamã, quando disse que a última submissa não estava mais comigo…
Para pais como os meus... A felicidade completa está em casar e ter filhos. Pois segundo minha mãe, ninguém é feliz sozinho. Todos precisam criar sua própria família!
Eu discordo dela... Mais respeito sua opinião! Porque aprendi desde pequeno, que quando nossos pais falam algo para nós, deve ser seguido sem argumentar ou fazer cara feia. É seguido seus ancestrais, que viveram muito mais que nós, e têm mais experiência.
Eu não queria envolvê-los... Mas eu sabia que quando viesse visitá-los, eu não teria como escapar...
Então falo:
-Próximo domingo ela vem, ok?
-Então tá... Zefa me disse que ela quer aprender a fazer ikebana. Vou separar algumas flores para ensinar a ela.
O quê?
Eu não sabia disso…
-Então quer dizer que Zefa está mantendo Dona Paula imune?
Ela fica vermelha e diz:
-Não me chame de D. Paula, você sabe que não gosto…

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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Doce Pecado
Cadê os capítulos...
A leitura não abre... Por quê???...
Cadê os capítulos...